22/01/2019 as 08:24

Análise

São Cristóvão foi o município que menos investiu em Saúde

Análise do CRM apurou o montante investido por habitante, em 2017

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São Cristóvão foi o  município que menos investiu em SaúdeFoto: Divulgação

São Cristóvão e Lagarto foram os municípios sergipanos que aplicaram menos recursos em Saúde no ano de 2017. Neste período, a Prefeitura Municipal de São Cristóvão investiu R$ 112,08 por cada habitante, enquanto Lagarto aplicou R$ 124,88. As informações constam em um levantamento nacional apresentado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), divulgado na semana passada.


Outras cidades também apresentaram um percentual baixo de repasses para o setor. Itabaianinha enviou para a pasta R$ 137,7 por habitante, durante todo o ano de 2017, enquanto Itabaiana mandou R$ 143,56 e Aquidabã R$ 144,92.


Logo depois aparecem Tobias Barreto (R$ 145,28); Porto da Folha (R$ 152,72); Boquim (R$ 153,86); Simão Dias (R$ 154,67); Riachão do Dantas (R$ 155,36); Poço Redondo (R$ 160,64); Muribeca (R$ 163,87); Nossa Senhora do Socorro (R$ 166,14); Nossa Senhora da Glória (R$ 168,15); Capela (R$ 182,05); e Carira (R$ 180,39).

Quem mais gastou
Analisando a tabela que o JORNAL DA CIDADE divulga abaixo, foi possível ainda apurar quais as administrações que obtiveram um melhor percentual de investimento, levando em conta o mesmo critério: a divisão do investimento total na Saúde pela população do município.


Rosário do Catete (R$ 915,41) encabeça a lista, seguido por Amparo de São Francisco (R$ 851,45); General Maynard (R$ 608,94); Divina Pastora (R$ 605,02); Canhoba (R$ 547,32); Telha (R$ 518,77); e Carmópolis (R$ 466,83).

Poucos investimentos
Cerca de 2.800 municípios brasileiros gastaram menos de R$ 403,37 na saúde de cada habitante durante todo o ano de 2017. Segundo a análise do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre as contas da Saúde, esse foi o valor médio aplicado pelos gestores municipais com recursos próprios em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), declaradas no Sistema de Informações sobre os Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), do Ministério da Saúde.


O levantamento mostra, por exemplo, que os municípios menores (em termos populacionais) arcam proporcionalmente com uma despesa per capita maior. Em 2017, nas cidades com menos de cinco mil habitantes, as prefeituras gastaram em média R$ 779,21 na saúde de cada cidadão – quase o dobro da média nacional identificada. Além disso, os municípios das regiões Sul e Sudeste foram os que apresentaram uma maior participação no financiamento do gasto público em saúde, consequência, principalmente, de sua maior capacidade de arrecadação.

Sobrecarregadas
De acordo com a análise da equipe do CRM que realizou o estudo, apesar do baixo valor per capita aplicado em algumas regiões do país, grande parte dos municípios brasileiros estão se vendo cada vez mais sobrecarregados, investindo, em média, quase 30% de seus orçamentos na Saúde.

Esse cenário, segundo avaliação feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre os gastos das prefeituras com saúde, decorre de dois fenômenos: a queda da participação do Governo Federal no financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a manutenção dos gastos estaduais ao longo dos últimos dez anos.


Segundo os dados oficiais, nos últimos dez anos só as despesas municipais com recursos próprios aumentaram quase 50%, passando de R$ 55,7 bilhões, em 2008, para R$ 82,5 bilhões, em 2017, em valores atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).


“O município é o ente do poder público mais próximo do cidadão e, portanto, mais suscetível às pressões diretas da população. Além disso, é o maior responsável pela entrega dos serviços do SUS na atenção primária e na urgência e emergência, que são as portas de entrada do sistema, e mesmo na média complexidade”, explica o diretor da consultoria Monitor Saúde, Januário Montone.


Por Max Augusto/Equipe JC