03/12/2019 as 15:38

ECONOMIA

Saiba como iniciar 2020 sem dívidas

Economista dá dicas de como sair do vermelho nesse final de ano

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Quase 700 mil pessoas estão com as contas negativadas em Sergipe atualmente. No Nordeste, a inadimplência atinge 15 milhões, e no Brasil são cerca de 63 milhões no vermelho. Com o final de ano batendo à porta, muitos devem estar preocupados em como conseguir encerrar o período com as dívidas quitadas.

A equipe do JORNAL DA CIDADE conversou com o economista Luís Moura, para saber quais as principais dicas para quem quer terminar o ano no azul. E segundo ele, a grande oportunidade de as pessoas entrarem 2020 sem dívidas é aproveitar os feirões de renegociação de dívidas que estão sendo oferecidas pelos bancos.

“As instituições bancárias estão ansiosas para limpar o cadastro de inadimplentes. E estimulados pelo Banco Central, os cinco maiores bancos estão fazendo nessa semana a renegociação de dívidas. Quem tiver pendências com esses bancos, eu oriento que busquem renegociar. Essa é uma grande oportunidade de você limpar seu nome”, aponta o especialista.

O Feirão de Renegociação iniciou nesta última segunda-feira, 2, e segue até esta sexta-feira, 6, em todo o país. Os bancos do Brasil, Banrisul, Bradesco, Banco Pan, Caixa Econômica, Itaú e Santander, terão horários estendidos até às 20h para oferecer orientação financeira e negociar dívidas em atraso dos clientes, em condições especiais.

Segundo Moura, cerca de 286 mil sergipanos possuem dívidas de até R$ 500 reais, um valor significativamente baixo. “Isso mostra que a maioria das pessoas não estão inadimplentes porque são desonestas ou mal pagadoras. E sim porque não consegue honrar os compromissos, primeiro pelo desemprego elevado. São 158 mil pessoas desempregadas em Sergipe. E segundo, os juros são elevadíssimos”, acredita o economista. 

Ele ressalta ainda que a principal dívida do sergipano é com cartão de crédito, seguido do cheque especial. “Essa semana o banco central limitou a taxa de juros do cheque especial a 8%. Essa taxa já é extraordinariamente elevada. Para se ter uma ideia, os EUA cobram no cartão de crédito uma taxa anual de 17%, quando no Brasil, essa mesma taxa é de 200 a 300%. Uma coisa inaceitável”, destaca Moura.

Portanto, se os sergipanos conseguirem limpar o nome aproveitando as oportunidades das feiras de renegociação de dívidas, e cumprir o acordo, poderão entrar o ano de 2020 no azul. Mas, é importante não retornar à inadimplência. Para isso, o economista aconselha que seja feito um planejamento financeiro.

“Para quem está desempregado isso é muito difícil. Mas, para aquelas pessoas que têm renda, podem se organizar limitando o consumo e controlando os gastos dentro de casa. É preciso criar uma planilha com o que recebe de dinheiro e aquilo que gasta. Porque tem despesas que são previstas. Por exemplo, é possível ter uma média do quanto se gasta com água, luz, gás de cozinha, escola, material escolar, etc. Esses são gastos previsíveis. Você coloca numa planilha a média de gastos do ano passado e a média de quanto pretende gastar esse ano. E você terá uma ideia do percentual do seu salário que será gasto com itens mensais que não tem como abrir mão”, explica.  

Os itens considerados mais “perigosos”, na opinião de Moura, são aqueles relacionados ao lazer. “Você tem que ter um planeamento maior. Quanto vai gastar por final de semana indo a shopping, restaurante, viagens, etc. Isso tudo tem que estar previsto, de quanto vai gastar com transporte ou passagens de avião, por exemplo. É esse tipo de coisa que vai te ajudar a manter o controle sobre sua receita, que é o seu salário sobre as suas despesas do dia a dia”, acrescenta.

Quando se trata de pessoas desempregadas a situação se torna mais delicada. É preciso saber utilizar a rescisão, segundo ressalta Moura. Principalmente por que, com a crise, as pessoas estão passando mais de um ano para conseguir um novo emprego. “Pode acontecer a situação em que a rescisão acaba e a pessoa não conseguiu um novo emprego. Por isso muitas pessoas estão apelando para o trabalho por conta própria, ou se submetem a um emprego sem carteira assinada”, disse. Em Sergipe, são mais de 400 mil pessoas trabalhando no mercado informal, sem carteira assinada ou por conta própria.

|Repórter: Laís de Melo

||Foto 1: Jadilson Simões | Foto 2: André Moreira