16/11/2021 as 12:06

RIBEIRINHA

Expedição científica vê aumento na quantidade e na variedade de peixes no Rio São Francisco

Barcos-laboratórios percorreram nove cidades ribeirinhas em AL e SE durante dez dias

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Expedição científica vê aumento na quantidade e na variedade de peixes no Rio São Francisco

Durante a 4ª edição da Expedição Científica do Rio São Francisco, que teve seu último dia na quarta- -feira, dia 10, os pesquisadores de oito universidades federais chegaram à conclusão de que aumentou a quantidade e a variedade de peixes no rio, principalmente nos municípios alagoanos de Piranhas e Traipu. Um peixe da espécie camurupim com 11kg foi encontrado e participantes observaram que 100% das fêmeas já estavam em algum estágio de maturação gonadal, inclusive muitas já desovadas.

A quarta edição da Expedição Científica, coordenada pelo professor Emerson Soares, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), teve como tema ‘Consolidando a Ciência em ações ambientais no Baixo São Francisco’, e irá comparar com os resultados das expedições anteriores, que apontaram graves problemas ambientais, como comprometimento nos ecossistemas aquáticos, terrestres e de populações humanas. Foram dez dias de muita dedicação, trabalhos, pesquisas, ações de educação ambiental e saúde da população ribeirinha, palestras e visitas às cidades de Piranhas (AL), Pão de Açúcar (AL), Traipu (AL), São Brás (AL), Propriá (SE), Igreja Nova (AL), Neópolis (SE), Porto Real do Colégio (AL), Penedo (AL) Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). Compõem o grupo de cientistas da expedição os pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) Marcus Cruz, engenheiro especializado em recursos hídricos e saneamento ambiental, Carlos Alberto da Silva, oceanógrafo especializado em impactos em ambientes aquáticos, e Ubiratan Piovezan, zootecnista especializado em conservação animal.

Os 66 pesquisadores das 24 instituições de ensino envolvidas trabalharam em dois grandes barcos, em 35 áreas de pesquisa, como a análise da água do rio São Francisco, da fauna, da flora, bem como se dedicaram aos estudos das condições socioeconômicas das comunidades ribeirinhas de todos os municípios visitados. O resultado do trabalho será publicado em um relatório completo e detalhado que servirá como base para a cobrança, junto aos órgãos públicos, de políticas que visem a melhoria das condições hidrológicas do rio São Francisco e daqueles que diariamente estão em contato direto com ele.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, destacou o empenho de todos os participantes. “Há dez dias estávamos em Piranhas, e na ocasião o rio São Francisco encontrava-se com a vazão de 800m³/s e ficamos sem saber como seria, mas com o apoio dos órgãos como a CHESF e a ANA conseguimos solicitar o aumento da vazão para dar prosseguimento à expedição.

Para fazer um evento desse porte é preciso muita responsabilidade, planejamento e dedicação. Gostaria muito de agradecer aos professores Emerson Soares e José Vieira que coordenaram a Expedição Científica. Não é fácil pensar em um projeto como esses. São muitos detalhes e é preciso ter liderança para lidar com todas as situações e adversidades e vocês fazem isso de maneira assertiva”, disse.

Segundo Maciel, as informações técnicas que já foram produzidas servirão para os gestores municipais, estaduais, para o Comitê, União, bem como para a iniciativa privada que precisa dar maior atenção a este grande projeto. “Reforço que não estamos dando patrocínio, mas sim investindo na Bacia do São Francisco e, no ano de 2022, a 5ª Expedição Científica entrará na categoria como verba investida neste projeto. Aproveito esse momento para agradecer ao ribeirinho e mestre Antônio Jackson que é referência para levar o nome do Comitê às populações ribeirinhas. Estou com a sensação de dever cumprido juntamente com cada um dos pesquisadores, expedicionários e demais profissionais que se dedicaram a este projeto e trago aqui a garantia de que teremos a próxima edição da Expedição”.

NOVIDADES PARA 2022
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco assinará o Termo de Cooperação Técnica com a Prefeitura de Penedo, Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), para garantir os recursos da empresa que foi contratada a fim de retirar o esgoto que é lançado no rio São Francisco. “Iremos fazer a interligação do esgoto que deságua no rio com a estação de tratamento. Estamos nos desdobramentos e garantimos no plano orçamentário a execução do projeto. Outra novidade que temos é a construção do Museu do São Francisco, em Penedo. Já colocamos em prática a produção do projeto arquitetônico do museu com previsão para ficar pronto no ano de 2022. Queremos acelerar o processo em homenagem ao nosso mestre Antônio Jackson. Este sonho que é tão antigo se tornará realidade e isso me deixa muito feliz”, acrescentou Maciel.