23/01/2023 as 08:37

ENTREVISTA

‘Sou aliado do governador, mas não sou da bancada do amém’, Samuel Carvalho

Socorrense, ele vem trilhando um caminho que pode o levar a um mandato de prefeito da segunda maior cidade do estado, tendo em vista as suas últimas votações.

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‘Sou aliado do governador, mas não sou da bancada do amém’, Samuel Carvalho

O deputado estadual Samuel Carvalho foi reeleito nas eleições do ano passado. Integrante da bancada que fez oposição ao governador Belivaldo Chagas (PSD), ele estará agora apoiando Fábio Mitidieri (PSD). Socorrense, ele vem trilhando um caminho que pode o levar a um mandato de prefeito da segunda maior cidade do estado, tendo em vista as suas últimas votações. Por enquanto, ele está arregaçando as mangas para assumir seu segundo mandato na Alese e promete ser um aliado do governador, mas com os pés no chão. Veja o que fala Samuel Carvalho nessa entrevista.

JORNAL DA CIDADE - Qual o balanço que o senhor faz do seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Sergipe?
SAMUEL CARVALHO - Um mandato muito positivo e que mostra que é possível sim fazer um bom trabalho mesmo sendo um novato. Consegui a aprovação de mais de 40 leis de minha autoria. Talvez eu seja o deputado com mais leis aprovadas e sancionadas na legislatura passada. Além disso, cumprimos o nosso papel de fiscalizador e fizemos uma oposição responsável ao governo Belivaldo, apontando os problemas e apresentando possíveis soluções.

JC - Os deputados estaduais também tiveram direito de destinar recursos por meio de emendas. Socorro foi beneficiada?
SC - Nossa Senhora do Socorro foi sim beneficiada com emendas de nossa autoria voltadas para a saúde, educação e infraestrutura. Mas nossa atuação não ficou limitada a Socorro. Encaminhamos emendas para diversos outros municípios, entre eles Propriá, Campo do Brito, Estância, Frei Paulo e Pinhão. Mandamos recursos para o Hospital de Amor, para o Cirurgia e para hospitais regionais, incluindo o Hospital Zé Franco. Buscamos atender o máximo possível de sergipanos com a destinação destes recursos.

JC - E quais as perspectivas para o próximo mandato, que terá início em fevereiro?
SC - A responsabilidade aumenta neste segundo mandato, mas tenham certeza que vamos trabalhar ainda mais para que o nosso Estado se desenvolva e possamos melhorar a vida dos sergipanos. Inclusive, já estamos estudando algumas possibilidades durante o recesso da Casa.

JC - O senhor é oposição ou situação à atual gestão do Governo do Estado?
SC - Hoje sou aliado do governador Fábio Mitidieri, mas já disse a ele que não sou do estilo “bancada do amém”. Ou seja, o fato de dar sustentação ao bloco governista não me impede de apontar o que não está funcionando e cobrar soluções, inclusive indicando caminhos, sendo propositivo. Mais do que o papel de deputado, é uma postura de amigo, pois um amigo não é aquele que bate nas costas e diz que você está certo quando você está errado. Eu vou dar minha opinião em alguns assuntos. Particularmente, aposto em Fábio Mitidieri na gestão do Estado e acredito que ele será um grande governador.  Um dos motivos que nos levou a apoiar Fábio Mitidieri no segundo turno e integrar a atual bancada governista foi ele colocar em seu plano de governo a importância de termos psicólogos e assistentes sociais nas escolas, um projeto que defendemos na Alese. Dei a ele esse voto de confiança e estaremos dando sustentação ao seu governo até o ponto que ele esteja cumprindo seus compromissos de campanha.

JC - Em relação à eleição da nova Mesa Diretora da Alese, o senhor apoia o nome do deputado Jeferson Andrade?
SC - Há uma tendência natural do deputado Jeferson Andrade ser o próximo presidente da Alese, praticamente um consenso entre os demais parlamentares. Dia 1º de fevereiro ocorrerá a posse dos deputados para a nova legislatura e teremos a definição de quem vai presidir a Casa pelos próximos dois anos.

JC - Na última eleição municipal o senhor surpreendeu e ficou em segundo lugar na disputa para a Prefeitura de Socorro, superando, inclusive, um ex-prefeito. Em 2024, Samuel Carvalho será candidato novamente no município?
SC - Há sim essa possibilidade de voltarmos a disputar o mandato de prefeito em 2024. Eu me preparei muito para ser prefeito, inclusive fiz uma pós-graduação em Gestão Pública com ênfase em Cidades Inteligentes. Na última eleição batemos na trave, obtivemos 29% dos votos, contrariando as pesquisas, que sempre me davam apenas 15%. Tenho um carinho especial e gratidão por Nossa Senhora do Socorro, mas cada dia com sua agonia. O momento agora é de pensar no mandato e assim a gente poder ajudar Fábio Mitidieri na sua gestão à frente do Governo do Estado a trazer os benefícios para o povo querido de Socorro e dos demais 74 municípios sergipanos.

JC - Foi firmada uma parceria entre o senhor e o deputado federal Fábio Henrique na última eleição. Essa parceria continua?
SC - O compromisso que eu assumi com Fábio Henrique foi para a eleição de 2022.

JC - O senhor deixou em aberto a possibilidade de disputar a Prefeitura de Socorro e o deputado Fábio Henrique já afirmou que será candidato ao mesmo cargo em 2024. Haverá diálogo para uma tentativa de novo entendimento ou teremos uma reedição de 2020 com os dois disputando o mesmo cargo?
SC - Como eu disse, ainda é muito cedo para confirmar ou descartar qualquer possibilidade. O que posso dizer é que a fórmula para perder todo mundo já sabe, que é só rachar a oposição. Eu comungo que o grupo de oposição ao atual prefeito deveria estar junto na eleição de 2024. Temos que ouvir as vozes das ruas, o sentimento da população e o agrupamento. Ninguém é candidato de si mesmo, como ouvi o deputado Fábio Henrique dizendo que é candidato a prefeito de Socorro. Eu respeito o posicionamento dele, embora acredito que esta não seja a maneira como se deve agir na política. É preciso muito diálogo e estar atento ao apelo popular para definir mais à frente o nome mais viável para o projeto.

JC - Como o senhor avalia a atual gestão do Município de Socorro?
SC - O problema que Socorro enfrenta hoje é justamente a falta de gestão, que faz com que a população tenha que conviver com a carência de serviços públicos de qualidade em todas as áreas. Sem contar que o atual prefeito, que está com seis anos de mandato, pode ser julgado e cassado este ano por abuso de poder econômico em sua reeleição. Particularmente não torço para destruição de ninguém, mas é um fato que acaba prejudicando muito na eleição esse uso do poder da máquina.

JC - E quais os principais problemas enfrentados pelos socorrenses, na sua avaliação?
SC - Temos um problema sério, que é saúde. Não adianta, por exemplo, construir uma nova Unidade Básica de Saúde se as demais não funcionam e as pessoas têm dificuldades para marcar uma consulta ou exame. É inadmissível, por exemplo, que se gaste milhões colocando asfalto em localidades onde não havia necessidade e deixar outras sem infraestrutura, como o Guajará, o Pai André, entre outros locais. Por isso, neste segundo mandato vamos continuar cobrando benfeitorias para o Município de Socorro em regiões que realmente precisam do olhar do poder público. Que venham novas obras, mas que o que já existe também receba a devida manutenção. Se olhar direitinho o que pode ser ajustado para evitar gastos desnecessários isso vai garantir uma economia de recursos que podem ser utilizados em algo que realmente impacte de forma positiva e melhore a qualidade de vida dos socorrenses.

JC - Faltam recursos para solucionar estes problemas elencados pelo senhor?
SC - Dinheiro não é o problema. Basta olhar que o orçamento anual do Município de Socorro para 2023 é de R$ 600 milhões, o que garante uma margem muito boa para o prefeito fazer o que é preciso para garantir obras e serviços de qualidade para os cidadãos. Acredito que o que falta mesmo é gestão e boa vontade para fazer o que é preciso para garantir benfeitorias para os cidadãos.