09/08/2019 as 14:08

PESQUISA FIOCRUZ

Mais de dois milhões de brasileiros têm traços de dependência de álcool

Cerca de 4,4 milhões de pessoas alegaram ter discutido com alguém sob efeito de álcool, aponta pesquisa

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Uma pesquisa divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que, aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram critérios para dependência de álcool nos últimos 12 meses.

Trata-se do 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, que também aponta que cerca de 46 milhões de brasileiros (30,1%) informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias anteriores.

Além disso, mais da metade da população brasileira, entre 12 e 65 anos, declarou ter consumido bebida alcoólica alguma vez na vida.

O levantamento, que ouviu cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, é apontado como um dos mais completos por sua abrangência.

A relação entre álcool e diferentes formas de violência também foi abordada pelos pesquisadores que detectaram que, aproximadamente 14% dos homens brasileiros de 12 a 65 anos dirigiram após consumir bebida alcoólica, nos 12 meses anteriores à entrevista. Já entre as mulheres esta estimativa foi de 1,8%. A percentagem de pessoas que estiveram envolvidos em acidentes de trânsito enquanto estavam sob o efeito de álcool foi de 0,7%.

Cerca de 4,4 milhões de pessoas alegaram ter discutido com alguém sob efeito de álcool nos 12 meses anteriores à entrevista. Destes, 2,9 milhões eram homens e 1,5 milhão, mulheres. A prevalência de ter informado que “destruiu ou quebrou algo que não era seu” sob efeito de álcool também foi estatisticamente significativa e maior entre homens do que entre mulheres (1,1% e 0,3%, respectivamente).

Percepção de Risco

A percepção do brasileiro quanto às drogas atrela mais risco ao uso do crack do que ao álcool: 44,5% acham que o primeiro é a droga associada ao maior número de mortes no país, enquanto apenas 26,7% colocariam o álcool no topo do ranking.

Segundo coordenador do levantamento e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz, Francisco Inácio Bastos, os principais estudos sobre o tema, como a pesquisa de cargas de doenças da Organização Mundial de Saúde, não deixam dúvidas: o álcool é a substância mais associada, direta ou indiretamente, a danos à saúde que levam à morte.

“Tanto o álcool quanto o crack, porém, representam grandes desafios à saúde pública. Os jovens brasileiros estão consumindo drogas com mais potencial de provocar danos e riscos, como o próprio crack. Além disso, há uma tendência ao poli uso [uso simultâneo de drogas diferentes]. Por isso é tão importante atualizar os dados epidemiológicos disponíveis no país, para responder às perguntas de um tema como o consumo de drogas, que se torna ainda mais complexo num país tão heterogêneo quanto o Brasil”, advertiu o coordenador.