08/03/2021 as 10:37

CAMA DE FRANGO

Produtores suspeitos de utilizar essa prática perigosa na alimentação de bovinos são punidos

Em Itabaianinha, ação conjunta entre Emdagro, Polícia Militar e Ministério da Agricultura culminou na interdição de três propriedades

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Ao longo do mês de fevereiro, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) realizou vigilâncias e fiscalizações em propriedades rurais do município de Itabaianinha, região Centro Sul de Sergipe. Com o objetivo de identificar produtores que utilizam a “cama de frango ou de galinha” na alimentação do gado, as ações foram feitas em parceria com a Polícia Militar e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como parte do Programa Nacional de Controle de Raiva dos Herbívoros e outras Encefalopatias (PNCERH).

Proibidos pelo MAPA, materiais que tiverem origem animal não podem ser consumidos por ruminantes, pois podem causar doenças nos bovinos, como o Botulismo e a Encefalopatia Espongiforme Bovina, mais conhecida como a doença da “Vaca Louca”. Em Sergipe, ainda há produtores que se utilizam dessa prática perigosa, que pode levar ao sacrifício de animais e trazer prejuízos à produção. Através da Fiscalização Agropecuária, a Emdagro visitou oito propriedades em Itabaianinha, juntamente com o MAPA e a PM/SE.

Dessas, três foram interditadas por suspeita do uso da cama de frango, como explica a coordenadora de Controle Agropecuário da Emdagro, Lucyla Flor. “Nesses locais, nossa equipe identificou que os alimentos ofertados no cocho dos bovinos indicavam a presença da cama de aviário, motivo pelo qual foram interditadas até que o resultado final das análises do material colhido no local comprove ou não a existência”, disse a coordenadora.

Ela explica que a ‘cama de frango’ é composta “pelo material usado para forrar o piso dos galpões de aves, onde geralmente fezes, urina, restos de ração e penas das aves se misturam à palha de arroz, maravalha, feno de capim, sabugo de milho triturado ou serragem, e são ofertados erroneamente na alimentação dos bovinos”. Além da cama de frango, outros produtos que contenham proteína ou gordura de origem animal, como farinha de sangue, de carnes e ossos, de resíduos de açougue, dejetos de suínos, sangue e derivados, entre outros, também são proibidos na alimentação de ruminantes.

As razões pelas quais a utilização desses produtos pode gerar riscos à saúde do animal e do consumidor são destacadas pela responsável pelo Programa Nacional de Encefalopatias Espongiforme Bovina (PNEEB) da Emdagro, Marcella Porto. “Um dos motivos da proibição desses produtos pelo MAPA é o risco que seu uso traz para a sanidade do rebanho, não só por conta da doença da ‘Vaca Louca’ - que é gravíssima - mas também pela possibilidade de veicular agentes infecciosos ou traumáticos, como arames e pregos, além de resíduos de inseticidas e antibióticos, que representam perigo para a alimentação de animais”, explicou.

Ainda segundo Marcella, o Brasil não é considerado um país de risco para o mal da ‘Vaca Louca’. “Entretanto, o Ministério da Agricultura diz que é preciso ficar alerta quanto a essa prática, que pode prejudicar toda a cadeia de bovinocultura do Estado e, por que não dizer, do País. Por isso, uma das medidas preventivas contra a ‘Vaca Louca’ é a não utilização da cama de frango. Nós, da Emdagro, estaremos atentos, fiscalizando e interditando as propriedades que ainda insistem nessa prática”, concluiu.