21/12/2020 as 08:23

ENTREVISTA

Fábio Mitidieri: ‘O PT apostou num rumo próprio’

Ele diz que ainda é cedo – o que não quer dizer que quem tenha pretensões não deva trabalhar

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Fábio Mitidieri: ‘O PT apostou num rumo próprio’

O ano é 2020, mas a pauta já é a eleição de 2022. É só o que se fala nas rodas políticas e na imprensa, após o pleito eleitoral deste ano. Para o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), esse debate foi antecipado. Ele diz que ainda é cedo – o que não quer dizer que quem tenha pretensões não deva trabalhar. Ele também deixa claro: o coordenador do processo político no agrupamento ao qual pertence será o governador Belivaldo Chagas – que não informou ainda aos aliados qual será o seu destino (se conclui o mandato ou disputa as eleições e deixa o governo com a sua vice). E falando sobre o PT, Mitidieri avalia que o partido optou por tomar seu próprio rumo nessas eleições, lançando candidatos em diversos municípios, contra os candidatos do agrupamento. “É um direito que eles têm, mas é claro que afasta e deixa sequelas”. Confira a entrevista completa, onde o deputado federal fala sobre política e faz um balanço do ano que está acabando.

JORNAL DA CIDADE - O senhor está em pré-campanha para disputar o Governo do Estado? 2022 é logo ali e os nomes que pretendem entrar na disputa já estão movendo as peças no xadrez da política?
FÁBIO MITIDIERI - Sempre disse que 2022 passava por 2020 e fizemos o dever de casa. O PSD saiu fortalecido do processo eleitoral. Meu nome está à disposição do agrupamento, mas temos outros bons nomes também e tenho certeza que o governador Belivaldo irá conduzir isso da melhor forma possível, e no momento adequado. Sinceramente, acho que anteciparam um pouco o debate. Está cedo. Isso não quer dizer que quem tem pretensões não deva trabalhar, pelo contrário, apenas que devemos respeitar o tempo das coisas e lembrar que será o governador quem irá coordenador esse processo.

JC- O conselheiro Ulices Andrade, do TCE, tem sido lembrado, já faz um tempo, como alternativa do PSD para disputar o Governo do Estado. Ulices está em pré-campanha? Ele já conversou com o PSD sobre essa possibilidade?
FM - Particularmente, sou um amigo e admirador do conselheiro Ulisses. Acho um grande nome, mas até pela sua condição de conselheiro, ele tem se preservado, no que está certíssimo. Acho que é mais uma ótima opção do agrupamento.

JC - O governador Belivaldo Chagas deve concluir o mandato ou vai deixar o cargo para participar da eleição em 2022? Isso já está sendo discutido no partido? Qual a sua opinião sobre essa possibilidade?
FM - Essa é uma decisão que só cabe ao governador tomar. O que ele decidir, nós acompanharemos. Mas entendo que o momento é de ajudá-lo na gestão. Sergipe precisa mais do que nunca que o governador esteja focado na administração nesse momento de pandemia e crise econômica. Quando for o momento de política estaremos ao lado do governador na decisão que ele tomar.

JC - O senhor acha que é possível Belivaldo deixar o cargo e entregar o governo ao PT, através da sua vice, Eliane Aquino? Sendo assim, Eliane seria candidata natural à reeleição? Você vê isso como uma boa ideia, do ponto de vista político?
FM - Como disse anteriormente, a decisão caberá ao governador no momento propício. Entendo que o PSD deverá ter candidato ao governo, mas será o agrupamento, liderado por Belivaldo, quem decidirá o nome.

JC - O grupo que dá sustentação ao governo Belivaldo permanece unido em 2022? Edvaldo Nogueira, Rogério Carvalho, Laércio Oliveira e o senhor são nomes que aparecem como possíveis candidatos majoritários. Será possível aglomerar todos esses nomes em uma só chapa?
FM - Espero que sim. São todos bons nomes com características bem diferentes. Se soubermos dialogar, podemos manter essa aliança que já provou ser vitoriosa.

JC - Com o posicionamento do PT na eleição municipal, como fica a participação do partido no governo estadual? A candidatura do Partido dos Trabalhadores à Prefeitura de Aracaju é indício de que a sigla pode deixar o governo Belivaldo mais adiante e apostar numa candidatura própria?
FM - O PT tomou um rumo próprio nessas eleições. Lançou candidatos em diversos municípios contra os candidatos do agrupamento. É um direito que eles têm, mas é claro que afasta e deixa sequelas. Espero que possamos superar isso.

JC - A troca na secretaria da ação social é um indício de que o governo está perdendo espaço no governo?
FM - Normal uma reforma administrativa após um processo eleitoral. Claro que para a sociedade pode parecer um rompimento ou um indício disso, mas, na verdade, é algo natural. O governador entendeu ser necessário mexer e assim o fez.

JC - Como o senhor avalia este ano de 2020? Qual foi o saldo para Sergipe? Quais foram os fatos mais importantes na política sergipana este ano? FM - Ano difícil com a pandemia. Muitas pessoas perderam suas vidas, muitas famílias perderam seus entes queridos, muitas empresas foram à falência, milhões de pessoas perderam seus empregos. No campo da política, o Congresso e o Executivo fizeram o possível pra atenuar os impactos econômicos, estruturar a precária rede de saúde do país e salvar vidas. Foi um ano duro pra todos nós. A política acabou ficando prejudicada do ponto de vista eleitoral. Foi a menor das preocupações da população, tanto que a abstenção bateu recorde. Precisamos rever esse quadro em 2021. Resgatar nossa credibilidade, o que não será fácil.

JC - O senhor já tem posicionamento sobre a eleição da presidência da Câmara? O PSD fechou questão? O senhor apoia o grupo do Rodrigo Maia ou seguirá o candidato do Planalto, Arthur Lira?
FM - O PSD fechou questão em torno do nome do deputado Arthur Lira. Não será um pleito fácil. O Rodrigo Maia é fortíssimo e promete ser uma eleição disputada.

JC - Quais serão as principais pautas da Câmara Federal para o ano que vem? Quais são os projetos que poderão ser desengavetados? A reforma tributária vai andar? A pauta de costumes, com projetos enviados pelo governo e deputados da base, que estava sendo freada pelo Rodrigo Maia, deve ganhar mais fôlego?
FM - Ano que vem ainda teremos uma pauta de combate à pandemia. Temos que enfrentar a reforma administrativa e a tributária. O país precisa voltar a crescer. Não acredito que a pauta de costumes seja priorizada nesse momento.

JC – Como tem sido a relação do Governo Federal com Sergipe?
FM - Muito boa. O governador Belivaldo é habilidoso e soube descer do palanque assim que as eleições acabaram. É hora de trabalhar por Sergipe. O momento de campanha passou e todos sabem os vencedores. O Estado tem sido bem tratado pelo Governo Federal. Política eleitoral a gente trata em tempo de campanha. Quando acaba deve ser gestão o foco.

|Por Max Augusto

||Foto: Ilustração