13/08/2018 as 08:41

Entrevista

“Obra de Déda será lembrada durante todo o processo eleitoral”

Ex-secretário de Saúde de Aracaju e de Sergipe, tendo também exercido mandato de deputado estadual e federal, o presidente estadual do PT, Rogério Carvalho, apresenta-se agora para disputar um mandato de Senador. Ele avalia que o Brasil está retrocedendo na saúde pública e precisa de representantes para ajudar na reconstrução. Ele garantiu que o seu partido está unido em torno do seu nome – e que a militância também pedirá votos para Jackson Barreto e Belivaldo Chagas. Confira a entrevista, a seguir.

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“Obra de Déda será lembrada durante todo o processo eleitoral”Foto: Divulgação

JORNAL DA CIDADE - O senhor se apresenta como candidato ao Senado com que proposta?
ROGÉRIO CARVALHO - O senador é um cargo muito importante que representa os Estados no Congresso Nacional e o objetivo de ser senador é ajudar o novo governo a reestruturar e reconstruir o Brasil, que tem perdido sua capacidade de cuidar dos mais pobres. O Brasil tem perdido a capacidade de estar ao lado da população que mais precisa da presença do Estado. Nós estamos vendo a saúde retroceder com casos de sarampo, poliomielite, aumento da mortalidade infantil. Nós estamos vendo a fome voltar para o nosso Estado, para o nosso país. Então, o nosso principal objetivo é a reconstrução do país para que a gente garanta às pessoas a dignidade, a esperança e um futuro mais feliz.

JC - O PT sairá unido nas eleições deste ano? O apoio à sua pré-candidatura é geral e irrestrito?
RC - Sim, o PT sairá unido e a minha candidatura conta com o apoio de todas as forças que compõem a militância do nosso partido.

JC - E o apoio ao nome de Eliane como vice de Belivaldo, também encontrou resistências?
RC - Não teve resistências, nem ao meu nome, nem ao de Eliane. O que houve no partido foi uma discussão sobre o ter ou não ter uma candidatura própria. Se houve algum tipo de divergência foi nesse sentido. Mas os nossos nomes foram aceitos por todas as correntes.

JC - O nome do ex-governador Marcelo Déda será lembrado pelo PT nas eleições deste ano? Isso foi discutido dentro do partido e com Eliane Aquino?
RC - Marcelo Déda é lembrado por todos os sergipanos, e a obra dele seguramente será lembrada durante todo o processo eleitoral. É natural pelo tamanho e pela qualidade do que ele fez, e também pelo envolvimento de quem está na disputa com o projeto que foi construído sob a liderança dele, que é o meu caso, como é o caso de Eliane por ser esposa, ter junto com ele construído essa grande obra em Sergipe. Então, naturalmente, havendo essa obra do PT e de Marcelo Déda isso vai ser trazido para o debate político.

JC - Estando preso, qual a influência que o ex-presidente Lula poderá ter na eleição deste ano em Sergipe?
RC - Como ele mesmo disse, não é possível prender uma ideia. Ele é mais do que uma pessoa presa. Ele é um ser humano que está com seus direitos fundamentais interrompidos, como a liberdade, de uma forma injusta, até mesmo autoritária. Mas Lula representa um sentimento do povo brasileiro, um sentimento de um país para todos, de um país capaz de cuidar de todos. Lula representa um modo de organizar e de colocar esse país em funcionamento que é diferente do que está hoje em desconstrução. Lula interfere porque é essa referência e porque ele é essa ideia que está na cabeça das pessoas. De um país mais justo, de um país que não tolera a fome, que garante as liberdades individuais e a convivência pacífica entre etnias e raças, religiões. Um país que incluiu e inclui pelo direito através da aposentadoria, do direito à saúde, à educação... É só olhar as obras que foram feitas. Os 180 campi universitários, o “Caminho da Escola” que foi criado no governo dele. Um país que inclui desde o agricultor familiar com o programa “Luz para Todos”, que inclui quem mora na periferia e não tinha onde morar com o “Minha Casa, Minha Vida”, um país que inclui aqueles que estavam na pior condição de sua vida, na miséria absoluta com o “Bolsa Família” e outros programas que resgatam essas famílias para poder dar um lugar na sociedade. Este país está na cabeça dos brasileiros, e Lula representa tudo isso. Inevitavelmente, Lula será a maior liderança porque é ele quem concentra a representação deste sentimento que os brasileiros carregam consigo de um país, essa imagem de país próspero, e portador da felicidade para mais pessoas.

JC - O senhor não obteve êxito na última disputa por uma cadeira no Senado. O que o anima para encarar mais uma vez essa briga?
RC - Eu me sinto um vitorioso em relação à eleição passada. Apesar de não ter ganhado a eleição, de não ter sido eleito, eu tive 417 mil votos aproximadamente; 46% dos votos válidos da eleição passada, o que é muito voto, que muita gente se dispôs a votar em mim, então é motivo de satisfação. Me sinto honrado por isso e também tenho o desejo de concorrer de novo ao Senado para dar a oportunidade para aqueles que votaram em mim em 2014 e que se sentiram fraudados, por divulgação de pesquisas falsas, de pesquisas mentirosas em véspera de eleição, que me prejudicou bastante, prejudicou bastante o resultado eleitoral, isso me motiva. E acho que as pessoas também têm esse sentimento. Além de estarmos num momento que o país precisa de pessoas comprometidas, pessoas com qualificação, com preparo para me tornar a voz do nosso Sergipe em Brasília. Na campanha passada a gente falava da cadeira vazia e a gente, se analisar o que foi feito neste período, o que aconteceu? A cadeira foi ocupada? A cadeira nem foi ocupada e nem Sergipe teve a voz que poderia ter tido se o resultado da eleição não fosse manipulado. Por isso, não tem o ressentimento, mas tenho o desejo de poder representar esses 417 mil eleitores que votaram em mim, que se sentiram frustrados, e também todos aqueles que querem um país reconstruído, um país mais estável, acolhedor, mais includente. E que o nosso Estado tenha uma voz forte em Brasília e o nosso povo seja bem representado.

JC - Nos bastidores se fala que esta eleição será mais difícil para o senhor do que a anterior, já que o PT não está no Governo Federal e o desgaste do partido seria ainda maior do que naquela ocasião. Os adversários atuais também seriam mais fortes, comentam.
RC - O PT é o partido com melhor avaliação junto à população. É o partido melhor avaliado, 20% dos brasileiros identificam no PT o partido que lhe representa. Em Sergipe este número está próximo de 30%. Portanto, esse não é o nosso problema, um suposto desgaste do PT. O PT esteve sim muito desgastado, mas a sociedade vai entendendo que o PT foi um partido que cumpriu um papel relevante na mudança na vida das pessoas, e na melhoria da vida das pessoas. Com relação ao que dizem, análises a gente ouve, a gente escuta, mas a gente precisa saber mesmo se depois que os candidatos, ou o candidato, for exposto à opinião pública e à população, é que a gente vai poder avaliar. E quem vai avaliar é o povo, que vai dizer se estamos ou não preparados para o desafio.

JC - A chapa majoritária da sua coligação está unida? Haverá uma dobradinha sua com o ex-governador Jackson Barreto, na busca por votos? Ou será cada um por si?
RC - Sim. Acho que isso não é o mais relevante. O que deve ser fundamental para o grupo é a continuidade de um projeto, iniciado por Déda, e que só trouxe conquistas para Sergipe.

JC - O senhor e as lideranças do PT vão pedir votos para Jackson Barreto e Belivaldo?
RC - Sim.

JC - A Saúde será um dos temas principais no debate eleitoral. Teremos dois ex-secretários da pasta concorrendo em chapas majoritárias este ano: o senhor e Eduardo Amorim. O que diferencia a sua gestão na pasta com a dele?
RC - A obra! É só comparar o que eu fiz e o que ele fez, ou não fez. Eu implantei o Samu, dobrei o Huse de tamanho, ampliação, padronização e construção dos hospitais regionais (Glória, Lagarto, Itabaiana, Propriá, Nossa Senhora do Socorro, Estância) e os hospitais de Boquim, Tobias Barreto, Porto da Folha e Poço Redondo; as cem Clínicas de Saúde da Família, os oito Centros de Especialidades Odontológicas e quatro Farmácias Populares; além dos 26 carros fumacê; 213 ambulâncias, 75 vans; e 20 caminhonetas cabine dupla. Implantamos os serviços especializados de ortopedia, cirurgia endovascular, neurocirurgia, cirurgia bariátrica e outros. O projeto do hospital do câncer. E o que ele fez?

JC - Houve melhoria efetiva na Saúde, durante a sua gestão? Quais seriam as principais melhorias que o senhor apontaria?
RC - Os investimentos que fiz na urgência e emergência, na assistência hospitalar e na atenção básica que reduziu a mortalidade infantil em 50%, reduzimos a mortalidade materna e a mortalidade geral.