Novo perfil: idosos acima de 65 anos estão mais ativos

Expectativa de vida subiu de 45 para 78 anos em dez décadas - Foto:André Moreira/Equipe JC

Deixou de ser uma realidade os idosos acima de 60 anos reunidos em praças jogando dominó, ou a senhora em casa assistindo a televisão e fazendo crochê. Hoje em dia, os idosos estão ativos, cuidam da saúde, praticam atividades físicas e muitos também trabalham para sustentar filhos e netos. Há discussão, inclusive, entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) para alteração nas idades onde pessoas de 55 a 80 anos poderão ser considerados maturidade ou meia-idade, e somente a partir de 80 anos de idade ser considerado idoso. É o que se chama de “novo perfil” do idoso no Brasil, segundo a geriatra Juliana Santana.

Em Sergipe, o número de idosos chega a aproximadamente 200 mil, um número que tem aumentado, assim como a expectativa de vida, que em 100 anos subiu de 45 para 78 anos de idade. Atualmente no Brasil uma pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade, no entanto, de acordo com a Dra. Juliana Santana, esse número deverá subir.

“Hoje já tem a quarta idade, pessoas vivendo com 100 anos de idade. Aumentou a expectativa de vida, e as pessoas estão envelhecendo de verdade. O que percebemos é um idoso mais ativo em todos os sentidos. No cuidado com a saúde, na prática de esportes, assim como na questão social, porque muitos ainda trabalham, se aposentam, mas, buscam uma alternativa de trabalho, mesmo que seja voluntário”, destaca a doutora.

O percentual de idosos ativos é maior entre pessoas de 60 a 80 anos. Os que têm hoje mais de 80 são os mais dependentes. “São pessoas que não trabalharam porque tiveram muitos filhos, e hoje recebem apenas aposentadorias ou pensões e requer ajuda dos filhos. Mas, os idosos mais jovens, de até 65 anos, são pessoas que trabalharam e que se aposentaram recentemente, querem viajar e aproveitar a vida. A terceira idade pode ser uma oportunidade de manter sonhos e realizar desejos”, explica Dra. Juliana.

Por outro lado, há uma preocupação com o idoso do “amanhã”, já que em Sergipe as pessoas estão tendo poucos filhos ou nenhum. A taxa de natalidade no estado, segundo a geriatra, é de 1,8%. “Isso significa que as pessoas idosas terão poucos filhos ou nenhum. Então é necessário que eles sejam ativos. É necessário buscar ser independente e levantar a bandeira do envelhecimento saudável. Porque você não envelhece do dia para a noite. É um processo, você vai ser velho conforme o que você envelheceu. A gente pode ter uma pessoa idosa bem, com um físico muito bom, independente das pessoas para fazer qualquer coisa, com a cabeça boa, mente ativa, lúcida, capaz de gerir a própria vida”, cita.

Ainda conforme a doutora, no Brasil existe uma estatística de que sob a expectativa de vida de 78 anos, em 11 anos o idoso vive com incapacidade, o que significa que muitos vivem em torno de 67 anos de idade sem dependência, número considerado baixo. “Um idoso dependente não requer cuidados só de uma pessoa, mas sim de uma rede. A gente não sabe como será amanhã se as pessoas não entenderem isso. Precisa se investir na forma como você envelhece, porque senão vamos viver um estado de calamidade tanto na saúde, como na previdência social e outras questões”, ressalta.

Um fato importante destacado pela geriatra é o fato de os idosos buscarem sempre manter relações afetivas. Esse é um fator importante, segundo ela, para evitar que o idoso seja isolado da sociedade. “Umas das coisas importantes é ele buscar novas relações afetivas. A familiar estar sempre junto, buscar fazer novas amizades, formar grupos, participar de atividades, fazer cursos, para que você não fique fora da questão social e não acabar isolado. Você precisa buscar aumentar sua rede social. Eu considero muito importante o idoso estar incluso no mundo digital, porque hoje em dia isso é uma realidade”, disse a doutora Juliana.

No Espaço Ativo, localizado no bairro Salgado Filho, em Aracaju, acontecem diariamente atividades no Centro Dia atividades de reabilitação de pessoas idosas. Envolve tanto pessoas com algum tipo de patologia, como os idosos mais ativos e até mesmo os mais jovens, onde é feito o trabalho de reserva de memória. Esse é o único centro no país que realiza esse tipo de atividade com idosos. Durante a manhã desta quinta-feira, 12, haviam pessoas com mais de 100 anos participando de atividades com profissionais da saúde no local. Além daqueles que exercitavam a mente com o trabalho da neuropsicóloga.

Laís de Melo/Equipe JC