18/03/2019 as 08:49

Entrevista/Maria Mendonça

“Faz-se necessário que o governador discuta com os técnicos e estabeleça prioridades”

Nesta entrevista para o JORNAL DA CIDADE, a deputada estadual Maria Mendonça (PSDB) conta como vem mantendo as ações no parlamento, inclusive que já está no sexto mandato em exercício. Na oportunidade, Maria opinou sobre a gestão do governador Belivaldo Chagas (PSD) e falou sobre as principais bandeiras, como em favor aos pacientes oncológicos e das mulheres. Além disso, contou que vem lutando pela reabertura dos matadouros, sobretudo o de Itabaiana. Sobre o município, a parlamentar preferiu ser sucinta sobre a relação política com o prefeito Valmir de Francisquinho (PR) e assegurou que o foco atual é esta legislatura. Confira o conteúdo completo logo abaixo:

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“Faz-se necessário que o governador discuta com os técnicos e estabeleça prioridades”Foto: Divulgação

JORNAL DA CIDADE - Como a senhora avalia a gestão do governador Belivaldo Chagas?
Maria Mendonça - É uma gestão que enfrenta dificuldades – como a maioria no país –, mas percebo que o governador Belivaldo tem se esforçado para adotar medidas assertivas. Claro que muito há de se fazer para tirar o Estado dessa situação caótica, que já se arrasta há cerca de dez anos, de modo a garantir dignidade aos seus concidadãos.
Não podemos aceitar que faltem medicamentos de uso continuado; não podemos continuar achando normal que o servidor não tenha, sequer, a reposição das perdas salariais; que o povo não tenha o acesso ao devido funcionamento daquilo que é obrigação constitucional. Ao mesmo tempo, tenho plena consciência de que não é fácil ser gestor, sobretudo, quando a União repassa uma série de demandas, mas sem o devido aporte financeiro para atendê-las.
Quando da abertura dos trabalhos legislativos, o governador esteve na Assembleia e apresentou a nós parlamentares e a toda sociedade um cenário muito assustador. Na oportunidade, ele disse que retornaria ao Parlamento para apresentar um quadro mais detalhado dessa situação para que todos tomássemos ciência. Estamos nessa expectativa para que, de forma aprofundada, saibamos a real situação e possamos colaborar para tentarmos tirar o Estado dessa desarrumação em que está. Importante dizer que não sou da base do Governo, mas sempre fiz política torcendo pelo melhor para o meu Estado e para o povo.
Como deputada, continuarei fazendo a minha parte, dando a minha contribuição para que os sergipanos enfrentem dias menos difíceis. É claro que a responsabilidade maior é do Governo. Faz-se necessário que o governador discuta com os seus técnicos e estabeleça prioridades para que o Estado retome o seu desenvolvimento socioeconômico.

JC - A senhora acredita que haverá uma mudança de conduta em relação a gestão passada? Por quê?
MM - Torço que haja, sim! Claro que essa não é uma tarefa fácil e os resultados não aparecem da noite para o dia. Nada acontece num passe de mágica; é uma construção diária junto à equipe administrativa e aos parceiros, privilegiando investimentos e ações que, de fato, façam diferença na vida dos sergipanos.

JC - Com o início do novo mandato, como a senhora irá atuar?
MM - Em todos os meus mandatos, eu entreguei aos sergipanos, através de proposituras e de cobranças aos segmentos públicos, diversos atos que trouxeram resultados positivos em suas vidas. Iniciativas que trazem benefícios diretos à população sergipana em áreas essenciais como educação, saúde, emprego, cultura, turismo e segurança pública. Um dos exemplos é a nossa luta pela reabertura dos matadouros, sobretudo o de Itabaiana. Ao longo dos últimos meses, temos participado de reuniões e audiências com os atores diretamente envolvidos e com o Ministério Público tentando garantir, no mínimo, dignidade aos pais e mães de família que tiram os seus sustentos desse labor.
Há algum tempo, abraçamos a causa das mulheres que sofrem com o câncer, uma doença impiedosa que tem matado muito. Infelizmente, muitas ainda são vítimas da falta de acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento em si. Aliás, na legislatura passada, entre as minhas diversas iniciativas para minimizar a dor e o sofrimento dessas sergipanas, consegui - com o apoio dos integrantes da comissão da saúde - fazer com que o Estado firmasse um convênio para a Clinrad para que elas tivessem um atendimento digno pelo SUS. Isso foi muito importante, pois até então essas pacientes oncológicas tinham que se deslocar para fora do Estado, enfrentando muito mais dificuldades. Aliás, essa medida, ajudou, também, aos cofres públicos, uma vez que era muito menos dispendioso mantê-las em seu domicílio.
Ao começarmos o ano, apresentamos diversas proposituras, como o pedido ao Governo para que seja implantada a Casa da Cultura em Itabaiana; a construção do teleférico na Serra de Itabaiana, visando impulsionar o turismo e, naturalmente, a economia. Solicitamos a viabilização de medidas que garantam água encanada a diversos povoados de Areia Branca; sugerimos a criação de um programa de prevenção do H.pylori, uma bactéria muito comum que infecta a mucosa do estômago e que, se não for identificada e tratada a tempo, pode evoluir para uma úlcera e até um câncer de estômago. São diversas ações que têm como foco a melhoria da condição humana; o estímulo à capacitação, à geração de emprego e renda e ao desenvolvimento do Estado e do cidadão. Temos vários outros projetos pautados sobre os quais falaremos oportunamente.
É importante frisar que o cumprimento do meu mandato não se dá dentro do gabinete, mas nas ruas de todo o Estado de Sergipe, conhecendo problemas e, posteriormente, procurando quem de direito nos órgãos competentes, em busca de solução.

JC - Quais serão as suas principais bandeiras para esta legislatura?
MM - Continuaremos lutando e defendendo tudo aquilo que for bom para Sergipe e para os sergipanos. Servir ao povo é o meu propósito desde que entrei para a vida pública, seguindo o exemplo do meu pai, Chico de Miguel. Temos pautado algumas bandeiras que, ao meu entender, precisam de uma mudança de rumo, como a questão da insegurança que assola todo o Estado de Sergipe; o combate à violência contra a mulher, cujos dados são estarrecedores. Esses são dois temas convergentes e complexos sobre os quais temos nos debruçado, considerando o número de pessoas que têm suas vidas ceifadas de forma abrupta e muitas vezes por motivos banais. Continuaremos a luta por melhoria das nossas estradas que, por conta das precárias condições, também, têm levado muitos cidadãos à óbito, sem contar com as mais variadas dificuldades impostas a quem precisa transitar por elas diariamente.
Outra bandeira que estamos empunhando é a do estímulo ao empreendedorismo feminino, pois as mulheres têm muita capacidade, são sensíveis e, comprovadamente, são instrumentos de mudança em seu meio. Porém, no entanto, ainda têm menos oportunidade que os homens. Precisamos garantir equidade, não apenas, por uma questão e gênero, mas por estarmos tratando de cidadãos e cidadãs que devem ter direitos iguais em qualquer cenário.

JC - Após a decisão da Justiça que determina o retorno de Valmir de Francisquinho (PR) para Prefeitura, haverá mudança nesse relacionamento político?
MM - Nenhuma.

JC - A senhora alimenta a esperança de assumir o comando da Prefeitura de Itabaiana? Há chance da sua família estar na eleição?
MM - Nós estamos em 2019 e o meu foco é continuar fazendo um mandato propositivo, respeitando cada um dos 19.102 votos que me foram confiados na eleição de outubro passado.