12/09/2018 as 08:13

Eleições 2018

Com ato na PF de Curitiba, PT anuncia Haddad como candidato à presidência

Em primeiro discurso, novo candidato petista defendeu legado do ex-presidente; Manuela D'Ávila (PCdoB) vai disputar a vice.

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Com ato na PF de Curitiba, PT anuncia Haddad como candidato à presidênciaFoto: Rodolfo Buhrer

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) foi anunciado oficialmente como novo candidato do PT à Presidência da República na tarde desta quarta-feira 11. Ele substitui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a candidatura vetada pela Lei da Ficha Limpa, por ser condenado em segunda instância a doze anos e um mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem no caso do apartamento tríplex no Guarujá (SP).

A decisão foi anunciada a menos de duas horas do fim do prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT, PCdoB e Pros) substituísse seu candidato ao Planalto. A defesa do petista ainda protocolou diversos recursos ao longo dos últimos dias para tentar suspender a inelegibilidade ou, no limite, prorrogar o prazo para a substituição até o próximo dia 17. Diante de derrotas – a última, decidida pelo ministro Celso de Mello, enquanto o ato petista já ocorria em Curitiba –, a escolha de Haddad foi aprovada em uma reunião da Executiva Nacional do PT no início da tarde.

“Nós aceitamos o desafio do ex-presidente Lula, de não deixar o povo brasileiro e o Brasil sem uma opção para a sua luta. Por isso, estamos apresentando Fernando Haddad como candidato”, afirmou a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que também confirmou Manuela D’Ávila (PCdoB) como candidata a vice-presidente.

Em seu primeiro discurso, o novo candidato adotou um tom emocional, de falar para o eleitor mais fiel ao ex-presidente Lula. “Eu sinto a dor de muitos brasileiros e brasileiras que vão receber hoje a notícia de que não vão poder votar em quem gostariam de ver subir a rampa do Planalto”, disse. “Vocês estão sentindo a dor que eu estou sentindo, mas agora não é hora de ir para casa. Vamos para a rua para ganhar essas eleições”, completou.

Ele defendeu o legado do petista, citando especialmente as universidades públicas e os programas de transferência de renda e criticou os processos e a condenação do ex-presidente, que, argumentou, são partes de um plano “deles” para “desestabilizar o país”. A tentativa de reproduzir o tradicional discurso de Lula, do “nós contra eles”, foi bem assimilado pela militância petista, que, no entanto, se empolgou bem mais com a leitura da carta do ex-presidente pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh do que com a fala de Haddad.

Haddad e Greenhalgh passaram o dia todo com Lula na carceragem da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso desde 7 de abril. Como não podiam entrar na cela, boa parte da cúpula petista ficou por um par de horas aguardando que os dois decidissem os últimos detalhes do anúncio. Segundo pessoas próximas a Lula, a estrutura, bem como a potência do sistema de som, foi preparada de forma a garantir que o ex-presidente pudesse ouvir a fala do ex-prefeito de dentro da PF.

A partir de agora, o PT passa a decidir os próximos passos da campanha, a começar por uma reunião que será realizada já nesta quarta-feira no diretório nacional em São Paulo. A principal questão é como garantir vaga ao segundo turno, tendo em vista que o outro candidato da esquerda Ciro Gomes (PDT) disputa o mesmo eleitorado e vem crescendo nas pesquisas.

Carta

Escalado para ler a carta, Greenhalgh leu o documento em que escala Haddad como seu “representante nessa batalha”. “Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros”, disse Lula. “Por isso, quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para presidente da República”.

Lula destacou o papel de Haddad como ministro da Educação em seu governo, uma das estratégias para atrair para a nova candidatura o eleitorado tradicional petista, que ainda não aderiu totalmente ao ex-prefeito. “Juntos, abrimos as portas da Universidade para quase 4 milhões de alunos de escolas públicas, negros, indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram antes esta oportunidade. Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o Fundeb, o Enem, o Plano Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes mais escolas técnicas do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro”.

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