04/05/2021 as 10:42

SEM PRAZO

Governo tem R$ 100 milhões na conta e não conclui Hospital do Câncer

Segundo o ex-senador Eduardo Amorim, há mais de dez anos, governo estadual não consegue tirar obra do papel

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O ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) afirmou que o governo estadual já tem quase R$ 100 milhões depositados na Caixa Econômica Federal apenas para a construção do Hospital do Câncer de Sergipe, no Bairro Capucho, em Aracaju. “E se tivesse começado a obra, dinheiro não faltava”, lamentou, sobre o empreendimento parado há dez anos. Conforme Eduardo Amorim detalhou, Sergipe possui uma grande necessidade de construção desse empreendimento. Afinal, por ano, o Estado deve ter entre 10 mil e 12 mil casos confirmados de pacientes com câncer.

O quantitativo é considerado alto, pois a rede pública de saúde atual não suporta o cenário somado com a pandemia provocada pela Covid-19. De acordo com Eduardo Amorim, ao ser questionado sobre o andamento da obra, preferiu não falar de “incompetência” dos gestores e nem de questões políticas. “É inadmissível e incompreensível com uma necessidade tamanha! Quando passar a pandemia, ou se diminuir, quantos leitos a mais Sergipe vai ter para alguma coisa? Eu acho que nada, porque nenhum hospital está sendo construído”, criticou.

Uma década

Eduardo Amorim contou ainda que, em 2021, faz dez anos da primeira emenda de autoria dele que foi colocada para o Hospital do Câncer. “De lá pra cá, da última vez que vi, deve ter em conta quase R$ 100 milhões, sendo R$ 15 milhões de juros que já rendeu. Orçamentariamente falando, nós colocamos na época entre R$ 220 milhões e R$ 230 milhões. Já que não conseguimos empenhar todo o dinheiro porque o governo não fazia a obra, eu escutava direto: ‘Por que não manda para oura coisa? Por que não destina para outra área?’”, pontuou.

Segundo Amorim, durante os oito anos de mandato no Senado foram cerca de oito emendas para o hospital. “E eu não consegui empenhar tudo porque a obra não tinha começado porque se o governo tivesse dinheiro não faltava. Agora ele vai ter que terminar. Ou termina ou vai ter que devolver o dinheiro”, registrou. 

Para Amorim, caso o Tribunal de Contas do Estado ou o próprio Ministério da Saúde questione o andamento da obra, pode haver um prazo definido para que a construção do hospital consiga ter algum pontapé inicial. “Não existe um prazo para devolução do dinheiro. O prazo é o bom senso, a tolerância. Deveria ter, mas não tem”, apontou.

Barretos

Ao relatar a situação da obra e também lembrar os dez anos da primeira emenda, Eduardo Amorim acrescentou que diante da dificuldade da construção buscou outro caminho para que Sergipe conseguisse ter um hospital específico para o tratamento do câncer. “Em 2014 ou 2015, percebendo que não ia construir, conheci e conversei com Henrique Prata, do Hospital de Barretos. Ele tinha vontade de vir a Sergipe, pela história da família, trouxemos e fizemos outro caminho. Eu tinha duas alternativas: o governo constrói ou eu vou para o Hospital de Barretos. Trouxe para Sergipe, coloquei emendas, ele fez a clínica em Lagarto e depois a bancada conseguiu se unir para construir a unidade lá”, concluiu.

Hospital do Câncer

Segundo expôs o Governo de Sergipe, em material publicado no portal da administração pública, a expectativa é que o Hospital do Câncer possua completa infraestrutura de atendimento, diagnóstico e tratamento do câncer. Contará com os principais acessos (quimio/ ambulatorial/ radioterapia), atendimento de emergência (ambulâncias), internação hospitalar.

Será composto por 100 leitos de internação adulto; 26 leitos de internação pediátrica; 10 leitos de UTI adulto; 5 leitos de UTI pediátrica; 60 leitos de quimioterapia adulto; 14 leitos de quimioterapia pediátrica; 6 salas cirúrgicas; 24 consultórios médicos; 2, consultórios odontológicos; 1 acelerador linear; 2 raio X; mamografia; 2 laboratórios; agência transfusional; emergência; setor de fisioterapia; 2 salas de aula; farmácia; área de apoio a lavanderia; almoxarifado; e cozinha. Será composto ainda por de térreo e 4 pavimentos atendendo as salas cirúrgicas facilitando a integração entre pacientes e funcionários, sendo disponibilizados estacionamentos para uso da equipe médica/ funcionários e público/ pacientes.

|Por Mayusane Matsunae/Da equipe JC

||Foto1: André Moreira/Foto2: Ilustração