26/10/2020 as 08:03

ENTREVISTA

Márcio Macêdo: ‘É possível devolver ao aracajuano a cidade da qualidade de vida’

Na oportunidade, ele contou sobre o plano de governo, as prioridades e relembrou o rompimento do grupo petista

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Márcio Macedo (PT) é o candidato da vez a participar da rodada de entrevistas do jornal da cidade. Na oportunidade, ele contou sobre o plano de governo, as prioridades e relembrou o rompimento do grupo petista com o bloco da atual gestão da capital – “O PT continua onde sempre esteve que é ao lado do povo”.

Falando sobre as propostas, marcio, que é biólogo com mestrado em desenvolvimento e meio ambiente, destaca que a prioridade será obras e ações voltadas ao desenvolvimento da capital – “contudo, atreladas às questões sociais e ambientais”. Confira o conteúdo completo:

JORNAL DA CIDADE - Sendo gestor, o que acredita que poderá fazer para Aracaju? O que esperar da sua gestão?
MM – Nossa gestão será pautada no debate e compromissos que os aracajuanos já conhecem. Vamos resgatar ações implementadas nas gestões de Marcelo Déda e formatar a atual realidade que hoje vivemos. É possível devolver ao aracajuano e aracajuana a cidade da qualidade de vida, que já foi uma realidade há alguns anos. Mas, para isso, precisamos focar o nosso olhar e trabalho em alguns pontos essenciais. Quero uma educação transformadora e fazer com que a escola seja porta de entrada de grandes projetos sociais, não apenas um local de estudo. Precisamos investir em ações que possam somar com o aprendizado. Por isso, vamos valorizar os servidores, que estão há quatro anos sem um reajuste. Isso é desrespeito! Cadê a banda larga nas escolas? Em pleno Século XXI, Aracaju está atrasada, não expande a educação dos alunos nem investe em condições de aprendizado. Além disso, a atenção básica será prioridade, porque vamos resgatar isso, com a participação dos servidores, dos professores, mas, também, das comunidades. Em nossa gestão, a escola será um espaço de convivência social. Ana Lúcia e eu fizemos parte da gestão de Déda, então nós sabemos como fazer. Edvaldo foi reprovado na educação, deixando nossa cidade na última colocação do IDEB. Na minha gestão, iremos cuidar com carinho da educação. Eu sou professor e Ana Lúcia tem uma história ainda maior na educação. As pessoas sabem e estão saudosas disso. Mas essa saudade está chegando ao fim. Serei prefeito para cuidar das pessoas e, em nossa gestão, o povo terá participação na prefeitura. Outro ponto que destaco, e que está em nosso plano de governo, é a questão que envolve as micro e pequenas empresas aracajuanas. Elas sofreram um baque nessa pandemia. A situação é tão grave que 1.437 empresas fecharam as portas na capital. E isso significa desemprego em massa. As empresas fecharam e não reabriram. Isso também foi culpa da falta de gestão de Edvaldo. O prefeito não fez o suficiente no combate da pandemia. Ele não auxiliou o povo a ter dinheiro para comer. Nós precisamos cuidar dos mais vulneráveis. E, para isso, vamos estimular a economia da cidade, primeiro ajudando as famílias a se reestruturarem e, em seguida, estimulando o empreendedorismo da cidade, para que eles possam servir também à prefeitura. No âmbito da saúde, vamos criar o Centro de Diagnósticos. Nós precisamos que as pessoas tenham a resposta imediata. Não podemos admitir que os aracajuanos e aracajuanas passem dois anos numa fila de exames. Sabemos, podemos e vamos fazer isso. O que tem salvado Aracaju de uma tragédia nessa pandemia foram às ações de Déda e do Senador Rogerio Carvalho, ainda na gestão do PT. O Samu, os hospitais da zona sul e zona norte, as equipes de saúde que, infelizmente, o prefeito não teve competência nem de expandir, ainda são as mesmas. Nesse sentido, além de reestruturação, também vamos criar 40 novas equipes de saúde e construir dez unidades básicas e locais estratégicos, com foco no atendimento imediato de nossa população. Outro ponto que defendo é a licitação do transporte público. Entendemos que a licitação é a única alternativa para essa situação em Aracaju. Então, vamos, sim, fazer a licitação. A passagem é cara, a qualidade é ruim. Isso não é dignidade para quem paga pelo serviço. Nós temos que ter transporte de qualidade e tarifa justa para todos. O bilhete único pode ser uma realidade aqui. Só não é feito porque as empresas de ônibus não permitem. Mas essa regra eu quero e vou quebrar. É preciso entender e se sensibilizar com uma questão: tem gente que mora distante da família, e que não tem condições de pagar mais de oito reais para ir e voltar. Têm pessoas que não podem ir à praia ou a outros pontos de lazer, porque priorizam o dinheiro para ter o que comer. Então, qual o problema em ter transporte gratuito aos domingos? Nenhum. Estamos estudando a questão e já vimos que é possível fazer.

JC – Como está pautado o seu plano de governo? Qual será a sua prioridade?
MM – Ao longo dos últimos anos, buscamos manter vivos os elementos que norteiam a nossa história, tais como a inversão de prioridades nas gestões públicas e a produção de justiça e inclusão social. Por conta disso, estivemos com outros agentes da política, sempre com essas ideias em nossas mentes e corações. Nosso ponto de partida tem foco em um olhar atento à cidade que temos hoje, com projetos direcionados a sua organização, seus dados e aspectos urbanos, econômicos e sociais. Sendo assim, priorizamos obras e ações voltadas ao desenvolvimento da cidade, contudo, atreladas às questões sociais e ambientais. Dentro dessa visão, vamos realizar a construção participativa de um novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, com proposições de intervenções prioritárias nos assentamentos populares para equalizar a distribuição de infraestrutura, serviços urbanos, equipamentos públicos e qualificação dos espaços públicos, além do incremento de políticas, principalmente nos âmbitos de saúde, educação, esporte, cultura e lazer. Essas proposições serão divididas em três eixos programáticos, o 1 e o 2. O primeiro foca em políticas públicas no âmbito da Cidade Inclusiva, com projetos inteiramente ligados à saúde, educação, assistência social, cultura, segurança, mulheres, promoção da igualdade racial, juventude e população LGBTQIA+. Já no segundo eixo, nossas ações serão focadas na temática da cidade planejada e participativa, com ênfase em políticas públicas ligadas ao direito à cidade, centralidade do planejamento urbano, territorialização da cidade – com melhor organização e distribuição das áreas de assentamentos populares, bairros em estruturação, bairros estruturados, centro histórico e zonas e expansão estuarina e marítima –, como, ainda, a criação e efetivação do novo plano diretor, o uso e ocupação do solo, a habitação, mobilidade urbana, infraestrutura urbana e gestão, participação popular e controle social. Nosso terceiro eixo programático evoca a ideia de cidade sustentável e empreendedora, com foco no meio ambiente e sustentabilidade, serviços urbanos e zeladoria, economia urbana, desenvolvimento, trabalho e renda, e turismo.

JC – O seu partido rompeu com o bloco da situação na capital, o que houve? Quem mudou?
MM – Veja bem, o PT continua onde sempre esteve que é ao lado do povo. Edvaldo é que fez uma opção política e mudou de lado. Ele se entregou à direita e faz uma administração conservadora, se tornando incapaz de colocar o povo no orçamento da prefeitura e, consequentemente, nas prioridades das políticas públicas. O PT foi decisivo nas eleições que Edvaldo ganhou para a Prefeitura de Aracaju, e ele sabe disso. Mas, ainda assim, ele optou por se distanciar do projeto original de Déda. Ele escolheu um lado que foge completamente daquilo que entendemos como política pública. Edvaldo acabou com a participação popular, com o orçamento e o planejamento participativo, esvaziou os mecanismos de controle social e de transparência pública. Graças à forma de ele fazer política, houve um desmonte do projeto de saúde, iniciado no governo anterior ao dele. Com esse novo perfil apresentado, nos fez perceber que ele aprofundou um modelo de execução de obras sem levar em consideração o meio ambiente e os conceitos modernos de urbanismo, a exemplo das recorrentes enchentes que ocorrem na cidade. Sem contar que, em meio a uma pandemia, ele não pensou em nenhum programa de transferência de renda, como o Renda Básica, para os mais pobres. Não cuidou das pessoas. 


JC – A ex-deputada Ana Lúcia já havia anunciado a “aposentadoria” para a disputa de cargos eletivos. Como chegou ao nome dela para compor a chapa majoritária? Houve convencimento ou vontade própria? Por que?
MM – Ana Lúcia é um emblema de luta. É símbolo de honestidade, de resistência democrática, do compromisso social de direitos humanos. Ela é a nossa lição diária de como ser militante. Então, quando dialogamos, ela viu que chegou a hora de dar sua contribuição neste momento decisivo para Aracaju. Ela é uma companheira de sonhos e de luta, sempre ligada às causas sociais e necessidades de quem mais precisa. O seu trabalho como deputada e secretária são exemplos de gestão. A professora Ana Lúcia é um orgulho para todos nós, por isso foi escolhida para ser a nossa vice.

JC – Há alguma possibilidade, num futuro, o PT fazer aliança com algum outro partido? Há possibilidade de estar ao lado de Edvaldo novamente? Por que?
MM – A política é algo muito dinâmico. A gente não pode simplesmente dizer que não vai fazer aliança com A ou com B, porque tudo isso depende do contexto político pelo qual a sociedade passa. Por exemplo, hoje nós temos um movimento de ultradireita no país, um movimento que corta direitos e que se reflete em ações de gestão, que cortam do orçamento, de áreas que são fundamentais da sociedade, como educação, saúde, cultura, esporte, inclusão social. Então, naturalmente em cada eleição, num cenário como esse, a gente precisa estudar o cenário e tomar decisões à luz da conjuntura política de cada momento.

Por Mayusane Matsunae
Foto: Divulgação