20/07/2020 as 07:42
ENTREVISTAEm Itabaiana a situação é bem crítica, pois já são mais de 400 casos confirmados da doença e cerca de 180 dias em isolamento social
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A deputada estadual maria mendonça (psdb), filha do líder político chico de miguel (in memorian), revelou nesta entrevista ao jornal da cidade que o seu agrupamento terá candidato à sucessão em itabaiana e ratifica que os teles de mendonça e os bispos de lima sempre estiveram e continuarão em campos opostos. inclusive, sobre a situação do coronavírus no município, a parlamentar foi enfática ao afirmar que o “poder público tem uma responsabilidade enorme de agir”. além disso, aproveitou para expor como vem sendo a atuação parlamentar e destacar a importância do governo ouvir todos os segmentos para “encontrar uma saída” para o atual cenário. confira o conteúdo completo logo abaixo:
JORNAL DA CIDADE – – Como a senhora analisa a atuação do Governo de Sergipe nas ações de combate à Covid-19? O que ainda merece ser feito?
MARIA MENDONÇA – Vejo que o governo tem feito a parte dele, vem tentando acertar, porém o quadro é muito complexo e os efeitos são sentidos, não só no campo sanitário, mas também no econômico e social. Não podemos negar que o Governo Federal tem sido muito diligente no que se refere à liberação de recursos, o que garante um impulsionamento nas ações de enfrentamento à doença que, infelizmente, tem matado muito dos nossos irmãos sergipanos e brasileiros. Pelos números que temos acompanhado, já entendemos que a política do isolamento social não tem funcionado. Tanto é que, apesar das recomendações, já são mais de 40 mil casos de infectados e ultrapassamos a casa dos mil mortos. E, a despeito do que lemos, vimos e ouvimos, as pessoas têm saído de casa, seja para trabalhar ou, apenas, para circular. Recebo vídeos, quase diariamente, de idosos, crianças, famílias inteiras passeando, alheias à possibilidade de contaminar ou ser contaminada. Isso me deixa apavorada, porque muitos podem estar contaminados sem saber, o que agrava ainda mais a situação. Então, penso que o Governo deve ouvir os segmentos organizados e encontrar uma saída para o problema. Tenho acompanhando falas de especialistas defendendo a necessidade de ampliar a testagem. Aliás, a Universidade Federal de Sergipe já vem fazendo esse trabalho por todo o Estado e creio que o governo deve envidar esforços para ampliar essa ação de modo a, a partir dos resultados, poder adotar medidas mais assertivas.
JC – Recentemente, inclusive, o governador Belivaldo Chagas falou sobre uma possibilidade de lockdown mencionando até Itabaiana. O que a senhora acha sobre a medida?
MM – A meu ver, o lockdown é uma medida extrema. Infelizmente, em Itabaiana a situação é bem crítica, pois já são mais de 400 casos confirmados da doença e cerca de 180 dias em isolamento social, além dos óbitos. Só na semana passada perdemos dois amigos para a Covid-19. É doloroso vermos famílias sendo destruídas pelo vírus. O poder público tem uma responsabilidade enorme de agir no sentido de evitar que isso se alastre mais. Não podemos ficar contabilizando casos, pois estamos tratando de vidas humanas que merecem ser preservadas.
JC – Além do governador, o que senhora acha que os prefeitos deveriam fazer para melhor combater a Covid-19 em Sergipe?
MM – Todos têm que ter responsabilidade nesse processo, afinal são gestores e devem ter o compromisso de adotar ações que visem o enfrentamento desse vírus, que tem deixado sequelas em todos os campos, de modo que a população sofra o menor impacto possível. Têm sido destinadas verbas federais para isso. Inclusive, esta semana, 71 municípios foram contemplados com recursos pleiteados pela senadora Maria do Carmo (DEM). Foram R$ 30 milhões rateados e os recursos já foram depositados nas contas das prefeituras, portanto, cada um tem que fazer a sua parte.
JC – Como avalia a transparência das ações? Como vem sendo feita a sua fiscalização durante esse período da pandemia?
MM – Tenho dito que a decretação de emergência não pode servir de justificativa para a falta de transparência, seja com os dados relacionados ao número de casos da doença; os óbitos; informações relevantes para embasar pesquisas científicas; ou gastos para aquisição de equipamentos, materiais de insumo, contratos e repasses que envolvam verbas públicas. Nesse sentido, apresentamos um projeto de lei (PL 146/2020), propondo a criação de uma política estadual de transparência nas ações de combate ao coronavírus. A matéria traz em seu bojo a preocupação com o cuidado que os gestores e sociedade devem ter para que haja respostas rápidas, eficientes e eficazes em todos os atos que forem realizados com o fito de enfrentamento aos efeitos do Covid-19.
JC – Sobre a situação da pandemia, a senhora constantemente direciona as ações como parlamentar para as questões de combate à violência contra mulher. Até o momento, o que vem sendo feito?
MM – Esse, infelizmente, tem sido um período em que o lar, que deveria ser lugar sagrado, tornou-se num ambiente ameaçador. Por isso, mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência têm sido alvo fácil de pessoas que deveriam protegê-las. Por isso, o nosso olhar foi ampliado na perspectiva de cuidar da mulher, que continua sendo vítima, mas também dessas outras populações indefesas e que, por estarem isoladas com os próprios algozes, ficam longe do olhar da sociedade e do cuidado dos poderes constituídos. Temos apresentado proposituras e defendido medidas que visem a garantia de direitos e a integridade dessas pessoas que, lamentavelmente, ficam expostas a toda sorte de violência, desde a sexual, passando pela física e psicológica, até o abandono. O nosso papel como parlamentar é cobrar e propor iniciativas, bem como cobramos a efetivação dessas políticas que são imprescindíveis à preservação da vida humana. Não podemos esquecer a importância do papel da população nessa cobrança para que as ações efetivamente sejam implementadas.
JC – Nesse período, quais as principais dificuldades encontradas para melhor atuar como deputada?
MM – Mesmo estando com todos os colaboradores em home office, o nosso gabinete está funcionado a todo vapor. Isso nos garante fluidez nas ações, tanto é que nesse período de pandemia foram apresentadas inúmeras proposituras, muitas delas já aprovadas, não só beneficiando os sergipanos de forma geral, mas segmentos específicos, como garis e caminhoneiros, por exemplo. A nossa maior dificuldade é continuar ouvindo a população de toda parte de Sergipe que sempre encontrou em nossa casa, desde a época do meu saudoso pai Chico de Miguel, o aconchego e a escuta empática das suas demandas e necessidades. Nesse período, por uma questão de segurança para todos, não temos recebido as pessoas em nossa residência, dada a necessidade de mantermos o distanciamento social. O trabalho, no entanto, continua pelos nossos canais online e, através deles, na medida do possível, tentamos solucionar algumas questões que nos chegam diariamente. Em breve, se Deus quiser, a casa dos Teles de Mendonça reabrirá as suas portas para que o nosso povo se achegue a partir das 6h, como historicamente sempre aconteceu.
JC – A senhora tem história na política de Itabaiana, como acredita que será desenhada a eleição deste ano no município?
MM – Temos uma longa história, iniciada pelo nosso líder político, Chico de Miguel, e continuada pela família Teles de Mendonça. Sempre temos dito que quem tem história conta, e nós temos muita para contar, porque muito fizemos pelo nosso povo. Importante dizer que esse fazer nada mais é que obrigação de todo agente público, afinal somos representantes legitimados pelo voto popular para cuidar e defender os interesses do nosso povo. Com relação ao pleito deste ano, estamos diante de uma situação muito atípica, onde praticamente toda a campanha ocorrerá no campo virtual, mas esperamos que seja um processo respeitoso, marcado por proposição e não por agressões e leviandades.
JC – A senhora já definiu que grupo irá apoiar? Qual seria o candidato? Há como fazer composição com seu colega Luciano Bispo (MDB)? Ou com o PT? Por quê?
MM – Estamos conversando, virtualmente, é bom que se frise, com o nosso agrupamento e, no momento certo, apresentaremos os nomes que estarão participando do processo. Uma coisa posso garantir: os Teles de Mendonça apresentarão candidato à sucessão municipal de Itabaiana. Quem acompanha a história política do nosso Estado sabe que não há qualquer chance de uma aliança política entre os Teles de Mendonça e os Bispo. Sempre estivemos em campos opostos e assim continuaremos, mesmo que algumas pessoas tentem confundir a opinião pública ao plantar notinhas ali e acolá inventando uma possível aliança. Posso garantir que isso nunca ocorreu e nunca ocorrerá. A chance de estarmos num mesmo projeto político sempre foi e continuará sendo zero.
Por Mayusane Matsunae
Foto: Divulgação