12/06/2019 as 08:26
VAZA JATOSe acordo com o advogado Evânio Moura, os diálogos revelam uma relação de proximidade, que beira a promiscuidade entre o juiz e o procurador.
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Em entrevista ao radialista Narcizo Machado, durante o “Jornal da Fan” de ontem, o advogado Evânio Moura foi questionado sobre as conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, entre eles Deltan Dallagnol. As mensagens extraídas do aplicativo Telegram vazaram e ganharam notoriedade no último fim de semana.
Evânio aponta que os diálogos revelam uma relação de proximidade, que beira a promiscuidade entre o juiz e o procurador. “O juiz está em uma posição acima das partes, no caso o réu e o Ministério Público, que é responsável por acusar. Diante disto, não deve aconselhar nenhuma das partes, mas tratar a todos com isonomia”, detalhou.
Ainda segundo Evânio, o juiz tem sérias vedações a sua carreira, “que são estabelecidas para garantir a imparcialidade das decisões e dos magistrados”. O jurista ainda apontou detalhes no diálogo em que é possível, segundo ele, perceber um comportamento atípico.
“Os diálogos traçam estratégias e não cabe ao juiz tratar estratégia com a acusação. Não é um diálogo normal. O juiz reclama que demora muito o intervalo entre uma operação e outra, isso não cabe. O Judiciário só se posiciona quando provocado pelas partes. O juiz diz que seria interessante inverter pedidos de operações contra determinado alvo. Essas falas deixam claro que a relação vai muito além de um diálogo normal”, destacou.
A polêmica do vazamento dessas conversas agravou a crise política enfrentada pelo Brasil. Moro foi o responsável por condenar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, maior opositor do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Quando eleito, Jair Bolsonaro convidou Moro para assumir um ministério e ele aceitou. “É um mau presságio para a democracia. Sérgio Moro não deveria ter aceitado nunca o convite, pelo bem do próprio Poder Judiciário, porque ele coloca em dúvida os reais objetivos da Lava Jato, a partir do momento em que ele se aproveitou do seu prestígio, emprestado pelo Poder Judiciário para tomar decisões que lhe favoreceram pessoalmente”, finalizou.