03/12/2018 as 11:10

Saúde

Dentes sisos podem provocar problemas graves: em 90% é preciso extraí-los

Eles podem provocar surgimento de cáries e doenças gengivais, até o desenvolvimento de cistos e tumores

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Dentes sisos podem provocar problemas graves: em 90% é preciso extraí-los

Mesmo quando não doem os dentes sisos - também conhecido como dente do juízo - precisam de muita atenção. Eles podem provocar uma série de complicações quando estão mal posicionados na boca. Os problemas vão desde surgimento de cáries e doenças gengivais, devido à dificuldade de higienização no local, até o desenvolvimento de cistos e tumores.


Os dentes sisos são os terceiros molares, localizados na região mais posterior da arcada dentária. Com a alteração da dieta dos seres humanos ao longo da evolução, esses dentes perderam espaço na mandíbula do homem moderno. Eles acabam nascendo muito tardiamente, aparecendo entre o final da adolescência e o início da vida adulta.


“A maioria das pessoas não têm espaço para que o siso se encaixe corretamente na boca, por isso muitas vezes esses dentes não se desenvolvem de maneira completa ou adequada, ficando inclusos ou apinhados”, diz o cirurgião bucomaxilofacial Dr. Thiago Santana.

A presença do siso mal posicionado geralmente resulta em dificuldade para uma higiene adequada dos dentes por falta de acesso, ocasionando o acúmulo de placa bacteriana e naturalmente gengivite e cáries. De acordo com o especialista, nos casos em que os sisos nasceram apenas parcialmente, a gengiva em volta deles pode não estar completamente aderida e acaba funcionando como uma bolsa retendo os alimentos entre o tecido e o dente. Se os alimentos não forem completamente eliminados, inflamam o local podendo até causar pericoronarite e abcessos. “Muitas vezes o paciente não tem dor intensa, mas reclama de incômodo na gengiva que recobre o local ou relata presença de um mau gosto na boca, que, em geral, pode estar sendo causada pelo vazamento de pus da gengiva à cavidade oral”, explica Dr. Thiago.

A colônia de bactérias que se formam nesta “bolsa gengival” pode provocar ainda problemas cardíacos; quando caem na corrente sanguínea e migram para o coração provocando endocardite - inflamação da membrana que reveste o coração internamente ou de suas válvulas - principalmente em pacientes com baixa imunidade.
Os sisos também podem desenvolver problemas ortodônticos. Isso ocorre quando os sisos pressionam os dentes vizinhos causando a perdas do alinhamento dos dentes. Em alguns casos, a força da sua erupção pode ser tamanha que chega a destruir o segundo molar devido à reabsorção do osso, ou seja, ele enfraquece o dente ao seu lado que pode amolecer e até cair. “A reabsorção é um processo lento e progressivo. Invariavelmente ocorre quando a pessoa passa dos 30 anos sem procurar ajuda profissional”, diz o cirurgião bucomaxilofacial.

Mesmo quando o terceiro molar ainda nem deu sinal de seu nascimento, é preciso investigação com exames de imagem de rotina, aconselha Dr. Thiago. De acordo com ele, há situações em que os dentes estão dentro da gengiva, abaixo do nível do osso da mandíbula e totalmente encoberto por tecido ósseo. Com o passar do tempo, os vestígios remanescentes (do embrião do dente que não nasceu) que nem conseguiram ser absorvidos pelo organismo podem se tornar cistos. “ Se não descobertos, os cistos podem atingir tamanhos que chegam a fraturar a mandíbula ou até se transformar em tumores”, alerta o especialista.

A Cirurgia
A extração do siso ou “dente do juízo” pode ser realizada quando os dentes já nasceram ou mesmo para dentes que não vão nascer. Ela é realizada por um cirurgião dentista ou cirurgião especialista em cirurgia bucomaxilofacial.

Não há uma recomendação sobre a idade. Mas, o momento favorável para extração do terceiro molar é entre os 16 e 18 anos, quando se formam as primeiras raízes dentárias e o dente ainda não erupcionou. Isso porque nessa faixa etária a formação das raízes desses dentes ainda não está completa, tornando a extração favorável e com melhor prognóstico. Entretanto, a cirurgia pode ser feita sem riscos em qualquer idade, desde que não haja contraindicações sistêmicas.