03/07/2024 as 13:32

QUEIMADAS

Pantanal poderá ter crise hídrica histórica em 2024, aponta estudo

Bioma está cada vez mais seco, o que o torna mais vulnerável.

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Pantanal poderá ter crise hídrica histórica em 2024, aponta estudoSecom-MT

O Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do mundo, está enfrentando uma seca severa desde 2019. Segundo um estudo lançado pelo WWF-Brasil, a tendência é que 2024 tenha a pior crise hídrica em quatro décadas.

O estudo utilizou dados do satélite Planet para monitorar a cobertura de água na região. Normalmente, a estação chuvosa do Pantanal ocorre entre outubro e abril, mas em 2024, a área inundada foi menor do que a média registrada durante a estação seca do ano anterior.

A primeira fase do estudo, realizada pela empresa ArcPlan com financiamento do WWF-Japão, mostra que a média da área coberta por água foi de apenas 400 mil hectares entre janeiro e abril de 2024, enquanto a média da estação seca de 2023 foi de 440 mil hectares. A seca extrema resultou em níveis do Rio Paraguai 68% abaixo do esperado, com o nível não ultrapassando 1 metro em 2024, enquanto uma seca é geralmente declarada quando os níveis caem abaixo de 4 metros.

“O que nos preocupa é que, de agora em diante, o Pantanal tende a secar ainda mais até outubro. Nesse cenário, é preciso reforçar todos os alertas para a necessidade urgente de medidas de prevenção e adaptação à seca e para a possibilidade de grandes incêndios.”, explica Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil que é também uma das autoras do estudo.

O estudo destaca que, além das condições climáticas adversas, ações humanas como construção de barragens, estradas, desmatamento e queimadas agravam a situação, aumentando a vulnerabilidade do Pantanal. A falta de cheias regulares pode levar a uma degradação irreversível do ecossistema, impactando a biodiversidade e a economia local.

As sucessivas secas extremas e as queimadas por elas potencializadas afetam a qualidade da água devido à entrada de cinzas no sistema hídrico, causando mortalidade de peixes e retirando o acesso à água das comunidades.

A nota técnica traz uma série de recomendações como mapear as ameaças que causam maiores impactos aos corpos hídricos do Pantanal, considerando principalmente a dinâmica na região de cabeceiras; fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento; restaurar áreas de Proteção Permanente (APPs) nas cabeceiras, a fim de melhorar a infiltração da água e diminuir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, aumentando a qualidade e a quantidade de água tanto no planalto quanto na planície, e apoiar a valorização de comunidades, de proprietários e do setor produtivo que desenvolvem boas práticas e dão escala a ações produtivas sustentáveis.

 

Com informações da Agência Brasil