28/10/2019 as 08:59

Sergipe

No interior, dos mais de 500 cemitérios, apenas 4 possuem licença ambiental

O Dia de Finados promete visitação intensa e boa parte dos cemitérios municipais está abandonada e superlotada

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O Dia de Finados está chegando. No dia 2 de novembro, como é cultural do brasileiro, a movimentação nos cemitérios é intensa desde as primeiras horas da manhã. Muitas pessoas aproveitam a data para prestar homenagens aos seus entes queridos, com flores, velas e orações. Porém, na grande maioria dos cemitérios públicos municipais de Sergipe, o que poderia ser um momento de louvor, acaba sendo mais um desgaste emocional. Não somente pela dor da saudade, mas pelo completo abandono em que se encontram esses espaços que são administrados pelo poder municipal, além da superlotação.


Dos mais de 500 cemitérios espalhados pelos 74 municípios sergipanos, apenas quatro são licenciados, ou seja, possuem liberação do órgão ambiental do Governo do Estado para funcionamento, com o objetivo de minimizar os impactos ambientais provocados pelo material decomposto. De acordo com a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), os cemitérios licenciados são: um particular em Itabaiana; o crematório de Itaporanga; o que fica dentro do convento das irmãs Carmelitas, em Propriá; e outro em Lagarto, que está em processo final, apenas faltando a LI (Licença de Instalação).


Todos os anos, no Dia de Finados, o comerciante José Nivaldo dos Santos Filho, 60 anos, natural de Boquim, vai até o cemitério Nossa Senhora Santana para visitar o túmulo de seus pais. O boquinense lamenta ter que ver a situação deplorável do local onde os seus familiares estão enterrados. “Geralmente, eu vou com algum de meus filhos, e é tenso. A gente sempre vê muito entulho dentro do cemitério. Covas abandonadas. Lajes de sepulturas jogadas. Não tem segurança. Já vi pessoa torcendo o tornozelo por tropeçar em algo ou até mesmo se cortar em alguma coisa jogada”, conta.


José Nivaldo fala ainda do mau cheiro e da superlotação. “O fedor é, principalmente, por causa da grande quantidade de gatos abandonados. O pessoal joga lá, aí é a maior sujeira e ainda tem sarna. Sem contar que conseguir enterrar alguém neste cemitério público, é uma correria para ter um espaço. Começaram a construir gavetas, mas o prefeito parou. Não sei por que”, lamenta.


Para o comerciante, os gestores municipais só dão mesmo um pouco de atenção a situação caótica em que se encontram os cemitérios públicos, na semana que antecede o Dia de Finados. “Aqui mesmo em Boquim, o prefeito dá uma maquiada, pinta o trajeto todo, tira o mato e pronto. Mas, ele tem que ver que é muito mais que isso e não deveria fazer somente nesta data. É preciso voltar a construir as carneiras também”, reclama.
Em São Domingos, por exemplo, a situação dos cemitérios é ainda pior. Com pouco mais de 10 mil habitantes, a cidade vem passando por um problema social e até de saúde pública, fato já noticiado, recentemente, pelo JORNAL DA CIDADE. A população cresceu e os dois únicos cemitérios municipais há anos que não passam por uma reforma. As pessoas têm ficado à mercê da boa vontade de amigos para poder sepultar os mortos em covas emprestadas.

O próprio coveiro dos dois cemitérios públicos de São Domingos denunciou que, quando chega um corpo para ser enterrado, ele abre uma cova já existente, retira o caixão, depois coloca pra dentro só os ossos dos túmulos sem autorização mesmo, e coloca o novo caixão junto. “A cova é funda, são sete palmos e eu cavo sozinho. No mesmo lugar que eu tiro um, eu boto outro, e as carneiras também estão todas lotadas”, relata Gilvan de Afonso, que garante ser o único que trabalha com isso no município.

Outro morador, que preferiu não se identificar, denuncia que já viu, inclusive, restos mortais serem jogados no lixão. O JORNAL DA CIDADE, à época da reportagem, foi pessoalmente no lixão conferir a assombrosa informação, porém não encontrou nada, talvez porque o dia estava bem chuvoso e com pouca visibilidade. O fato também já foi pauta de cobrança na Câmara de Vereadores. Alguns poucos meses já se passaram e nada do prefeito de São Domingos, Pedro da Silva, se pronunciar sobre o caso, ou até mesmo, resolver logo a problemática.

Uma situação, no mínimo inusitada, que também demonstra o total abandono da prefeitura com os cemitérios públicos, aconteceu, no ano passado, no município de Moita Bonita, na região Agreste. O Cemitério Municipal São Vicente, no povoado Capunga, foi escolhido por um senhor para plantar amendoim. A assombrosa plantação ficava ao lado de covas e túmulos. A notícia chamou a atenção de muitos curiosos, que custavam a entender como alguém teria conseguido plantar em um local utilizado para o sepultamento de mortos. Moita Bonita é um dos 38 municípios de Sergipe produtores do amendoim verde cozido, que é exportado para várias regiões do país, e por causa disso virou patrimônio imaterial do Estado.

Embora muitas cidades vivam situações complicadas de superlotação e abandono, os cemitérios ainda se configuram como espaço de prestar homenagens e matar a saudade dos que já partiram. Em alguns municípios, já é possível ver serviços de poda, varrição, pintura e roçagem, porém outros ainda nem isso.

A expectativa é que no próximo final de semana, aumente o número de passageiros que utilizam o Terminal Rodoviário Governador Luiz Garcia, localizado no centro de Aracaju, e o Terminal Rodoviário José Rollemberg Leite, situado na Avenida Tancredo Neves da capital, ponto de partida e chegada dos seus destinos para o interior. Porém, o Governo do Estado informou que não haverá aumento da frota de ônibus intermunicipal.

|Texto: Redação Municípios

||Foto: Raphael Faria

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