08/09/2021 as 08:15

ENTREVISTA

‘Fragmentação do grupo governista dará oportunidade ímpar à oposição’, Eduardo Amorim

Nesta entrevista ao Jornal da Cidade, o presidente estadual do PSDB, Eduardo Amorim, ratificou sua intenção de disputar uma vaga para o Senado

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Nesta entrevista ao Jornal da Cidade, o presidente estadual do PSDB, Eduardo Amorim, ratificou sua intenção de disputar uma vaga para o Senado, na eleição do próximo ano. Ele sabe que a missão não será fácil e reconhece que não contará com muitos prefeitos e lideranças, mas destaca: “Já vi quem dizia que tinha quase todos sair derrotado da eleição”. Ele ainda avalia que fez um bom trabalho durante o seu mandato de senador e que aprendeu com os equívocos cometidos nas últimas campanhas. Confira abaixo a entrevista completa que Eduardo Amorim concedeu ao Jornal da Cidade.

JORNAL DA CIDADE - O senhor confirma a pretensão de disputar o Senado em 2022?
EDUARDO AMORIM - Estou preparado para qualquer desafio. Conversei com meu partido e coloquei sim para a sociedade sergipana o meu nome à disposição para disputar o Senado. Quando estive no Congresso procurei honrar o nome de Sergipe, tanto que fui escolhido o melhor senador do Brasil, uma honraria não só para mim, mas para todos os sergipanos. Fiz o meu dever e hoje com muito mais maturidade estou ainda mais preparado para este desafio. 

JC - Depois de um período afastado da política e maior foco na medicina, o que o motivou a lançar uma pré-candidatura a mandato eletivo?
EA - Entender que posso contribuir ainda mais com o nosso Estado. A pandemia nos deu uma grande lição, mostrando toda a fragilidade do nosso sistema de Saúde, especialmente em nosso Estado, onde mais de 80% não tem plano de saúde. Portanto, se o hospital público não funcionar adequadamente pode significar, como vem ocorrendo, a diferença entre a vida e a morte. E a política é um instrumento precioso para ajudar a mudar tudo isso.

JC - Quais os equívocos cometidos em outras campanhas que lhe servirão de lição para 2022?
EA - Aprendemos muito. Estou com mais experiência, fruto do período de reflexão que tive logo após a conclusão do mandato no Senado. Retornei à medicina, fui atender as pessoas e ajudar a salvar vidas. Estou mais determinado e preparado para enfrentar os desafios da política. Além disso, tenho ainda mais conhecimento da realidade e necessidades do nosso Estado.

JC - O PSDB não se saiu bem no pleito municipal. Até que ponto isso pode atrapalhar sua pré-candidatura?
EA - Sei que não terei muitos prefeitos e lideranças, mas já vi quem dizia que tinha quase todos sair derrotado da eleição. Além disso, tenho a consciência tranquila de que quem realmente tem o poder de escolha é o povo.

JC - O senhor coloca o nome para o cargo de senador. Quem seria o candidato a governador na chapa?
EA - Ainda é cedo para definir isso. Mas uma coisa é certa: só terá o nosso apoio para governador quem se comprometer publicamente com as pautas que sempre defendemos, especialmente em relação à saúde pública do nosso Estado, que se comprometa em construir o Centro de Diagnóstico por Imagem, o Hospital do Câncer. Que se comprometa com a valorização dos servidores, em implementar a polícia nas divisas, garantir uma educação de qualidade. Não abro mão desses compromissos.

JC - Em relação à presidência da República, o PSDB vai mesmo apresentar candidatura própria? Quem o senhor defende que seja o escolhido: Dória, Eduardo Leite ou outro nome?
EA - O PSDB vem dando um exemplo de democracia ao submeter às prévias internas a escolha do futuro candidato a presidente da República pelo partido, como ocorre tradicionalmente em países como nos EUA. Dória, Eduardo Leite e Tasso Jereissati são nomes cotados e nós estamos dialogando com todos eles e, no momento certo, apresentaremos nossa decisão.

JC - O senador Alessandro Vieira colocou o nome à disposição para disputar a presidência da República. Na sua avaliação, essa précandidatura é para valer ou apenas um "balão de ensaio"?
EA - Cada um tem o direito de fazer suas escolhas e deve ser respeitado. A avaliação fica por conta dos cidadãos. E isso é o que determina a viabilidade ou não de uma pré-candidatura.

JC - O senhor tem defendido a união da oposição nas próximas eleições. Como estão as tratativas para viabilizar isso?
EA - Estamos sim dialogando constantemente com membros da oposição com o intuito de construir um projeto para 2022. Com a possibilidade de fragmentação do grupo governista, a oposição terá uma oportunidade ímpar de se reagrupar e fortalecer e, com isso, levar a esperança de um Estado melhor para todos os sergipanos. É isso que estamos buscando construir. Não dá mais para acreditar no marketing da mentira, acredito que nós sergipanos também aprendemos com a dor. Os homens e mulheres de bem têm o dever de lutar para mudar Sergipe.

JC - A Rede Record exibiu uma matéria sobre a obra do Hospital do Câncer que está paralisada. O que falta para que a unidade seja construída?
EA - Faltou prioridade, pois dinheiro na conta tem. Estamos completando dez anos da primeira emenda. Neste período, foram quase R$ 200 milhões destinados, por meio de sete emendas, porém boa parte foi perdida porque a obra não foi iniciada. Mas ainda tem recursos na conta, que inclusive já renderam mais de R$ 12 milhões em juros. Imaginem quantas vidas foram perdidas neste período por falta de um tratamento digno. Mas eu não vou abrir mão desse hospital. Seguirei cobrando até que ele seja construído e comece a atender a população.

|Por Max Augusto
||Foto: Divulgação