07/01/2019 as 10:56

Verão

Cuidado com a queimadura provocada pela água-viva

O ideal é lavar o local atingido com a própria água do mar ou vinagre.

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Cuidado com a queimadura provocada pela água-viva

Nossa terra brasileira, presenteada por extensa faixa litorânea, torna a procura pelas praias um item obrigatório de diversão das famílias durante o verão. Assim, não só os banhistas gostam das águas quentes do mar, como também as águas-vivas, que aproveitam o cenário e a época ideal para sua reprodução. E com elas os acidentes se multiplicam.

A queimadura provocada pela água-viva é proveniente do ataque de pequenas células presente nos tentáculos do animal, os cnidoblastos ou cnidócitos. Estas células parecem uma bolsa, guardam uma arma que auxilia as águas-vivas na sua defesa. O cnidoblasto é acionado assim que tocado e libera, de dentro dele, uma espécie de arpão que atinge a vítima, o “arpão” se chama nematocisto e apresenta uma quantidade de substância urticante que causa irritação e até paralisia em pequenos animais. Já no ser humano, o contato com a pele causa a explosão desta célula, liberando as toxinas, provocando as famosas queimaduras e a sensação de irritação.

Mas o perigo está apenas nos tentáculos. Estes bichos não possuem nenhum perigo quando tocados na parte de cima, que lembram um guarda-chuva, como na cena do filme “Procurando Nemo”, quando os peixinhos saem pulando sobre as águas-vivas e não sofrem nenhuma queimadura, até que a Dori acaba sendo tocada por um tentáculo.


Para atenuar os efeitos das queimaduras provocadas por águas-vivas, o ideal é lavar o local atingido com a própria água do mar ou vinagre. Essa ação removerá os cnidoblastos que não foram disparados e que possam ter ficado na pele, ainda sem lançar o nematocisto e suas toxinas. No entanto, se for utilizada água doce, a concentração desta água fará com que estes cnidoblastos, ainda não disparados, acionem-se, causando uma piora nas queimaduras. Assim, nem pense em colocar urina, álcool, água mineral e muito menos esfregar bastante o local.

Vale informar que, os tentáculos das águas-vivas podem inclusive grudar na pele e provocar lesões até mesmo para quem está prestando socorro. Dessa forma, é preciso ter cuidados na remoção dos tentáculos, nunca usando as mãos desprotegidas, sendo recomendado o uso de espátulas ou o lado não cortante da faca.


Após o tratamento inicial, a queimadura se apresentará como uma lesão vesico-bolhosa acompanhada de intenso prurido, além da dor, que pode permanecer por até 24 horas. Nesse momento, faz-se necessária a administração de corticoides tópicos, analgésicos e anti-histamínicos para minimização dos citados sintomas.

*Dr. Ricardo Araujo é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar. (http://ricardoaraujo.med.br)