27/11/2023 as 08:59

ENTREVISTA

“Estamos empenhados em captar novos investimentos para o estado, com foco na atração de indústrias”

Geração de emprego e renda é o foco do atual governo de Sergipe. É o que garante o Secretário de Estado do desenvolvimento econômico e da ciência e tecnologia (SEDETEC), Valmor Barbosa.

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“Estamos empenhados em captar novos investimentos para o estado, com foco na atração de indústrias”

Geração de emprego e renda é o foco do atual governo de Sergipe. É o que garante o Secretário de Estado do desenvolvimento econômico e da ciência e tecnologia (SEDETEC), Valmor Barbosa. E nesta entrevista ao jornal da cidade Valmor diz que está focado na atração de investimentos e indústrias para Sergipe, apresentando o que já está confirmado – e quais são os planos para os próximos anos. Confira a seguir a entrevista completa com o secretário.

JORNAL DA CIDADE - Uma das promessas do governador Fábio Mitidieri durante a campanha eleitoral foi a promoção de emprego e renda para a população. Como a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) tem atuado neste sentido?
Valmor Barbosa - A geração de emprego e renda é um dos segmentos que mais recebem atenção do governador. Dessa forma, nós estamos empenhados em captar novos investimentos para o estado, sempre com foco na atração de indústrias, apresentando nosso potencial energético como um dos atrativos, e os benefícios ofertados por meio do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI). De janeiro até o momento, o Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) aprovou 23 empresas para receber os incentivos deste programa, com a perspectiva de gerar 1.058 empregos para a população sergipana. Ou seja, são novas empresas que irão se instalar em Sergipe, gerando empregos e trazendo investimentos que ultrapassam a marca de R$ 350 milhões. Além disso, estamos em fase de negociações avançadas com uma indústria calçadista, que planeja se instalar em um galpão industrial que está sendo reformado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise) em Carira. Também estão em andamento tratativas com uma cervejaria interessada em se instalar em Itaporanga d’Ajuda, assim como uma indústria especializada em fabricação de tratores, a Maquigeral. Todas essas empresas já têm protocolos de intenções assinados com o governo do estado. 

JC - Vemos que o senhor e Ronaldo Guimarães, presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), recebem, frequentemente, empresários que têm interesse em investir no estado. Qual é o nosso diferencial em relação aos outros estados?
VB - A questão energética, sem dúvida, tem atraído muita atenção para o nosso estado. Mas não focamos apenas nisso. Quando recebemos os investidores, apresentamos os benefícios concedidos pelo PSDI, que tem a missão de desenvolver o estado economicamente, oferecendo incentivos locacionais, fiscais e de infraestrutura. Durante as reuniões, muitas das quais contam com a presença do governador Fábio, detalhamos esses benefícios. Essa facilidade de contato que os empresários têm com a administração pública também é um diferencial de Sergipe, afinal, o governador faz questão de estar perto dessa pauta, pois ele acredita na força que tem a chegada de empresas e indústrias para o desenvolvimento do estado.

JC - Como tem sido o contato e a prospecção de novos negócios durante seu primeiro ano de gestão à frente da pasta do Desenvolvimento Econômico?
VB - Temos construído um cenário de oportunidades para Sergipe. Estamos preparando o estado para receber novos investimentos, sejam eles relacionados à área do petróleo e gás, como nas demais áreas em que temos vocação, como calçadista, área de alimentos, entre outras. Mas, além de receber empresas, temos ido a muitas feiras e convenções, no Brasil e no exterior, para mostrar que Sergipe é um lugar passível de grandes investimentos. Dentre os eventos, posso destacar o Sergipe Day, realizado na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) no mês de abril, o qual atraiu a atenção da indústria nacional para nosso estado. A nossa expectativa é a de realizar mais uma edição em março de 2024, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, uma cidade que é um grande centro de decisão do setor de petróleo e gás do país. Além disso, estivemos na maior feira de petróleo e gás do mundo, a Offshore Technology Conference 2023 (OTC), em Houston, nos Estados Unidos, no mês de maio, junto com o governador Fábio Mitidieri. Neste evento, fortalecemos parcerias e reforçamos que Sergipe é a nova e mais promissora fronteira do gás do Brasil. Outra participação importante aconteceu na 51ª edição da GasTech, em Singapura, em setembro, onde, junto com a Agrese, Codise e Sergas, dialogamos com empresários, agentes reguladores, mantendo contatos importantes para a nossa política energética. Em outubro, acompanhados pelo governador Fábio Mitidieri, participamos da OTC Brasil, no Rio de Janeiro, onde apresentamos, mais uma vez, as potencialidades de Sergipe para um público especializado. Em novembro, junto com o presidente da Codise, participei da Web Summit Lisboa, o evento mais influente de tecnologia, inovação e empreendedorismo da Europa. A participação nessas agendas mostra que Sergipe está se fazendo presente nos maiores eventos do mundo de atração de investimentos, fazendo contatos e lembrando a todo momento que somos um bom estado para se investir.

JC - Falando sobre o tema energético, qual a importância do projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP) da Petrobras, para o estado de Sergipe, e como Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sedetec) tem feito o acompanhamento desse projeto?
VB - O Seap terá a capacidade de disponibilizar ao mercado até 18 milhões m³/dia de gás natural e 240 mil barris de petróleo/dia quando o módulo de produção do sistema estiver em operação. Sem dúvidas será um marco para Sergipe e para o país, pois teremos um volume enorme de gás e petróleo, gerando royalties e, o mais importante, gerando emprego para a população, pois a indústria tende a se estabelecer onde há abundância de recursos como o gás. Sobre o acompanhamento do projeto, nós mantemos contato constante com a equipe da Petrobras para saber cada atualização do Seap. O governador Fábio Mitidieri e o senador Laércio Oliveira também estão atentos a todo o processo, inclusive, estivemos em uma reunião com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para tratar sobre o tema. O nosso papel é acompanhar de perto todas as etapas e informações relacionadas ao projeto Seap. Estamos atentos e comprometidos em fornecer todas as atualizações à população sergipana, visto que, é uma ação de extremamente importante para Sergipe.

JC - Além do SEAP, há outros projetos na área do petróleo e gás que estão em andamento no estado?
VB - A construção do gasoduto de transporte de gás natural e das infraestruturas de acesso necessárias para a conectar o Terminal de Armazenamento e Regaseificação de GNL da Eneva à malha da Transportadora Associada de Gás (TAG) está em fase de andamento. Esta obra é um avanço no processo de abertura e expansão do mercado de gás natural no Brasil, permitindo o acesso a uma importante fonte de suprimento para atender à demanda nacional de energia. Além disso, a Carmo Energy, empresa que adquiriu o Polo Carmópolis, da Petrobras, segue operando e com perspectiva de expansão. Em recente reunião com o governador, os diretores da empresa apresentaram o plano de desenvolvimento, desafios e ações. Também falaram sobre uma previsão de investimento de US$ 596 milhões até 2032 e sobre a receita de royalties distribuídos em 2023, que foi de R$ 57 milhões.

JC - O governo tem batido muito na tecla de modernização e ampliação do Terminal Marítimo de Sergipe (TMIB). Como a Sedetec vem atuando neste sentido?
VB - A Sedetec mantém diálogo constante com a equipe da VLI, empresa responsável pela administração do terminal, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de negócios. No início do ano, participamos de uma reunião na sede da VLI, em São Paulo, na qual estavam presentes o governador Fábio Mitidieri, o senador Laércio Oliveira, nossa equipe técnica e a diretoria da empresa. Durante esse encontro, foi debatida a importância de aumentar o volume de cargas, promover os serviços de empresas locais e expandir a infraestrutura do TMIB, pois entendemos a importância de criar as condições necessárias para que o estado possa contar com um porto capaz de suportar operações que atualmente não são viáveis.

JC - Além da atração de novos negócios, a Sedetec atua na área da ciência e tecnologia. Quais foram os investimentos feitos no ano de 2023 neste segmento?
VB - A Sedetec atua promovendo, além do desenvolvimento econômico, o científico e tecnológico de Sergipe, promovendo inovação e competitividade do setor produtivo nos territórios. Neste sentido, destaco as ações dos nossos órgãos vinculados, como a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica (Fapitec/SE), por exemplo. Até o momento, a Fundação lançou 22 editais nas mais diversas áreas e com inúmeras parcerias, incluindo a Secretaria de Educação, a Codise, entre outros. Nosso objetivo é incentivar projetos que contribuam para o desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação em Sergipe. Neste ano, também realizamos reajustes nas bolsas vinculadas ao governo do estado, por meio do Fundo Estadual para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funtec). Em março, anunciamos o primeiro reajuste, que variava entre 25% e 100%. Já no mês de agosto, o governador Fábio Mitidieri reajustou mais uma vez o valor das bolsas para editais e acordos firmados a partir daquele mês. Já o Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS), também ligado à Sedetec, ampliou a realização de serviços durante este ano. Até setembro foram realizadas mais de 98 mil análises laboratoriais e, aproximadamente, 53 mil fiscalizações. Além disso, em apenas 13 edições do ‘Sergipe é aqui’, o instituto disponibilizou 208 análises gratuitas de solo para agricultores familiares. Temos ainda o SergipeTec, que tem um trabalho ímpar no apoio a empreendimentos de base técnica e industrial e que desenvolve projetos em variadas áreas, como Tecnologia da Informação e da Comunicação, Biotecnologia, Energias Renováveis, Meio Ambiente e muitos outros.

JC - Para finalizar, gostaria de saber o que podemos esperar para o próximo ano no desenvolvimento econômico, na ciência e na tecnologia do nosso estado?
VB - Primeiro de tudo, muito trabalho. Pretendemos continuar no mesmo ritmo que em 2023. Vamos seguir apresentando o nosso estado e buscando a atração de investidores. Aguardaremos o desenrolar dos projetos que envolvem a Petrobras com muita expectativa, pois serão decisivos para Sergipe em muitos aspectos. Outro ponto que estamos muito empenhados e que será importante em 2024 é a reestruturação dos núcleos e distritos industriais no interior do estado. Estamos captando recursos nos governos estadual e federal que possibilitem a reforma dos espaços que já temos e a criação de novos núcleos ou distritos. É uma demanda constante dos prefeitos do interior sergipano e de empresas, e a estruturação desses espaços nos municípios é um objetivo do governador, que entende a importância da interiorização das indústrias. Também estamos empenhados na estruturação do Complexo Industrial Portuário. No momento, representantes de empresas, consultorias e gestores do governo estão participando de estudos para a materialização e definição das poligonais referentes aos dez municípios que compõem o complexo. Esses estudos visam definir as áreas do entorno que poderão receber investimentos, infraestrutura e serem mais adequadas à implantação de núcleos e distritos industriais. No âmbito da ciência e tecnologia estamos prevendo um aumento na aplicação de recursos. O Funtec, que gerencia a destinação para essa área, irá aplicar mais de 20 milhões, distribuídos em 12 ações, conforme está previsto na Lei Orçamentária Anual para o exercício de 2024.

|Por Max Augusto
|Foto: Divulgação