14/05/2020 as 09:15

ECONOMIA

Vendas do varejo recuam 2,5% em março

Ao justificar a variação detectada em suas receitas de vendas em março, 43,7% das empresas citaram o coronavírus como principal causa

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As vendas no varejo recuaram 2,5% em março de 2020 em relação a fevereiro (série com ajuste sazonal). A média móvel trimestral, após decréscimo de 0,4% no trimestre encerrado em fevereiro, recuou 1,1% no trimestre encerrado em março. Na série sem ajuste sazonal, o comércio varejista recuou 1,2% em relação a março de 2019, contra aumento de 4,7% em fevereiro. Foi a primeira queda após 11 meses consecutivos de variações positivas nesta comparação. 

O varejo acumulou alta de 1,6% no ano e 2,1% nos últimos doze meses. Já no varejo ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, o volume de vendas recuou 13,7% em relação a fevereiro (queda mais intensa desde o início da série, iniciada em fevereiro de 2003), contra a alta de 0,5% do mês anterior. Com isso, a média móvel trimestral de março (-4,2%) foi menor que a de fevereiro (0,1%). 

Em relação a março de 2019, o comércio varejista ampliado recuou 6,3%, primeira queda após 11 meses consecutivos de variações positivas, com estabilidade (0,0%) no acumulado no ano. O acumulado nos últimos doze meses foi de 3,3%. Os resultados para março de 2020 foram marcados pelo início do isolamento social devido à pandemia de Covid-19. Do total de empresas coletadas pela Pesquisa Mensal de Comércio, 14,5% relataram impacto do isolamento social em suas receitas, que se iniciou em algumas capitais a partir da segunda quinzena de março.

Ao justificar a variação detectada em suas receitas de vendas em março, 43,7% das empresas citaram o coronavírus como principal causa. Na comparação com março de 2019, a queda no volume de vendas destas empresas que relataram impacto do Covid-19 em suas atividades foi de -23,0%, enquanto a retração das que não reportaram qualquer impacto da quarentena em suas receitas cresceu 1,5%, na mesma comparação.

O comércio varejista recuou 1,2% em relação a março de 2019 e a influência das receitas das empresas que relataram algum impacto devido ao Covid-19 nesse indicador foi de (-2,6 p.p.) enquanto a influência das que não relataram qualquer impacto foi de 1,4 p.p.

No varejo ampliado, a queda no volume de vendas das empresas impactadas pelo Covid-19 foi de -26,8%, enquanto o das que não relataram impacto recuou 3,1%. A influência do subgrupo de empresas impactadas na variação do varejo ampliado em relação a março de 2019 (-6,3%) foi de -3,7 p.p, enquanto o subgrupo das demais influiu com -2,6 p.p.

Seis das oito atividades pesquisadas recuaram em março

O isolamento social devido à pandemia teve impactos distintos. Seis das oito atividades pesquisadas registraram queda no volume de vendas do comércio varejista, sobretudo aquelas que tiveram suas lojas físicas fechadas em algumas cidades do país, a partir da segunda quinzena do mês. Apresentaram resultados negativos: Tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%), Móveis e eletrodomésticos (-25,9%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,2%), Combustíveis e lubrificantes (-12,5%).

Em contrapartida, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (14,6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,3%), atividades consideradas essenciais durante o período de quarentena, apresentaram avanço nas vendas frente a fevereiro de 2020.

Considerando o comércio varejista ampliadoem março, o volume de vendas recuou 13,7%, frente a fevereiro de 2020, na série com ajuste sazonal, demonstrando inversão com relação ao mês anterior (0,5%). Para essa mesma comparação, Veículos, motos, partes e peças e Material de construção registraram queda de 36,4% e 17,1%, ambos, respectivamente, após variação positiva de 0,1% e 0,2% observados no mês anterior.

Frente a março de 2019, o comércio varejista caiu 1,2%, com taxas negativas em seis das oito atividades pesquisadas: Tecidos, vestuário e calçados (-39,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-17,9%), Combustíveis e lubrificantes (-11,2%), Móveis e eletrodomésticos (-12,1%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-23,2%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-32,9%).

Por outro lado, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (11,1%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (12,1%) foram os setores que mostraram aumento nas vendas.

Com recuo de 6,3% frente a março de 2019, o comércio varejista ampliado interrompe onze meses de taxas positivas consecutivas que vinham sendo observadas no indicador interanual. A principal contribuição negativa à taxa geral do varejo ampliado veio da forte queda registrada em Veículos, motos, partes e peças (-20,8%), além do recuo observado em Material de construção com (-7,6%).

O setor de Tecidos, vestuário e calçados (-39,6%) foi a principal influência no campo negativo na composição da taxa do comércio varejista nacional, na comparação com março de 2019, sendo a mais intensa variação negativa para este segmento desde o início da série em janeiro de 2001. No acumulado até março, o setor registrou queda de 12,4% no volume de vendas, invertendo trajetória observada até fevereiro (1,7%). O indicador acumulado nos últimos doze meses, ao passar de -0,2% em fevereiro para -2,5% em março, intensificou a trajetória descendente iniciada em fevereiro após uma série de oito variações positivas anteriores. Vale ressaltar que o forte recuo no volume de vendas da atividade se deu por conta de fechamento de lojas físicas a partir da segunda quinzena de março em algumas das principais cidades brasileiras.

O segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-17,9%), que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos, entre outros, interrompe uma série de oito resultados positivos iniciada em julho de 2019, registrando também o pior desempenho da série para o indicador interanual, iniciada em janeiro de 2004. A queda no volume desta atividade em março de 2020 foi muito influenciada também pela estratégia de mitigação dos efeitos da pandemia no sistema de saúde e fez com que o setor exercesse a segunda contribuição negativa mais intensa sobre o resultado geral do varejo. No acumulado do ano, o decréscimo de 0,6% coloca o setor no campo negativo pela primeira vez desde agosto de 2017. Com isso, o indicador acumulado nos últimos doze meses (5,0%) apresentou perda de ritmo em relação a fevereiro de 2020 (6,1%).

|Fonte: Agência IBGE 

||Foto: André Moreira