13/07/2020 as 11:36

ENTREVISTA

Valmir de Francisquinho: ‘O mais importante é o combate a essa pandemia’

Para nós, o mais importante é o combate a essa pandemia. Por isso que, desde o início, temos seguido todos os decretos lançados pelo Governo do Estado, até mesmo por entender que essa não é uma luta a ser travada por uma pessoa só, mas por todos, unidos com o mesmo propósito

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ESTA SEMANA, NO MUNICÍPIO DE ITABAIANA, O ASSUNTO FOI A DECLARAÇÃO DO GOVERNADOR BELIVALDO CHAGAS DE QUE PODERIA DECRETAR LOCKDOWN NO MUNICÍPIO SERRANO, POR CONTA DO AVANÇO DA COVID-19. NESTA ENTREVISTA AO JORNAL DA CIDADE, O PREFEITO VALMIR DE FRANCISQUINHO, ADVERSÁRIO POLÍTICO DO GOVERNADOR, DISSE QUE TEM GUIADO SUAS AÇÕES DE COMBATE À PANDEMIA PELA CIÊNCIA E QUE ESTARIA DISPOSTO A RESPEITAR ATÉ MESMO O LOCKDOWN, SE O GOVERNO AVALIASSE MESMO ISSO COMO A MELHOR SOLUÇÃO. ELE AINDA DIZ QUE GOVERNO E MUNICÍPIO ESTÃO TRABALHANDO BEM, UNIDOS PARA COMBATER O CORONAVÍRUS, DE FORMA TÉCNICA. OPTANDO POR NÃO FALAR MUITO EM ELEIÇÕES, ELE ANUNCIOU QUE SEU GRUPO JÁ TEM CANDIDATO À SUA SUCESSÃO – E QUE NÃO É O SENADOR EDUARDO AMORIM, COMO FOI COGITADO POR MUITOS. CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA.

JORNAL DA CIDADE – O governador Belivaldo Chagas falou esta semana na possibilidade de decretar lockdown em Itabaiana, por conta dos crescimentos dos casos de Covid-19. O que o senhor achou disso?
VALMIR DE FRANCISQUINHO - Para nós, o mais importante é o combate a essa pandemia. Por isso que, desde o início, temos seguido todos os decretos lançados pelo Governo do Estado, até mesmo por entender que essa não é uma luta a ser travada por uma pessoa só, mas por todos, unidos com o mesmo propósito. Assim, caso os estudos técnicos apontem para essa necessidade e o governador Belivaldo Chagas assim decrete, seguiremos, pois tem sido essa a nossa postura desde que passamos a viver esse momento tão difícil. Mas vale registrar que o aumento no número de casos veio acompanhado do aumento exponencial da realização de testes, pois hoje Itabaiana é, proporcionalmente, um dos municípios que mais realizam testes no país, inclusive com parcerias fechadas com a Universidade Federal de Sergipe e a Universidade Federal de Pelotas, do Rio Grande do Sul, justamente para a realização da testagem. Quanto mais testes, mais descobriremos quem está contaminado, sendo que essas pessoas passam para o isolamento com o acompanhamento da nossa Saúde, diminuindo o contágio. Além disso, quanto mais testes, mais positivados, mas também teremos mais curados. Eu sabia das críticas a que estaria exposto, mas entendi que devemos respeitar a ciência. E ela diz que o melhor caminho é fazer o maior número possível de testes. É isso o que estamos fazendo.

JC - A CDL de Itabaiana em entrevista ao JC também se manifestou contra o lockdown. O que a população do município acha dessa possibilidade?
VF - Do ponto de vista da atividade econômica, a pandemia tem sido muito difícil. Assim nós entendemos inteiramente a posição da CDL. E a nossa população, como se sabe, é trabalhadora, tem o trabalho e o desenvolvimento em seu DNA. Ninguém está satisfeito com essa situação. E nós, que estamos na linha de frente, no dia a dia, recebemos essas reclamações por parte dos empresários e também da classe trabalhadora. Para um povo acostumado a trabalhar, passar pelo que estamos passando é algo muito difícil mesmo. Mas, com a consciência de todos e com muita fé em Deus, vamos superar tudo isso e sairemos mais fortes dessa pandemia.

JC - Como está o funcionamento do comércio de Itabaiana?
VF - Dentro do que prescrevem os decretos estaduais, que são imediatamente seguidos pelos decretos municipais. E quando existem excessos, nós estamos lá para fiscalizar. Mas é bom destacar que os princípios de aglomerações só têm ocorrido, em nossas áreas comerciais, nas agências bancárias. Mas mesmo isso tem sido coibido por nossa Guarda Municipal e nossos agentes da SMTT, além de nossa Vigilância Sanitária. Aliás, é bom ressaltar também que os nossos servidores estão trabalhando muito, estão dando sua colaboração decisiva para superarmos essa pandemia. E é bom que isso sirva de exemplo para a população, pois a gestão não para um instante só nessa luta pela vida e pela recuperação da economia no menor espaço de tempo possível.

JC - O fluxo de caminhoneiros vindos de todo o Brasil é um problema que coloca a capital dos caminhoneiros na rota de risco?
VF - Claro que aumentam os riscos, por isso mesmo instalamos barreiras sanitárias que funcionam às quartas, quintas e sábados, dias de maior fluxo por conta das feiras livres e da feira do atacado. Nos demais dias, como temos a BR235 que cruza a nossa cidade, o fluxo interno é muito menor. E quanto aos caminhoneiros itabaianenses, que rodam Sergipe e o Brasil inteiro, estes estão entre aqueles mais conscientes do papel que eles exercem, pois sem eles aí é que o país pararia de vez. E por rodarem bastante e estarem em cidades que estão em situação muito pior que a nossa, os caminhoneiros estão cientes das medidas de segurança sanitária que precisam tomar. Afinal de contas, eles rodam o Brasil todo, mas voltam para suas famílias aqui em Itabaiana. E ninguém quer colocar em risco suas famílias, não é verdade?

JC - A Prefeitura de Itabaiana foi chamada pelo governo para discutir a possibilidade de lockdown e os problemas gerados pela pandemia da Covid-19?
VF - O diálogo com o governo tem funcionando. Nossa Secretaria de Saúde e a do Estado estão em contato diariamente, sem exceção. Como já disse, essa não é uma luta de um homem só, é de todos juntos. Essa semana mesmo, a secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, esteve em Itabaiana, nós a recebemos, demonstramos nossas ações, levamos ela ao Centro de Referência no Enfrentamento à Covid-19, que instalamos em uma creche moderna, ampla, arejada e que estava sem funcionar, com leitos de retaguarda e equipes completas, com três médicos cada uma, atendendo das 7h da manhã até a última pessoa ser atendida, sem horário para fechar. E a secretária viu e aprovou a infraestrutura e os serviços ofertados à população. E ela fez questão de deixar claro que esse Centro tem sido de suma importância para desafogar o fluxo de pessoas no Hospital Regional que é administrado pelo Estado, pela secretaria que ela comanda. Só para se ter uma ideia, desde que foi inaugurado, no início de junho, até o dia de hoje, já vamos com 10 mil atendimentos só nessa unidade que montamos. Agora, imagine se essas 10 mil pessoas, cerca de 10% da nossa população, ao invés de buscar o atendimento no município fosse para o Hospital Regional? Aí sim poderíamos ter um verdadeiro caos. Mas, graças a Deus, nossa equipe na Saúde tem sido muito competente e dado respostas rápidas e corretas durante toda a pandemia.

JC - O fato de prefeito de Itabaiana e governador serem adversários políticos está dificultando o diálogo com o governo?
VF - De jeito nenhum. Belivaldo sabe que pode contar comigo e eu sei que posso contar com ele. Não somos aliados políticos, mas estamos aliados em defesa da vida, em defesa da minimização dos impactos econômicos. E disso nem ele e nem eu abrimos mão. Claro que tem aliados políticos do governador em nossa cidade que tentam se utilizar politicamente da pandemia para nos atacar. É uma atitude desonesta, que o próprio governador reprova, afinal ele mesmo disse que não permite a politização desse assunto de maneira alguma. Mas isso não ocorre porque eles são aliados de Belivaldo, mas porque eles são meus adversários. Aliás, Sergipe precisa saber que esses nossos adversários estão brincando com a vida das pessoas. Enquanto um grupo chama nosso Centro de Enfrentamento de “circo”, ou seja, dizendo que profissionais de saúde seriam palhaços, outros já partiram para a mais pura baixaria e até de assassinato nossa gestão, nossos profissionais e até eu mesmo já fomos acusados. Eles não estão se importando com a vida das pessoas, seus líderes nem aparecem, não colaboram em nada, não movem uma palha para ajudar. E seus liderados nas redes sociais e aqueles que atuam em emissoras de rádio só sabem produzir notícias falsas, fake news, para aterrorizar a população e tentar desgastar a nossa imagem. Olha, pode até ser que a justiça dos homens não puna esses verdadeiros crimes que eles estão cometendo ao mentir e levar intranquilidade para a população, uma vez que existem as interpretações da lei. Mas a justiça divina, que é a maior de todas, com certeza está vendo tudo isso que está acontecendo. E eu entrego nas mãos de Deus e sigo trabalhando duro, sem descanso, para salvar vidas e proteger nossa população.

JC - O que a prefeitura está fazendo para tentar barrar o coronavírus?
VF - Aqui é preciso esclarecer que nossos atos têm sido guiados pela ciência, pelo conhecimento técnico, pelo que é preconizado pelo Ministério da Saúde e pela própria Secretaria de Saúde estadual. E, sendo assim, todas as nossas ações obedecem a uma estratégia. Começamos com o fechamento das escolas, depois passamos por uma transformação radical das nossas feiras, em parceria com o Ministério Público, fizemos uma redução penosa, difícil para quem depende desse trabalho, mas necessária, pois mantivemos a venda apenas de alimentos e, com isso, ampliamos o espaçamento entre as bancas, com corredores mais largos. Isso ainda no final de março e início de abril. Também nessa época abrimos as primeiras duas unidades de tratamento referenciais, o Sesp e o posto do Sítio Porto. Seguimos investindo pesado em comunicação para conscientizar as pessoas, seja nas redes sociais, sejam nos veículos de comunicação. Com o povo informado, sabendo dos decretos estaduais e municipais, do incentivo ao isolamento e ao distanciamento social, partimos para ações práticas, como a compra e distribuição de kits de proteção com álcool gel, sabonete líquido e máscaras de proteção. Foram 15 mil nessa primeira leva e estamos adquirindo mais. Inauguramos o Centro de Referência no início de junho e, agora, começamos a perceber os primeiros resultados positivos da nossa estratégia de testagem em massa, pois, como já disse, só estamos vendo esse aumento nos números de contaminados porque aumentamos muito a testagem. E seguiremos aumentando até, com fé em Deus, o quantitativo que for necessário para que possamos vencer a pandemia.

JC - Como a crise e o coronavírus atingiram a gestão municipal? Houve queda de recursos? Obras foram paralisadas? Salários de servidores estão sendo pagos?
VF - A queda tem sido radical, pois caíram as receitas próprias, os repasses, enfim, com a economia em menor atividade não tem jeito, os recursos públicos também caem. Mas, graças a Deus e a organização de nossas equipes no planejamento e nas finanças, as obras não pararam porque os recursos para elas já estavam garantidos. No caso dos servidores, tivemos que cortar na carne, algo que ninguém gosta de fazer, claro, mas enxugamos a folha e estamos conseguindo pagar os servidores dentro do mês trabalhado. Não está sendo fácil, temos que estar atentos diariamente ao que entra e ao que sai do caixa da prefeitura para não desperdiçar um centavo sequer. Está difícil, mas temos conseguido vencer essas batalhas mensais para fechar as nossas folhas de pagamento.

JC - O que achou da nova data para a eleição municipal? O senhor avalia que há condições de realização de eleição este ano?
VF - Eu confesso que não estou preocupado com eleições nesse momento. O foco é na administração e no combate à crise. Acho que o adiamento foi importante e, também, que devemos avaliar como o novo coronavírus se comportará daqui para frente. Se o preço para realizar a eleição for uma única vida sequer, não vale a pena fazer. E aí, se for preciso, que se adie. Se não, que seja no dia 15 de novembro. Não acho que as eleições valham mais do que a saúde e proteção de nosso povo.

JC – E, falando nisso, qual será o nome apoiado pelo senhor para sucedê-lo? Eduardo Amorim ainda é uma opção? Há outras?
VF - Eu não falo de política há muito tempo, isso me referindo a eleições. Mas a pré-candidatura de nosso agrupamento é a de Adailton Sousa, isso Itabaiana e Sergipe já sabem. Mas não lançamos oficialmente e nem faremos isso enquanto houver riscos para a população. Quanto a Eduardo Amorim, que faço questão de registrar como o melhor senador que Sergipe já teve, ele também, assim como muitos outros nomes de lideranças que compõem nosso grupo, foi ouvido e também entende que o melhor nome é o de Adailton Sousa. Mas esse assunto fica mais para frente, tá certo?

JC - Houve um desentendimento ou afastamento entre o senhor e Eduardo Amorim? Por qual motivo?
VF - Se ele foi um dos que foram ouvidos, que opinaram sobre o nome de Adailton, claro que não aconteceu isso. Aliás, a oposição é que torcia para isso. Mas vão ficar apenas torcendo, viu?

Por Max Augusto