16/01/2020 as 18:18

FIM DOS TEMPOS?

2019 foi o segundo ano mais quente

As temperaturas crescentes contribuíram para os grandes incêndios que ainda permanecem na Austrália

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Não é a toa que as pessoas estão reclamando cada vez mais do intenso calor em várias cidades não só do Brasil, mas, do mundo. Em Orlando, na Flórida, por exemplo, o inverno que geralmente se perpetua entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro mais intensamente, ainda não passou por lá como de costume. Os turistas que prepararam malas de frio para o destino, ainda não sentiram a necessidade de usar as peças, porque os dias estão quentes na terra do Mickey Mouse. 

De acordo com dados do sistema Copernicus Climate Change Service, da União Europeia, divulgados no Folha de São Paulo, o ano de 2019 foi o segundo mais quente já registrado, perdendo apenas para 2016, que é o recordista até o momento. Conforme a agência intergovernamental apoiada pela União Europeia, há uma tendência ascendente incessante nas temperatudas à medida que as emissões de gases do efeito estufa retêm o calor na atmosfera e mudam o clima. 

Ontem, 15, agências americanas para o espaço e atmosfera e oceanos, como Nasa e a Noaa, respectivamente, também chegaram à mesma conclusão. 

 

“Os últimos cinco anos foram os cinco mais quentes já registrados; a última década foi a mais quente já registrada ”, afirmou Jean-Noël Thépaut, diretor de serviços da Copernicus, em comunicado. "Estes são indiscutivelmente sinais alarmantes."

O ano de 2019 registrou cerca de 0,6°C acima da média no período entre 1981 e 2010, informou a agência. Vários meses no ano passado tiveram temperaturas médias recordes, com julho sendo o mês mais quente de todos os tempos, com média de 0,04°C a mais do que em julho de 2016. O recordista de um ano inteiro ainda é 2016. As temperaturas naquele ano foram influenciadas por um forte El Niño, quando mudanças na temperatura do mar, pressão atmosférica e ventos no Pacífico equatorial levaram a variações de temperatura a curto prazo. Também houve um El Niño no ano passado, mas foi mais fraco do que em 2016.

A Europa teve o ano mais quente de todos os tempos, com todas as estações mais quentes que a média. O verão era incrivelmente quente, com ondas de calor em junho e novamente em julho. Registros de temperatura de um dia foram estabelecidos em Paris e outras cidades, e os reatores nucleares na França e na Alemanha foram forçados a reduzir a produção ou desligar porque a água usada para resfriamento ficou muito quente.

As regiões central e sudeste do Canadá estavam entre as poucas áreas que tinham temperaturas abaixo da média. O Ártico, que está esquentando mais rapidamente do que outras partes do mundo, experimentou condições extraordinárias no ano passado. Grandes extensões de águas, incluindo os mares de Chukchi, Barents e Kara, permaneceram sem gelo por muito mais tempo do que o habitual. E no final de julho o calor da Europa chegou ao norte, na Groenlândia, levando a um derretimento mais alto do que o normal da camada de gelo, que perdeu um total líquido de cerca de 300 bilhões de toneladas, acima da média de cerca de 240 bilhões de toneladas por ano nos últimos anos.

A análise de Copernicus depende muito da modelagem computacional. Análises de outras agências, incluindo a NASA e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, serão divulgadas ainda este mês e deverão ter resultados semelhantes.

|Fonte: Folha de São Paulo 

||Foto: Jadilson Simões