07/12/2020 as 08:52

ITABAIANA

Irrigantes se reinventam na produção de quiabo para manter competitividade

Cultivo ocupa cerca de 45 hectares em perímetro irrigado de Itabaiana todo ano

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Por levar entre 60 e 80 dias para começar a produzir e permitir coletas semanais por até três meses, o quiabo é a plantação preferida de muitos agricultores que têm acesso à irrigação. Nos perímetros de irrigação pública do Governo do Estado com vocação à produção agrícola, como o Jacarecica I [Itabaiana], a colheita do quiabo se mantém estável ano a ano. Em 2020, ainda em outubro, a produção já havia superado o resultado do exercício anterior. Segundo a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do perímetro, até o décimo mês já se contabilizavam 658 toneladas. Tanto a variação da oferta do produto na lavoura, que pode mais do que dobrar o preço de venda; quanto a boa aceitação do quiabo sergipano na Bahia, contribuem para que os irrigantes invistam no cultivo.

Para aprimorar a qualidade e o custo-benefício do quiabo, eles vêm adotando novas técnicas, com o apoio da Cohidro, reduzindo o uso de agrotóxicos. É nessa tarefa de otimizar plantações de quiabo que entra em cena o profissional técnico agrícola disponibilizado pela Cohidro. “A assistência técnica que prestamos aos irrigantes do perímetro irrigado acontece de forma coletiva e individual. No lote, nós fazemos orientações sobre preparo do solo, adubação, espaçamento entre plantas, as lâminas de água aplicadas no solo, aplicação de defensivos e (também em cursos e palestras) orientamos de que forma devem proceder a irrigação no novo sistema”, destacou o técnico do Jacaracica I, Simeão Santana.

Desde 2019, os irrigantes contam com um novo sistema implantado pelo Programa Águas de Sergipe (PAS). A irrigação agora é fixa, sem a necessidade de trocar de lugar, e econômica, feita por microaspersores. Superior a R$ 14 milhões, o investimento público para modernizar a irrigação foi feito pelo Banco Mundial e pelo Governo do Estado, executor do PAS. Isso diminuiu o consumo de energia elétrica em mais 50% nos perímetros Jacarecica I e Poção da Ribeira, ambos em Itabaiana. Como os irrigantes contribuem com o custeio das tarifas de eletricidade nos perímetros, a mudança do sistema diminuiu os custos de produção nos lotes. A novidade também reduziu a necessidade de mão-de-obra para tocar as plantações de quiabo, em comparação ao tempo dos antigos aspersores, que precisavam ser trocados de lugar para irrigar todo lote; e da adubação manual - quiabeiro por quiabeiro. “Também estamos ajudando- -os a fazer a fertirrigação, já que o sistema de irrigação provê equipamentos que dão essa praticidade aos irrigantes, de fazer aplicação de adubação via lâmina de água”, completa o técnico agrícola Simeão. Agricultor do Perímetro Irrigado Jacarecica I, Diones Passos sempre produz em seu lote o quiabo, mas também tem roças de batata-doce e pimenta malagueta. Para manter a sanidade destes cultivos principais, ele ainda adota outras plantas, como amendoim e feijão de corda, fazendo rotação de culturas. Segundo ele, a rotação contribui para manter “a agricultura viva”, aproveitando melhor a terra, evitando o uso constante de agrotóxicos. “O quiabo aqui não é cultivado no ‘veneno’, mas se plantar duas vezes no mesmo lugar começa a dar fungo, daí vem as pragas, o bolor e as folhas começam a cachear”, adverte o irrigante. Em novembro, o produtor escoava seu quiabo a R$ 1,75 por quilo, mas em setembro, no perímetro, já era possível vender a R$ 2,50, ou em março de 2019, a R$ 3,50. “Planto quiabo nesse lote há mais de 15 anos. Hoje o saco de 40kg consigo vender a R$60,00 a R$70,00, a depender da demanda”. A influência do mercado na tarefa do agricultor irrigante, que precisa conseguir a renda necessária para honrar seus compromissos e o sustento familiar, também é uma preocupação da assistência técnica oferecida pela Cohidro - seja indicando alternativas aos cultivos de maior frequência nos perímetros, para os agricultores terem mais demanda, ou na organização para que promovam venda coletiva. “Incentivamos a prática de associativismo porque entendemos que é a forma mais adequada deles surgirem como produtores empreendedores dos seus lotes, uma vez que vai dificultando a prática do atravessador, que muitas vezes fica com os lucros de suas atividades. Com isso, aqueles produtores que melhor assimilam essa orientação, a gente tem mostrado caminhos para que tenham melhor ganho”, finaliza Simeão Santana.