19/11/2018 as 07:56

Entrevista

“A OAB de Carlos Augusto foi reprovada”

Atual presidente da OAB em Sergipe, Inácio Krauss disputa a reeleição. Aos 44 anos – 18 deles exercendo a advocacia –, ele atua na área trabalhista e já exerceu diversos cargos na estrutura da Ordem, onde deixou uma série de serviços prestados. Nesta entrevista ele responde às críticas que vem recebendo dos seus dois opositores e direciona sua artilharia ao candidato Carlos Augusto, ex-presidente da entidade. Confira a seguir a entrevista.

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“A OAB de Carlos Augusto foi reprovada”Foto: OAB/SE

JORNAL DA CIDADE- Três chapas concorrem à presidência da OAB/SE. Todos os candidatos já estiveram juntos em algum momento no passado. O que determinou essa ruptura?
INÁCIO KRAUSS - De parte do nosso agrupamento, a divergência com os concorrentes é programática. Ou seja, de postura e de concepção administrativa quanto às funções da instituição. O que nos diferencia – e neste caso, poderia justificar essa ruptura citada por você – é o modo de trabalho em prol da classe. Basta comparar! Somos adeptos da gestão responsável e transparente, e devotada à defesa intransigente da advocacia. Cito o caso do desagravo ao renomado professor e advogado Evaldo Campos, no qual o presidente de então, Carlos Augusto Monteiro, se julgou suspeito de defendê-lo por ter amizade pessoal com os promotores envolvidos na causa. Comigo na presidência algo assim jamais acontecerá. Qualquer afronta às prerrogativas da classe será veementemente repudiada.

JC - O senhor é hoje vice-presidente licenciado da OAB/SE e representa, como candidato, o grupo da situação. É fácil defender a atual gestão, presidida por Henri Clay Andrade?
IK - Quando assumimos encontramos a OAB de Sergipe apagada. Não defendia a classe nem a sociedade. Para a nossa surpresa, a presidência de Carlos Augusto Monteiro não era apenas fraca nestes quesitos, também foi desastrosa do ponto de vista administrativo, fiscal e financeiro. Fomos obrigados a enxugar a máquina a fim de honrar dívidas de mais de R$ 960 mil deixadas por ele, motivo até de reprimenda do Conselho Federal, cujo relatório da autoria nas contas classificou aquela gestão como “péssima”. É isso mesmo, a OAB do senhor Carlos Augusto foi reprovada pelo Conselho Federal: “Péssima Gestão!”. Isso, contudo, não nos impediu de realizar um trabalho eficiente e proativo, que trouxe diversos benefícios para a classe. Somente no período quando estive interinamente na presidência (entre junho e outubro deste ano), inaugurei 12 salas da advocacia no interior sergipano, sem contar o trabalho desenvolvido pela Caixa de Assistência da Advocacia e pela Escola Superior da Advocacia, com números muito acima das gestões passadas. Meus colegas, de modo generoso, reconhecem o nosso potencial e dedicação ao trabalho.

JC - Mas o candidato Carlos Augusto contesta essas informações sobre o suposto rombo e até apresentou outro documento, também emitido pelo Conselho Federal da OAB, com um suposto “superávit orçamentário”, no valor de pouco mais de R$ 674 mil.
IK - Trata-se de uma alteração maldosa dos fatos a fim de confundir as pessoas. O que me preocupa, contudo, é a falta de conhecimento de contabilidade do candidato Carlos Augusto. O documento distribuído por ele é bastante claro: trata-se de superávit orçamentário, e não financeiro! Ou seja, havia espaço no orçamento da OAB/SE para realizar gastos, mas estes não poderiam ser feitos pela simples ausência de recursos financeiros em caixa. De fato, a gestão de Carlos Augusto não deixou apenas o rombo de R$ 961 mil. Em 83 anos de história da OAB/SE, pela primeira vez a instituição usou de empréstimo bancário para pagar salários dos servidores, com juros exorbitantes. Isso me causou muita estranheza e desconforto. Porém, tive mais estranheza ainda ao constatar que a instituição usada para o financiamento não foi o Banco do Brasil, onde a OAB tradicionalmente mantém sua conta, mas o Bradesco, que é o principal cliente do escritório de advocacia do senhor Carlos Augusto. Para tranquilizar a classe, informo que esse empréstimo também já foi quitado.

JC - Por que o senhor se considera mais apto a comandar a OAB/SE, em comparação com os demais concorrentes?
IK - Estou convicto do meu papel neste momento histórico de renovação. Renovação nas ideias e propostas, que são vanguardistas e anunciam avanços. Não podemos retroceder. Não podemos voltar a um passado onde tínhamos uma OAB fraca e deficitária. Vivemos um momento de transição, com uma gestão superavitária. Quero ser presidente para manter as conquistas obtidas por nós nestes quase três anos e promover os avanços que nossa classe tanto anseia e necessita. Temos uma chapa composta predominantemente por jovens advogados e advogadas. Pela primeira vez temos representação paritária no Conselho Federal, pela primeira vez temos predominância feminina no Conselho Seccional. Dos 66 conselheiros seccionais, 40 são nomes novos, gente jovem que nunca esteve em cargos diretivos da OAB, sem contar que sou candidato a presidente pela primeira vez, alçado à condição de liderança dessa nova geração pelo reconhecimento dos colegas, para conduzir a transição e preparar o futuro.

JC - A prioridade, então, será a advocacia jovem e a participação efetiva das mulheres?
IK - Creio numa OAB inclusiva, que agregue homens e mulheres, a advocacia jovem e os mais experientes, a advocacia da capital e a do interior. Fui duas vezes presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe e com muito orgulho deixei um legado reconhecido pela atuação firme e sempre presente, agindo também com atuação firme e sempre presente como vice-presidente e presidente em exercício entre os meses de junho e outubro. Então, posso falar com tranquilidade que a juventude terá mais e melhores condições de trabalho, ao lado dos advogados mais experientes e deste time feminino, altivo e guerreiro, que luta ao nosso lado.

JC - O que significa “Avançar”, mote de sua chapa? Como se dará esse avanço?
IK - Em resumo, fazer ainda mais e melhor do que já fizemos, mesmo diante das adversidades que encontramos. A atual gestão encerra 2018 com um bom volume de recursos em caixa, mais de R$ 1,4 milhão, após pagar todas as obrigações deixadas pela gestão anterior e dos investimentos feitos no período. Isso nos permite, por exemplo, reduzir a anuidade, já que agora foram criadas as condições financeiras. Outras prioridades são: aprovar a lei estadual de regulamentação da advocacia dativa; a construção das sedes regionais de Estância, Glória e Propriá com recursos do Conselho Federal; e também inaugurar mais salas da advocacia e ampliar os serviços nas atuais. Vamos manter a excelência dos cursos da ESA e avançar com pós-graduação presencial, inclusive no interior. E como grande inovação, vamos criar espaços de estudos para a advocacia, com toda a infraestrutura. Temos ainda como prioridade aprovar a criminalização da violação das prerrogativas da advocacia, através dos nossos conselheiros federais.

JC - O senhor citou anteriormente o caso do advogado Evaldo Campos, que envolveu um desagravo contra membros do MPE. Como está a relação com os promotores e o Judiciário?
IK - Sempre foi e continuará a ser respeitosa, mas qualquer violação das prerrogativas será combatida com rigor, conforme tem ocorrido nesta gestão e terá continuidade comigo. De modo geral, buscamos dialogar com os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público e é saudável que a convivência se dê no âmbito administrativo. Contudo, quando a situação exige mais firmeza, temos a independência necessária para exigir o devido reparo. Nenhuma amizade, com quem quer que seja – promotor, juiz, político –, irá me impedir de defender um colega advogado ou advogada afrontado em suas prerrogativas constitucionais. Este é um compromisso que selo com a classe.

JC - A campanha da OAB tem tido destaque na mídia, sobretudo no rádio, com muitos debates sendo realizados. Como o senhor avalia este momento para a advocacia?
IK - Fizemos uma campanha propositiva e bastante respeitosa com a história da OAB e da advocacia sergipana. Lamentavelmente, os nossos adversários optaram por outro caminho. De fato, eles fizeram uma dobradinha oportunista para atacar a minha honra e a do presidente Henri Clay Andrade, o que acaba maculando a história da nossa entidade, pois ataca quem fez tanto pela classe e pela OAB. Somos uma instituição que preza muito pela verdade, pela transparência e pelo trato responsável com os assuntos pertinentes à advocacia. Quero aproveitar para pedir aos colegas que compareçam às urnas nesta segunda-feira e na hora do voto comparem os candidatos, a postura de cada um, o que fizeram pela advocacia, quem está mais preparado para este desafio. Tenho certeza que ao comparar o histórico de Ordem as advogadas e advogados vão apertar o número 3, votando na nossa chapa.