03/12/2018 as 08:03

Entrevista

“É sempre bom apostar nos mais novos, sem deixar de valorizar a experiência dos mais velhos”

Jovem no cenário político, o deputado federal Baleia Rossi tem sido destacado no noticiário pela sua capacidade de articulação. Como líder do MDB na Câmara, ele tem (e continuará tendo) papel importante nas grandes votações que o Congresso enfrentará – e nos destinos do seu próprio partido. Nesta entrevista ao JORNAL DA CIDADE, ele defendeu a necessidade de renovação na sigla, respeitando sempre os mais velhos. Baleia também descartou um processo de intervenção no diretório estadual de Sergipe e avaliou que o MDB precisa ter candidato no maior número possível de prefeituras em Sergipe – o que inclui Aracaju. Mas as decisões sobre isso serão tomadas aqui mesmo no Estado. Confira a entrevista.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

“É sempre bom apostar nos mais novos, sem  deixar de valorizar a experiência dos mais velhos”Foto: Câmara/Divulgação

JORNAL DA CIDADE - O MDB saiu das urnas reduzido em 2018. O que fazer para voltar a crescer?
BALEIA ROSSI - Todos os partidos tradicionais tiveram dificuldades. Com o MDB não foi diferente. Ainda assim, temos o maior número de prefeitos e por isso seremos muito competitivos nas eleições municipais em 2020. Política é momento. Chegou a vez do PSL, como houve a do PT e a do PSDB. Como partido mais democrático do país, o MDB respeita o resultado das urnas e sabe que tem seu papel institucional.

JC - Para voltar a crescer, o MDB precisará renovar os seus quadros? Ter gente jovem na política?
BR - Esse é um processo natural. Nossa bancada na Câmara tem muita gente nova. Eu, por exemplo, estou apenas no meu primeiro mandato como deputado federal. O deputado Fabio Reis também é de uma geração nova que tem obtido sucesso e respeito de todos. Acho que é sempre bom apostar nos mais novos sem deixar de valorizar a experiência dos mais velhos. Essa mistura sempre foi bem-sucedida. Na Constituinte, por exemplo, havia o doutor Ulysses e também deputados jovens como Nelson Jobim e Antonio Britto, que fizeram um grande papel.

JC - O partido pretende disputar as prefeituras principais do país em 2020? Isso inclui Aracaju?
BR - Precisamos disputar o maior número de prefeituras, especialmente nas capitais. Nesse sentido, defendo que tenhamos candidatura própria em Aracaju. Por ter tido uma votação expressiva, o deputado Fábio Reis é uma liderança natural nesse processo, que, como sempre, precisa ser feito por meio de consenso e ouvindo todas as partes envolvidas.

JC - Como deverá se comportar a bancada do partido em relação ao governo Bolsonaro?
BR - Vamos votar a favor dos projetos que são bons para o país sem perder nossa independência. A escolha de Osmar Terra como ministro da Cidadania sinaliza que o presidente Bolsonaro conta com os quadros do MDB para fazer um excelente governo. Respeitando a harmonia e a independência entre os poderes, acho que todos temos de colaborar para o crescimento do país.
w JC - O MDB será oposição ou se engajará no bloco governista?
BR - Como eu disse, seremos independentes, sempre apoiando os bons projetos do governo. O MDB é um partido cuja marca principal é a democracia e a liberdade. Todos os deputados terão o direito de se posicionar. Todos serão respeitados.

JC - Quantas prefeituras o partido pretende disputar em Sergipe? A sigla já está se organizando para isso?
BR - Eu defendo que o MDB dispute o maior número de prefeituras possível. Mas essa decisão tem de caber ao diretório regional avaliar. Eu confio muito na análise do deputado Fábio Reis. Tenho certeza que ele vai dialogar com os filiados e demais lideranças para que seja uma obtida uma grande vitória em 2020.

JC - O presidente eleito tem privilegiado o diálogo com as bancadas temáticas, em detrimento dos partidos. O que o senhor acha disso? É um desprestígio às siglas?
BR - As bancadas temáticas são formadas por deputados ligados a partidos. Então, não acho que os partidos sejam excluídos. As duas coisas andam juntas. Veja o exemplo do ministro Osmar Terra. Ele foi indicado pela Frente Parlamentar da Assistência Social, mas é claro que conta com a admiração do nosso partido. O importante é fazer um excelente trabalho e isso ele já demonstrou que é capaz.

JC - Como será a relação de Bolsonaro com o Congresso, pelo que se pode analisar em suas falas e ações, depois de eleito?
BR - Como eu disse, Bolsonaro é um homem do Congresso. Foi deputado federal por sete mandatos. Ele tem todas as condições de ter uma ótima relação com todos.

JC - Há uma disputa hoje pelo comando do partido? Romero Jucá e Eunício Oliveira continuarão comandando o partido?
BR - Não vejo uma disputa. Vejo muita gente nova querendo colaborar com o partido, o que é natural. Por consenso, ficou decidido que o mandato do presidente Jucá será estendido até 2019. Até lá, podemos pensar com mais tranquilidade sobre o que fazer.

JC - Mas essa disputa terá implicações no comando do partido no Estado?
BR - Como eu disse, não vejo disputa. Portanto, não haverá interferência nos estados. É tradição no MDB respeitar as decisões regionais.