22/05/2018 as 08:47

Superlotação

Huse está com 80% acima da capacidade

O superintende do Huse, Darcy Tavares, colocou-se à disposição da equipe do JORNAL DA CIDADE para abrir as planilhas de medicamentos

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Após o JORNAL DA CIDADE receber denúncia dando conta da falta de medicamentos no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e procurar fontes na unidade de saúde para comprovar a situação, o depoimento da presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (Seese), Shirley Morales, chamou a atenção da equipe.

Nele, além dos relatos de algumas medicações em falta, segundo ela, pontuais, uma afirmação se torna preocupante e deve ser levada em consideração pelo corpo técnico do Huse, pelo menos a título de investigação.

                                                         

Trata-se do fato de que a Ala Vermelha do Huse, considerada um setor de estabilização para pacientes em situação grave, que, em tese, deveria abrigar 16 pacientes, está funcionando como um setor de internamento, chegando a ter em determinados momentos até 30 pacientes, ou seja, cerca de 80% acima da sua capacidade.

“A Vermelha hoje está funcionando como uma semi-intensiva, quando na verdade eles não poderiam estar ali internados. É quase como uma estabilização. Depois da triagem, eles migram para a UTI ou ficam internados lá. Hoje você tem de 25 a 30 pacientes, em média, internados, quando o número de pacientes deveria ser 16”, afirma Shirley Morales, após receber denúncias dos colegas enfermeiros que trabalham no Huse.
A sindicalista também chama a atenção para outro problema dentro da unidade: “O setor de catástrofe, que deveria estar livre para uma emergência, está abarrotado de pacientes. O principal problema hoje no Huse é a questão de dimensionamento de pessoal, ou seja, são muitos pacientes, é uma sobrecarga imensa, uma superlotação”, pontua.


Os dados são questionados pelo superintendente do Huse, Darcy Tavares, que até confirma pacientes acima da capacidade na Ala Vermelha, mas não na proporção apontada por Shirley Morales.


“Às vezes a Vermelha fica acima da capacidade, mas não nessa proporção. Esses dados oscilam muito, mas nunca vi nesse tempo que eu estou lá esse quantitativo de pacientes. Com relação à catástrofe, nós temos diminuído muito, chegando a não ter nenhum paciente. A catástrofe, em alguns momentos, conseguimos zerar esse número. O que posso dizer é que a resolutividade do Pronto Socorro melhorou muito”, explica o superintendente.

Retomando o tema central da denúncia, que seria a falta de medicamentos dentro da unidade hospitalar, Shirley Morales aponta para a ausência de alguns medicamentos, mas de forma pontual.


“Alguns, como xilocaína gel, que é um anestésico tópico, estão faltando, ou Nipride, que é um anti-hipertensivo, mas tem outros que substituem. Existe falta de medicamentos, mas não é o principal problema. Está faltando Heparina, mas até onde eu sei já foi comprada”, explica Shirley.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde, a falta de medicamentos se dá de forma pontual e, muitas vezes, está ligada à falta de matéria-prima das indústrias fabricantes.


“A gente trabalha com fluxo. Há falta? Não! Se há a falta de um outro, às vezes por conta até de matéria-prima de determinados fornecedores da indústria. Há um cartel de que não se vende para a rede pública para poder comprar via judicialização e aí eles botam no preço que eles querem. Generalizar para gente é complicado porque cada um tem sua história”, diz a assessoria.


O superintende do Huse, Darcy Tavares, colocou-se à disposição da equipe do JORNAL DA CIDADE para abrir as planilhas de medicamentos e também para conferir a questão da superlotação da Ala Vermelha in loco.