02/10/2019 as 08:55

AFIRMA ROGÉRIO CARVALHO

Voto a favor da reforma da Previdência é ato de covardia

Senador fez crítica dura ao projeto, que começa com o resgate de ações políticas que ele define como irresponsáveis

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O senador Rogério Carvalho (PT-SE), vice-líder do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado, fez um longo discurso na tribuna do plenário, na terça-feira (01), antes da votação da Reforma da Previdência. Foi uma crítica dura ao projeto, que começa com o resgate de ações políticas que ele define como irresponsáveis, cujas resultaram no impeachment da presidente Dilma Rousssef e paralizaram a economia do país.

“Não existe covardia maior do que enfrentar e colocar sobre as costas dos mais fracos a conta da irresponsabilidade política de quando decidiram parar o Brasil em 2015, 2016, 2017 com o impeachment que foi tramado na calada da noite que parou a economia do Brasil. Não há covardia maior do que transferir para as pessoas que vivem na periferia das grandes cidades, de querer tirar das costas do pedreiro, do servente de pedreiro, do carpinteiro, do auxiliar de serviços gerais, do professor, de todos os trabalhadores que ganham menos de cinco salários mínimos. A conta da irresponsabilidade política que se cometeu neste país contra a democracia”, expressou o senador.

Rogério Carvalho explica que foi a partir daí que a previdência do Brasil ficou deficitária. “Foi o ato de paralisar a economia em 2015 com as pautas bombas que soltaram no Congresso que parou a economia nacional, e a partir deste ano passamos a ter déficit no regime geral de previdência. ”

Voto a favor da Reforma da Previdência é ato de covardiaSegundo ele, o Senado Federal se omitir diante das perversidades da reforma da previdência estará cometendo um crime contra a população brasileira. “Agora esta mesma elite, branca, masculina na sua grande maioria, vem aqui e quer botar a conta nas costas da população mais pobre, e vem aqui dizer que foi irresponsabilidade. Não foi irresponsabilidade! Porque o sistema previdenciário do Brasil sempre foi um exemplo, uma referência. O que nós estamos fazendo é cometendo um crime sobre o único e maior patrimônio que o povo pobre deste país conquistou ao longo de um século”, declarou.

Com intensidade na fala, o senador sergipano cobrou atitude dos colegas parlamentares em enfrentar o mercado financeiro. “Portanto, eu quero saber se tens coragem de enfrentar o mercado financeiro, as corporações do mercado privado que tem 300 bilhões em isenções tributárias. Aí, ninguém tem coragem! Mas a coragem e a valentia se impõem quando é para tirar do coitado que vive de sol a sol para tirar o pão de cada dia. Não é fazer ajuste fiscal, é na verdade um instrumento de crueldade! Isso é a face de uma ideologia covarde que está por trás desta reforma da previdência”, destacou Rogério.

Emocionado, Rogério Carvalho citou a música “Perfeição” do grupo Legião Urbana, de 1993, para definir tudo o que o povo brasileiro vive nos dias de hoje. “Eu queria aproveitar a oportunidade e lembrar de um grande poeta chamado Renato Russo do Legião Urbana: Vamos celebrar nossa vaidade, vamos comemorar as mortes por falta de hospitais, vamos celebrar a ganância e a difamação, vamos celebrar os preconceitos, vamos comemorar as queimadas.

Nesse castelo de cartas marcadas, comemorar o trabalho escravo, todo roubo e toda a indiferença da elite brasileira. Vamos celebrar as epidemias, vamos celebrar a fome, vamos celebrar nosso passado de absurdos gloriosos como a ditadura que virou objeto de exaltação. Isso é um castelo de cartas marcadas!

Vamos festejar a inveja, a intolerância e a incompreensão, vamos festejar a violência, e esquecer a nossa gente que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito de mais nada. Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso que domina esta casa e esta nação!

O desafio é: vamos abrir a porta para o amor e vamos resgatar a verdade. Vamos deixar de ser covardes e enfrentar o debate real que é acabar com as isenções fiscais, que é fazer este país rodar e gerar emprego e renda, e não a medida covarde de botar a conta para os mais pobres. ”, concluiu o senador Rogério.

 

 

 

| Foto: Jefferson Rudy