05/08/2024 as 10:12

SERTÃO

Investimentos recuperam e ampliam produção pecuária em Sergipe

Produtores como Antônio Alves, o Tonho Fuá, viram seu investimento reduzir, no Assentamento Paulo Freire.

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Investimentos recuperam e ampliam produção pecuária em Sergipe

Em meados de 2023, o pequeno produtor do sertão sergipano viu sua produção definhar, literalmente, da noite para o dia. Ao investigar a situação, técnicos extensionistas do Governo do Estado, por meio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), detectaram um surto de clostridioses (doença provocada por bactéria anaeróbica), que fez o gado dormir saudável e aparecer morto no outro dia, em Porto da Folha.

Produtores como Antônio Alves, o Tonho Fuá, viram seu investimento reduzir, no Assentamento Paulo Freire. Ele tinha 12 vacas de leite, mas seis delas morreram com sintomas da doença. “Perdi R$ 25 mil”, lamentou o agricultor, que há 23 anos mora no Assentamento. Embora o Paulo Freire seja uma área de competência do Governo Federal, administrada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Sergipe (Incra), o Governo do Estado atendeu esses pequenos produtores, por meio de assistência técnica, veterinária e, sobretudo, por vacinação, que estabilizou o surto na região e este ano não foram registradas mais baixas no rebanho. “Recebemos solicitação dos líderes. Detectamos sinais de clostridioses e outros problemas.

Além de imunizar, reforçamos o conhecimento. Demos palestras e mostramos a importância de manter o gado vacinado”, disse o técnico extensionista da Emdagro, Sérgio Souza, acrescentando que, tão logo o esquema vacinal iniciou, observou-se a solução quase que imediata do problema. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), outro dado relevante é o controle sanitário de Sergipe, que hoje tem, ao todo, um rebanho de um milhão e 300 mil bovinos e bubalinos. Por meio da campanha de vacinação contra a febre aftosa, o estado atingiu 90,6% de cobertura vacinal, o que representa a imunização de 1.280.374 bovinos.

O controle da doença conferiu a Sergipe o título de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Conforme disse o secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, este é apenas um dos investimentos do Governo do Estado na pecuária. “Entre outras ações desenvolvida no setor estão a inseminação artificial de gado, caprinos e ovinos, a vacinação gratuita contra brucelose e clostridiose, a execução de programa que ajuda no escoamento da produção e consumo de leite (PAA-Leite), regularização dos laticínios (SIE, SIB), incentivo fiscal para venda do gado, liberação de crédito para a pecuária, além da inspeção, fiscalização agropecuária e insumos agropecuários e o programa Mão Amiga Bacia Leiteira”, pontuou o secretário.

Ele destacou ainda que, só por meio do Banco do Estado de Sergipe (Banese), já foram liberados R$ 90 milhões, de julho 2023 a junho 2024, em crédito para investimentos e custeio na pecuária, possibilitando ampliação do rebanho, investimento em pastagem, infraestrutura das áreas de criação, entre outros. O esquema vacinal no Assentamento Paulo Freire, em Porto da Folha, uma área de 1.400 hectares, deu tão certo que a equipe da Emdagro já está introduzindo uma segunda fase de imunização. O local não é diretamente assistido pelo Governo do Estado, mas recebeu apoio dos técnicos estaduais.

As cerca de cem famílias do entorno têm, em média, entre 20 e 30 cabeças de gado. “Quando chegamos aqui, recebemos o relato da morte de 30 a 40 animais. Isso é significativo, se você considerar que tem famílias que têm dez cabeças de gado e perdeu três para a clostridiose. Ou seja, são 30% de seu rebanho. É muita coisa!”, reforçou Sérgio. Com a intervenção da Emdagro, os criadores podem relatar que a priori o problema está contido. Isso porque eles precisam continuar o trabalho de vacinação. “Eu tinha oito cabeças de gado e perdi três. Eu sustento minha família com o leite que produzo. Tenho esposa e três filhos. Perdi cerca de R$ 10 mil”, lamuriou-se Marcílio Macena.