20/09/2018 as 10:12

Saúde

Doação de órgãos e tecidos ainda é baixa em Sergipe

Sergipe tem meta estipulada de 4,5, no entanto, nos últimos anos atingiu algo em torno de 3,1.

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Doação de órgãos e tecidos ainda é baixa em SergipeFoto: Reuters

O mês de setembro é o mês “Verde”, de esperança, para a doação de órgãos. O período serve para a intensificação de campanhas de conscientização de maneira geral, e está sendo aproveitado pelo Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para realizar debates entre profissionais sobre doações de órgãos e tecidos e também para debater sobre o novo protocolo de diagnóstico de morte encefálica.


De acordo com o médico cirurgião, Dr. Ychokenn Karlo, palestrante do debate ocorrido na manhã desta quarta-feira, 19, no auditório do HU, Sergipe é um estado com quantidade baixa de doações. Segundo ele, a meta brasileira para 2018 é de 16,6 doações por milhão de habitantes. Sergipe tem meta estipulada de 4,5, no entanto, nos últimos anos atingiu algo em torno de 3,1.


“Em números absolutos dá em torno de 6 a 8 doadores por ano. A gente sabe que em alguns estados esse número, por milhão de habitantes, chega a 38, inclusive no Nordeste, como no Ceará e Pernambuco, onde se tem um trabalho muito bom de doação, captação e transplante. É o que nós almejamos chegar”, explica o doutor.
O coordenador da Central de Transplantes de Sergipe, Benito Fernandez, ressalta que o “Setembro Verde” é importante para que a informação seja difundida, assim como os profissionais da saúde sejam capacitados para uma melhor atuação quanto ao diagnóstico de morte encefálica. Segundo Benito, esse tipo de morte está diretamente ligado ao processo de doação de órgãos.


“A morte encefálica é quando o paciente é acometido de trauma cranioencefálico, que leva a um edema encefálico, ou seja, o inchaço do encéfalo. Quando ocorre isso, o sangue não consegue chegar na cabeça, então as células não são oxigenadas e morrem”, explica o coordenador.


Ainda conforme Benito, o diagnóstico de morte encefálica é definido pela Resolução 2173 do Conselho Federal de Medicina, onde são exigidas duas variações clínicas e exame complementar.


“A família tem que ser informada que está sendo investigada a morte encefálica. Feito o diagnóstico se oferece à família a oportunidade de autorizar a doação de órgãos. O que a gente precisa falar para todo mundo, é que a gente precisa comunicar antes do evento morte, porque é um momento difícil, a família vai estar muito fragilizada, então quando a família já tem conhecimento que aquele ente querido se declarou doador, então isso facilita muito a autorização”, ressalta.


O doutor Karlo acrescenta que os profissionais em Sergipe sentem dificuldade em sentenciar a morte encefálica. Segundo ele, existem muitos pacientes em coma nos leitos de UTI ou área vermelha dos hospitais que sofreram a morte encefálica, no entanto, não foram diagnosticados.


“Existem vários pacientes que estão em morte encefálica e a equipe não se atenta a isso, não consegue suspeitar, investigar, e fechar o diagnóstico e concluir para a família que aquele indivíduo está em morte encefálica. A gente nota uma deficiência também grande na grade curricular das aulas desses profissionais. Vários médicos são formados, estão diante do mercado de trabalho e não conseguem fechar o diagnóstico de morte encefálica, inclusive tem algumas atualizações, como teve ano passado, com algumas peculiaridades que têm que ser estudadas, para saber lidar com esse tipo de paciente. E é o que estamos colocando aqui”, informa.