25/11/2024 as 09:11
ENTREVISTAO parlamentar considera positivo o desempenho do cidadania nas eleições municipais deste ano.
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A entrevista desta edição do Jornal da Cidade é com o deputado estadual e presidente do cidadania em Sergipe, Georgeo Passos. Nesta conversa, Georgeo faz críticas à Alese (“poucos debates, pouco brilho”) e ao governo do estado, citando fatores como as “festas e mais festas” promovidas com as melhorias na arrecadação e os “gargalos da saúde que permanecem”. O parlamentar considera positivo o desempenho do cidadania nas eleições municipais deste ano. Ele avalia a vitória de Emília Corrêa (PL) em Aracaju como “grandiosa”. Para Georgeo Passos, as conquistas na capital e interior evidenciam o sentimento de insatisfação da população com ‘o grupo que comanda o estado há décadas’ e fortalecem o seu agrupamento político, gerando expectativas otimistas para as eleições de 2026 – as quais ele já admite ser o foco atual do seu partido. “Será um marco histórico para os que fazem a oposição”, diz passos, que acredita ainda na ascensão do seu grupo ao poder executivo estadual em 2026. Leia sobre tudo isso e muito mais a seguir:
JORNAL DA CIDADE - Quais são as principais críticas da oposição ao governo atual?
GEORGEO PASSOS – São vários os pontos que precisam de melhorias e que deixam espaço para críticas da oposição. Lógico que nosso objetivo não é simplesmente criticar o que está sendo feito; não somos a oposição do “quanto pior, melhor”. Mas o estado continua melhorando a arrecadação, e o que tem sido entregue para o povo sergipano? Festas e mais festas. É só parar e observar: como anda a educação? A saúde? As ações sociais? O cidadão se sente seguro? Não há como a oposição estar satisfeita quando o Governo parece se preocupar muito mais com os shows e festas do que com o bem-estar da sua gente.
JC – Como a oposição planeja se articular para ter mais influência nas decisões políticas?
GP – A vitória nas eleições municipais de candidatos e candidatas da oposição este ano fortalece o nosso agrupamento. Podemos citar Emília Correia e Ricardo Marques, aqui em Aracaju, que venceram todo um sistema que queria se perpetuar na nossa capital. Lógico que isso faz com que novas perspectivas surjam para que pessoas insatisfeitas com o atual Governo comecem a nos procurar. Aí, com muito diálogo e muito bom senso, esse grupo vai se fortalecendo a cada passo que se dá, conquistando mais influência de decisão política no estado de Sergipe. Tenho certeza de que a próxima a eleição estadual será um marco histórico para os que fazem a oposição - como no meu caso, há dez anos. Mantendo a linha de combater o Governo Fábio hoje, bem como aqueles que o antecederam e que são seus aliados.
JC – Quais são os principais desafios que a oposição enfrenta para ganhar mais apoio popular?
GP – Com a vitória de Emília na nossa capital, as pessoas passam a acreditar mais nesse projeto de oposição. Não só com Emília, mas também os prefeitos e prefeitas do interior, que não têm alinhamento com o Fábio Mitidieri, e que, com certeza, fazendo gestões positivas em defesa da sociedade, fazem com que mais pessoas passem a vir para o nosso lado, demonstrando a insatisfação que se tem com o grupo que comanda o estado há décadas. Aracaju já deu essa resposta, vencendo o candidato do governador, do prefeito, de senadores, deputados federais, deputados estaduais. Os aracajuanos foram votar no segundo turno e decidiram pela primeira mulher a comandar os destinos da nossa capital. Não tenho dúvidas de que daqui a mais ou menos um ano e meio esse cenário vai estar muito favorável à oposição e, com certeza, também iremos conquistar o poder executivo estadual em 2026.
JC – Como o senhor avalia o desempenho do governo nas áreas- -chave como saúde, educação e infraestrutura?
GP – Na saúde, o Governo precisa melhorar – e muito. Inclusive, recentemente, fizemos mais uma fiscalização no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e, mais uma vez, encontramos corredores lotados de pacientes. O Executivo faz muita propaganda, mas, infelizmente, na área da saúde os gargalos permanecem, tanto na questão do Huse como na questão oncológica em Sergipe. Precisamos que o governador trabalhe cada vez mais. Na infraestrutura, percebemos, até pelos dados que a secretária da Fazenda trouxe recentemente para a Assembleia, que no quesito investimentos deste ano, em comparação ao ano passado, Sergipe teve uma redução de 22,3% nos investimentos. Com certeza, isso compromete a nossa infraestrutura, que precisa também ser melhor tratada e adequada. Um exemplo, que traz grandes prejuízos, é a rodovia Itabaiana-Itaporanga, que há anos espera ser concluída.
JC – Quais são os próximos passos da oposição para se fortalecer e aumentar sua representatividade?
GP – A oposição precisa, cada vez mais, dialogar e trazer para a sociedade o que ela pode fazer para melhorar a vida dos sergipanos. Este ano, a oposição teve uma grandiosa vitória na capital, demonstrando o sentimento de mudança que a população sergipana tanto deseja. Sem dúvidas de que, na próxima eleição estadual, esse sentimento se tornará também uma realidade no nosso estado, como aconteceu agora em Aracaju.
JC – Sobre o seu mandato, o que o deputado já realizou nesta legislatura?
GP – O nosso mandato sempre foi muito ativo, participativo e fiscalizador. Também, propondo diversos projetos aqui na Alese. Este ano, por conta da minha candidatura em Ribeirópolis, tivemos um ritmo um pouco mais lento neste segundo semestre, mas sempre buscando melhorias para o povo sergipano. Fizemos audiências públicas, ingressamos com ações na Justiça contra aquilo que entendemos ser ilegal – inclusive, alguns desses processos estão em andamento. Entendo que estamos sempre cumprindo com aquilo que a gente entende pertinente para melhorar a vida da nossa gente.
JC – E o que acredita que ainda pode ser feito? Quais projetos ou propostas o senhor pode adiantar para o leitor do JC?
GP – Sinto falta de uma Assembleia Legislativa mais atuante, essa é uma crítica que sempre faço. Acho que a Alese poderia crescer muito e se tornar realmente a casa do povo, onde as pessoas conseguissem respostas. Mas percebo, já há algumas legislaturas, que o Legislativo está um pouco distante, com poucos debates, com pouco brilho. E isso também faz com que o nosso mandato tenha que trabalhar cada vez mais para termos, junto com a população, o respaldo que a gente tanto busca.
JC – O senhor de vez em quando faz duras críticas sobre o andamento dos projetos na Assembleia Legislativa, algo mudou? Como estão os trâmites das pautas de votação?
GP – Com relação à tramitação dos projetos, hoje, pelo menos, as pautas são divulgadas com 24 horas de antecedência. Infelizmente, alguns projetos de autoria dos parlamentares que são mais complicados, com mais conteúdo, geralmente não avançam. Atualmente, o diálogo com o presidente da CCJ, com o presidente da Casa, é um pouco melhor do que era em outras legislaturas, mas ainda temos centenas de projetos que não foram pautados- projetos bons, de diversos parlamentares. Gostaríamos que fossem ao plenário e, se a maioria entender como positivos, que sejam aprovados. Não dá para deixar dentro das gavetas, e tem muita matéria nesta situação. Geralmente, reconhecimento de utilidade pública ou alguma manifestação que vá entrar no calendário oficial do estado acaba tramitando facilmente. Aqueles mais sensíveis e com maior peso, geralmente, ficam esquecidos nas gavetas.
JC – Com relação às eleições municipais, como avalia o desempenho do Cidadania?
GP – O Cidadania cumpriu com sua meta. Elegemos um prefeito, três vice-prefeitos e 29 vereadores em nosso estado – um número que nos coloca com um resultado satisfatório. Queremos manter esse crescimento na próxima eleição. Estamos organizando o partido para isso. Posso garantir que o Cidadania em Sergipe, comparado aos demais estados, se saiu muito bem. A ponto de no próximo dia de 30 de novembro, o nosso presidente nacional virá para Sergipe, dando um gesto de reconhecimento. Ele irá participar de um encontro que vamos ter na Assembleia Legislativa com os filiados e filiadas do partido, demonstrando o respeito que ele tem com o nosso diretório, em virtude dos resultados que apresentamos nestas eleições municipais.
JC – O Cidadania já realiza, ou se prepara, para atuação nas eleições de 2026? O que esperar do partido?
GP – O partido já vem se preparando, vem se organizando, depois desse resultado positivo na eleição municipal deste ano. Agora, o nosso foco está nas eleições de 2026. Em princípio, queremos montar uma chapa competitiva para a Câmara Federal, para a Assembleia Legislativa e, lógico, dialogar buscando a construção de uma chapa majoritária de oposição.