02/04/2020 as 11:57
HibernaçãoAinda não é possível avaliar quanto as prefeituras e o Governo de Sergipe deixarão de arrecadar em royalties, mas vale lembrar que só o Estado recebe cerca de R$ 100 milhões por ano.
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
A Petrobras emitiu comunicado informando que as plataformas localizadas em águas rasas, em Sergipe e outros estados, entrarão em hibernação. A unidade no Tecarmo em Aracaju também deverá ser fechada e o campo de Piranema permanecerá em funcionamento até o fim do ano – depois será devolvido à ANP, para leilão. Ainda não é possível avaliar quanto as prefeituras e o Governo de Sergipe deixarão de arrecadar em royalties, mas vale lembrar que só o Estado recebe cerca de R$ 100 milhões por ano.
Questionado pela equipe do JORNAL DA CIDADE sobre o impacto financeiro do encerramento dessas atividades da Petrobras para o Estado de Sergipe, o economista e assessor especial do governo, Ricardo Lacerda, avalia que isso já foi sentido. “O impacto já houve. A produção atual de petróleo em Sergipe é apenas 33% da que era em 2008, ano do pico de produção. O impacto em termos de royalties, emprego e serviços contratados já ocorreu”, explicou Lacerda.
Segundo ele, esses prejuízos são proporcionais à perda de produção e são muito significativos, principalmente para municípios como Carmópolis e Japaratuba, entre outros. “E deve se agravar com o barril de petróleo se aproximando de 20 dólares. Mas certamente as finanças estaduais e municipais já estão sofrendo perdas significativas, tanto no FPE quanto no ICMS. O Governo Federal tem obrigação de socorrer as finanças dos entes federativos de forma rápida e massiva”, avaliou o economista, que ainda arrisca uma previsão: a produção de petróleo e gás em Sergipe somente deve voltar a crescer com a exploração de Farfan e de outros campos de águas profundas.
A ideia inicial da Petrobras seria vender as plataformas e a exploração terrestre para uma só empresa, mas houve mudança nos planos e foi definido que primeiro as unidades serão fechadas e depois vendidas. A esperança para Sergipe é o campo de águas profundas ainda em testes na Barra dos Coqueiros, um campo fértil de óleo e gás, cujas primeiras coletas poderão colocar Sergipe na dianteira do setor.
Petrobras
A Petrobras informou que, tendo em vista os impactos da pandemia do Covid-19 (coronavírus) e da redução abrupta dos preços e da demanda de petróleo e combustíveis, que adotou ações para redução de custos e preservação do seu caixa, além das medidas para preservar a saúde dos colaboradores e apoiar na prevenção da doença nas áreas operacionais e administrativas.
Conforme anunciado ao mercado na quinta-feira passada, 26, entre as ações está a hibernação das plataformas em operação em campos de águas rasas, com custo de extração por barril mais elevado, que, em virtude da queda dos preços do petróleo, passaram a ter fluxo de caixa negativo. A produção atual de óleo desses campos é de 23 mil bpd e os desinvestimentos nesses ativos continuam em andamento.
A decisão, que abrange as plataformas da companhia localizadas em águas rasas do Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e no Polo Garoupa da Bacia de Campos, faz parte de um conjunto de medidas que tem por objetivo a redução da sobreoferta no mercado externo e diminuição da exposição pela redução da demanda mundial de petróleo causada pela pandemia do coronavírus e crise do petróleo.
Entre outras medidas anunciadas pela Petrobras estão a redução na produção, a postergação para 15/12/2020 do pagamento de dividendos anunciado em 19/02/2020, com base no resultado anual de 2019, no valor de R$ 1,7 bilhão; o adiamento do pagamento de horas-extras, recolhimento do FGTS, gratificação de férias, prêmio por performance e promoção de empregados, entre outras.
MAX AUGUSTO
Da Equipe JC