04/05/2018 as 08:47
Função exigida por lei federal vem sendo descumprida desde março de 2017.
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) está sem diretor clínico há mais de um ano. A função é exigida por Lei Federal e vem sendo descumprida desde março de 2017, quando o antigo diretor, Dr. Marcos Krugger, entregou o cargo. O Conselho Regional de Medicina (CRM/SE) é o órgão responsável pela realização das eleições para a função de diretor clínico, porém, até o momento não foi realizado novo procedimento.
Segundo Dr. Krugger conta, ele foi afastado da função de diretor clínico quando ainda faltavam sete meses para concluir o terceiro mandato. As eleições para diretor clínico ocorrem de forma direta pelos médicos da instituição, e Dr. Krugger assegura que em todas o qual fora eleito, o procedimento seguiu a lei, com a participação do Corpo Clínico e também do Ministério Público. Apesar de se tratar de uma função de responsabilidade, não tinha nenhum tipo de gratificação, segundo Dr. Krugger, para o diretor clínico.
“O atual secretário simplesmente desmontou a direção clínica. Ele desfez a sala e fiquei sem condição de trabalho. Na época eu procurei o Conselho Regional de Medicina, mas, fui surpreendido com a falta de posicionamento do mesmo, que não tomou nenhum tipo de providência, nem, sequer, se pronunciou”, revela o doutor.
Ainda de acordo com o ex-diretor clínico, após se afastar da função passou a ser perseguido e humilhado no Hospital de Urgência de Sergipe, local o qual trabalha até hoje exercendo sua função de médico plantonista.
“Fui afastado de um mandato obtido legalmente, e sai bastante entristecido porque o meu próprio Conselho não fez nada e até hoje não sei o motivo. Não procurei a imprensa porque parecia que todos estavam mesmo querendo silenciar a direção clínica. Eu procurei todas as autoridades e ninguém fez nada, então, abaixei a cabeça. Passei a ser humilhado e perseguido, porque até no estacionamento eu fui barrado, e saí. Depois disso me afastei para eleições em Aracaju, e quando retornei, apesar de fazer o meu papel no hospital na maior lisura do mundo, voltei para o pior plantão no hospital, o do final de semana, ao qual trabalho até hoje. Mas, simplesmente resolvi silenciar, porque meu próprio Conselho não se pronunciou. Sou profissional e preciso disso para sobreviver”, desabafou.
O Huse descumpre a Lei Federal há mais de um ano por não ter realizado novas eleições para o cargo de diretor clínico. A equipe do JORNAL DA CIDADE entrou em contato com o CRM para saber o motivo da não realização do processo de eleição, e o mesmo ficou de enviar respostas via e-mail sobre a situação, porém, até o fechamento desta matéria, não foi dado retorno.
De acordo com Dr. Krugger, a função de diretor clínico está diretamente ligada ao Conselho de Medicina. É o diretor clínico que deve apontar caminhos, verificar problemas, etc. “E foi isso que nós fizemos todo o tempo. Verificando caminhos, acionando o Ministério Público do Estado. Foram mais de 90 ações civis públicas, onde buscamos chamar atenção de gestores e dos órgãos de fiscalização para solucionar problemas do Hospital”, explica.
Conforme a Resolução do Conselho Federal de Medicina número 1.342/91 da Lei 3.999/1961, “a assistência médica nas instituições públicas ou privadas é de responsabilidade do diretor técnico e do diretor clínico, os quais, no âmbito de suas respectivas atribuições, responderão perante o Conselho Regional de Medicina pelos descumprimentos dos princípios éticos, ou por deixar de assegurar condições técnicas de atendimento, sem prejuízo da apuração penal civil”.