12/07/2024 as 14:00

MEIO AMBIENTE

Mudanças climáticas agravam secas e cheias na Amazônia

Desmatamento e queimadas intensificam problemas ambientais na Amazônia.

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Mudanças climáticas agravam secas e cheias na AmazôniaDivulgação

O desmatamento e as queimadas, juntamente com as mudanças climáticas, estão alterando o regime hidrológico dos rios da Amazônia, tornando cheias e secas mais intensas e frequentes. 

Secas extremas e Cheias severas

Durante a seca de 2023, o Lago Tefé, no Médio Solimões, no Amazonas, secou 75%, chegando a baixar praticamente 30 cm por dia. Na região, outros lagos ficaram 90% secos.

Segundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Jochen Shöngart, só nas primeiras duas décadas do século 21 foram registradas nove cheias severas, igualando o total do século passado. A variação de 1,6 metro no ciclo de cheia e vazante dos rios tem grandes impactos nas florestas alagadas, atividades econômicas e populações ribeirinhas que dependem desses recursos.

A seca extrema em 2023 secou 75% do Lago Tefé e levou à morte de 209 botos devido à alta temperatura da água, que chegou a 39,1°C em 28 de setembro. Estudos realizados pelo Mamirauá, instituição ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), chegaram à conclusão de que os animais morreram por hipertemia, devido às altas temperaturas nos lagos. Medições realizadas pelo instituto em lagos da região mostraram que em mais de 25 deles foram registradas temperaturas de 37°C.

O pesquisador do Instituto Mamirauá, Ayan Fleischmann, destacou que as áreas de várzeas têm enfrentado inundações mais longas, com algumas áreas alagadas por mais de 50 dias adicionais por ano. Esse contraste entre mais chuvas na parte norte da Amazônia e menos na parte sul é influenciado pelo desmatamento e grandes projetos como hidrelétricas.

Quanto menor a quantidade de árvores para fazer o processo de evapotranspiração, a geração de vapor de água para a atmosfera, diminui o percentual de chuvas, com consequente aumento na temperatura na região.

Para este ano, o pesquisador se mostra apreensivo com a possibilidade de ocorrência de uma nova seca severa, devido a um regime hidrológico inferior ao esperado. Monitoramento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), mostra que no período de 21 de maio a 19 de junho a Bacia do Rio Amazonas apresentou quadro de chuvas abaixo do esperado em grande parte da região.

 

Com informações da Agência Brasil