14/05/2022 as 11:30

ENTREVISTA

'Eu ainda me sinto um pefelista', afirma José Carlos Machado

Em conversa com o JC, o político afirma que o desemprego, a fome, a pandemia e os combustíveis caros vão afetar os governistas na campanha eleitoral deste ano de 2022

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Político habilidoso, ex-deputado federal, ex-deputado estadual, ex-vice governador de Sergipe e ex-vice prefeito de Aracalu, José Carlos Machado (PL), que vinha manifestando interesse em disputar uma cadeira na Câmara Federal, desistiu desse projeto e agora é pré-candidato a deputado estadual com 47 anos de vida pública, ele avalia que a proibição de coligações proporcionais pode ser fator decisivo para que renovação seja maior no parlamento do que em anos anteriores. Machado acredita que o desemprego, a fome, a pandemia, os combustíveis caros (inclua-se aí a inflação, como um todo) vão afetar os governistas na campanha eleitoral deste ano de 2022. Ele fala ainda sobre a polêmica divisa entre Aracaju e São Cristóvão e defende o diálogo para resolver logo esse problema do pagamento do IPTU.

JORNAL DA CIDADE - O senhor será candidatonas eleições deste ano? Vai disputar que cargo?

JOSÉ CARLOS MACHADO - Estou trabalhando para ser candidato nas próximas eleições. Antes da fusão entre os partidos DEM e PSL, eu pensava numa candidatura a deputado federal. Mas veio a fusão, a proibição de coligação foi mantida e a dificuldades aumentaram, principalmente para aqueles prováveis candidatos que não estavam no comando de uma legenda e não são detentores de mandato. Diante dessa situação, mantive muitas conversas com agrupamento de Valmir de Francisquinho. me filiei ao PL e no momento tento viabilizar uma candidatura a deputado estadual.

JC - O senhor concorda com aqueles que dizem que essa será a eleição da renovação? Ainda tem muita disposição para uma campanha e o exercício de um mandato, se for eleito?

JCM - Renovação sempre acontece em todas as eleições. Em maior ou menor intensidade. Nessa prevalece uma novidade que é a proibição de coligação nas eleições proporcionais. E pode ser fator importante para que a renovação seja mais intensa do que em anos anteriores. Tenho, sim, muita disposição para uma campanha. Claro que não é a mesma do passado. Agora, para o exercício do mandato, além da disposição tem o entusiasmo, experiência e uma vontade enorme de servir ao meu estado.

JC - Quais devem ser os grandes temas das eleições nas esferas federal e estadual nesta campanha? JCM - Os temas que dominarão as discussões devem estar relacionados necessariamente ao desemprego e ao crescimento da inflação. w JC - Desemprego, fome, pandemia , combustíveis caros, alimentos caros são temas que atingirão os governista?

JCM - Para mim está muito claro que o desemprego, a fome, a pandemia os combustíveis caros, alimentos caros serão temas importantes. Isso tudo vai afetar os governistas na campanha. Inclua a inflação, não é? É um dos problemas mais sérios que atinge hoje a população brasileira em especial a população de Sergipe, não é? Você imagine o que é um trabalhador viver no Brasil, viver em Sergipe com o salário de mil e duzentos reais. Ele vai ao supermercado hoje, gasta cento e cinquenta reais e na próxima semana já não consegue comprar o que comprou na semana anterior com os mesmos cento e cinquenta. O custo subiu e vai gastar cento e oitenta. São elevações semanais. E ainda tem que enfrentar contas mensais cm aumentos que atingiram ou atingem gastos com o gás de cozinha, água e energia. Então, é uma coisa impossível.

JC - Os candidatos proporcionais devem priorizar quais temas?

JCM - A desigualdade social em um país muito desigual, o desemprego são dois grandes problemas. A inflação, o desemprego e a desigualdade devem ser mais prominantes nas discussões políticas e exposições públicas doss candidatos proporcionais. Eu vou abordar esses temas com muita intensidade.

JC - O senhor é um político bastante experiente na disputa de eleições e no exercício de mandatos, além da presença no Executivo. Isso pode representar vantagem na disputa?

JCM - Acho que ajuda, mas não é tudo. O passado ajuda. Eu já fui deputado estadual, já fui deputado federal, fui vice-governador, ocupei cargos no executivo estadual, no executivo municipal e isso ajuda, mas não é só isso. Você precisa é durante todas as eleições se fazer entender pelo eleitor, dizer o que pretende fazer. Então, eu tenho como ensinamento isso. Foi João Alves quem me ensinou. Me disse por diversas vezes. que todo talento, toda capacidade de trabalho de um político que pretende exercer o mandato deve se voltar na busca de soluções pra resolver, sobretudo, os problemas dos mais pobres. É quem mais precisa de governo. Cabe ao governante olhar para todos, mas sua atenção deve se voltar mis para os menos favorecidos, a parte mais pobre da população.

JC - Começou na vida pública quando? Teve quantos mandatos de deputado estadual, federal? Foi vice? Disputou quantas eleições? Perdeu quantas? Foi eleito em quantas? Por quais partidos?

JCM - Comecei como secretário municipal da prefeitura de Aracaju em 1975. João Alves era prefeito e me convidou para ser secretário de obras. Aliás, naquele tempo não era nem Diretoria de Obras e Urbanismo. E de lá para cá já se passaram 47 anos. Até a morte de João sempre estivemos juntos, lado a lado. Fui deputado estadual por três mandatos, deputado federal por outros dois mandatos. Fui vice-governador e vice-prefeito de Aracaju. Todos esses mandatos, com exceção o de vice-prefeito de Aracaju, eu disputei pelo partido PFL, no início, depois Democratas. Só o cargo de vice-prefeito foi que eu disputei pelo PSDB. Mas, na verdade, eu ainda me sinto pefelista. Eu saí em 2012 para uma passagem rápida pra disputar as eleições pelo PSDB de vice-prefeito num acordo com meu partido em um acordo colocado em prática pelo então candidato a prefeito João Alves. Como João Alves era do Democratas e não apostava em uma chapa puro sangue, me filiei ao PSDB e fui indicado vice de João. Depois, tive uma rápida passagem pelo PPS e retornei aos democratas há três anos com a intenção e a missão de reorganizar o partido. Hoje estou no PL.

JC – O que o senhor tem a dizer sobre os limites de Aracaju com São Cristóvão naquela região da Zona de Expansão?

JCM - Tem uma lei que diz claramente que os limites de São Cristóvão com Aracaju é uma linha imaginária que nasce na foz do rio Vazea Barris e vai até um marco próximo de onde hoje está a usina de asfalto da prefeitura. Em 1989 os constituintes - eu fazia parte da Assembleia Constituinte - aprovamos uma emenda por sugestão de Jorge Araújo definindo um novo limite entre Aracaju e São Cristóvão. Passou a ser o Rio Vaza Barris. Mas não se adotou a providência exigida pela Constituição Federal, a realização de um plebiscito. Não se fez isso. Tomou- -se outras providências, como a definição de um termo de ajustamento de conduta etc. Aí a prefeitura de Aracaju passou a cobrar IPTU desses terrenos que originalmente pertenciam a São Cristóvão.

JC – E a polêmica já está de volta...

JCM - Aí vem essa polêmica toda, desnecessária. Se houvesse um entendimento com a participação de todos, em um plebiscito, tudo estaria resolvido. Não se pensou nisso. A prefeitura de São Cristóvão recorreu à justiça e agora o Supremo Tribunal Federal diz que a prefeitura de Aracaju não pode cobrar IPTU em terrenos que originalmente pertenciam ao município de São Cristóvão. O que fazer? Tem que prevalecer o bom senso. Conversar. Os prefeitos dos dois municípios e a Assembleia Legislativa poderiam resolver isso, mas via consulta popular. O problema atinge apenas uma pequena área. Dá para conversar e resolver tudo sem prejudicar a população O remédio para esse quadro, volto a repetir, deve ser o bom sendo.

 

Por Eugênio Nascimento