05/04/2021 as 09:43

ENTREVISTA

Eduardo Amorim: ‘Não precisaria ter isolamento, bastaria o distanciamento social’

Falando sobre política, Amorim confirma que pretende disputar uma vaga para o senado, no próximo ano

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Para o médico e ex-senador Eduardo Amorim, a pandemia escancarou a fragilidade do nosso sistema de saúde – especialmente em relação aos leitos de uti. Segundo ele, há muito tempo sergipe tinha esse déficit. Em entrevista ao Jornal da Cidade, o presidente do PSDB em Sergipe avaliou ainda que a politização atrapalhou e impediu mais avanços na imunização no país.

Falando sobre política, Amorim confirma que pretende disputar uma vaga para o senado, no próximo ano, atendendo inclusive a solicitação do presidente nacional dos tucanos, Bruno Araújo. No cenário nacional, o sergipano acredita que seu partido disputará a presidência da república, citando os governadores de São Paulo, João Dória, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como nomes que despontam no cenário. Confira a seguir a entrevista completa.

JORNAL DA CIDADE - O Enquanto médico, qual a sua avaliação deste cenário de pandemia que estamos enfrentando há pouco mais de um ano? EDUARDO AMORIM - Extremamente preocupante. Foram muitas vidas perdidas e, infelizmente, as projeções não são das melhores. A pandemia escancarou a fragilidade do nosso sistema de saúde, especialmente em relação aos leitos de UTI. Há muito tempo Sergipe tinha esse déficit. Mas faltou também investimento no melhor dos tratamentos, que é a prevenção. Já falei algumas vezes e repito que não precisaria ter isolamento, bastaria o distanciamento social. Porém, vejo muito pouco os governos na era da comunicação investirem em educação preventiva, principalmente relacionada à Covid-19. É preciso reforçar as mudanças de hábito e os protocolos sanitários necessários, como o uso da máscara e do álcool em gel, e evitar as aglomerações e tudo o que propicie a transmissão do vírus. Precisamos sensibilizar as pessoas de que esta doença é gravíssima. Vou citar aqui um exemplo de situação que precisa ser resolvida, que é a superlotação no transporte público. Mas para isso os governos têm que pagar parte dessa conta, ou terá que pagar a conta da UTI, que é muito mais cara.

JC - Poderíamos estar mais avançados em relação à vacinação?
EA - A vacinação é de suma importância e muito aguardada pela população. A esperança de que vamos superar tudo isso e viver dias melhores. Acredito que a politização atrapalhou sim e impediu que estivéssemos mais avançados na imunização em nosso país. Mas agora não adianta olhar para trás. É preciso união para que as vacinas cheguem e possamos ampliar cada vez mais a imunização e todos sejam vacinados contra esse vírus que tanto mal já causou.

JC - Que lição podemos tirar dessa pandemia?
EA - A principal delas é de que a nossa estrutura de saúde é muito falha. Mais de 80% da população não tem plano de saúde e precisamos de um SUS forte e eficiente. Precisamos deixar um legado após a crise. Precisaríamos deixar um hospital construído, mais leitos de UTI, uma estrutura que esteja pronta para atender a nossa população em casos como esse. Sei que fomos pegos de surpresa, mas poderíamos ter pronto um centro de diagnóstico por imagens para que o diagnóstico das doenças seja mais rápido e eficaz e atenda pacientes de Canindé a Tomar do Geru, além de hospitais mais bem equipados e estruturados.

JC - Estamos prontos para o pós-pandemia?
EA - Deveríamos estar. Mas lembre quando no ano passado as pessoas descuidaram das medidas de prevenção, pareceu que perdemos o medo e a doença se multiplicou e a nova cepa veio mais forte. A população deve sempre estar atenta, mas os governos devem buscar um legado dessa situação. Quando tudo isso passar, políticas públicas voltadas para a Saúde devem ser mais fortes. As pessoas também sofrerão de outras doenças como crises de pânico, insônia, depressão, ansiedade e precisamos estar prontos para atender a população. Além disso, precisamos contabilizar as pessoas que enveredaram em vícios como o álcool, drogas e o cometimento de crimes como violência doméstica. Ou seja, a Saúde é a área mais importante neste momento, mas não é só ela. Quantos homens e mulheres de família estarão desempregados, quantos empresários estarão falidos? O Governo Federal precisará criar uma ampla frente de trabalho com Estados e Municípios para que possamos discutir e criar estratégias para esse trabalho que não será fácil.

JC - O senhor, enquanto médico, qual sua opinião sobre o tratamento através de remédios como Cloroquina e Ivermectina?
EA - Para mim, esse assunto está superado. Não deveríamos, em meio a esta forte crise, ainda estar discutindo este tipo de coisa. Este é o momento de discutir campanhas de conscientização e educativas para que a população compreenda a necessidade do distanciamento, do uso de máscaras e álcool gel. Além disso, a vacinação é o remédio mais eficaz, precisamos de mais agilidade na distribuição e na aplicação das doses. w

JC - A executiva nacional do PSDB decidiu prorrogar o mandato de Bruno Araújo na presidência do partido. Como ficou a situação nos diretórios estaduais, especialmente em Sergipe?
EA - Fomos reconduzidos pela executiva nacional, e com apoio da estadual, ao cargo de presidente do partido em Sergipe por mais um ano. Isso é uma demonstração do nosso histórico de trabalho e compromisso com o povo. Após a pandemia, vamos seguir com o trabalho de reestruturação da sigla visando o próximo pleito. JC - O PSDB deve lançar novamente candidatura própria à presidência ou há possibilidade de composição? EA - Essa é uma decisão que será tomada mais à frente, por meio da discussão com os filiados. Agora, é fato que o PSDB conta com nomes preparados para conduzir o nosso país. Quando a crise do coronavírus passar, vamos retomar a esta discussão.

JC - Se o caminho for candidatura própria, há um nome de consenso entre os tucanos?
EA - É cedo para dizer, o momento é de construção para quem almeja disputar a presidência. E, caso não chegue ao consenso, o PSDB tem maturidade para realizar prévias e, democraticamente, escolher o possível candidato. Analisando o atual cenário, temos dois nomes despontando, o do governador de São Paulo, João Dória, e o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Mas outros nomes podem surgir.

JC - Limitando o cenário a Sergipe, quais cargos o PSDB pretende disputar?
EA - Essa é uma questão que só deve ser fechada no próximo ano. Neste momento, a nossa principal preocupação é contribuir para o fim da pandemia, discutindo medidas para isso. Após a pandemia, vamos trabalhar para atrair novos filiados ao partido para montar chapas fortes para a disputa da Câmara Federal e Assembleia Legislativa. Conforme o cenário for sendo desenhando, vamos dialogar com o grupo, avaliar e definir os caminhos que o PSDB deve seguir em Sergipe. O objetivo é apresentar bons quadros ao eleitor.

JC - Como Eduardo Amorim pretende se inserir nesse contexto de disputa eleitoral? Disputará proporcional ou majoritária?
EA - Estaremos sim disputando um mandato em 2022. Inclusive, conversei com o presidente Bruno Araújo, reconhecendo todo o nosso trabalho enquanto parlamentar federal e destacando a importância de uma pré-candidatura nossa ao Senado. Como sempre faço questão de dizer, estou à disposição e não fujo de desafios. Por isso, vamos trabalhar para fortalecer esse projeto. Mas, como disse, o momento é de pensar no combate à Covid, de buscar meios para que possamos lutar contra essa doença e fazer com que mais vidas sejam preservadas.