15/04/2019 as 09:32
SaúdeA ausência destes dados não permite, por exemplo, traçar um perfil dos pacientes e também identificar os casos mais frequentes no estado.
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Apesar de existir uma rede de Atenção Psicossocial para atender pacientes com transtorno mental, o estado de Sergipe não possui dados sobre os atendimentos em saúde mental. A questão foi levantada justamente na semana em que se comemora Dia Nacional de Enfrentamento a Psicofobia, preconceito contra as pessoas que possuem transtornos e deficiências mentais, comemorado na próxima sexta-feira (12).
A ausência destes dados não permite, por exemplo, traçar um perfil dos pacientes e também identificar os casos mais frequentes no estado. Segundo a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial, Renata Roriz, a principal dificuldade enfrentada pelos pacientes e familiares é a desinformação. Por outro lado, ela destaca que “existe uma rede para atender esses pacientes. Os profissionais, não só de psicologia, atendem no Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como na atenção primária e realização de consulta especializada no Ambulatório”.
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que cerca de 12% da população brasileira precisam de algum atendimento em saúde mental, em números absolutos isso representa 23 milhões de pessoas.
Estima-se, ainda, que no Brasil 58% dos casos de esquizofrenia não recebem tratamento. De acordo com o projeto de Lei do Senado nº 74, de 2014 que, altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) é crime o preconceito contra pessoas com deficiência ou transtorno mental, com pena prevista de três anos para quem praticar injúria contra alguém com transtorno mental.
A psicóloga Márcia Lourêdo explica que é comum o preconceito contra pacientes que possuem alguma patologia mental. Segundo ela, “a maioria das pessoas não entende, mas se acha no direito de criticar e julgar os portadores de doenças mentais. Doença física tem apelo, comoção e ajuda (não estou dizendo que está errado), mas o doente mental tem tratamento diferenciado, muitas vezes é ridicularizado, como no caso de Fábio Assunção, ou é menosprezado e segregado”, destaca.
De acordo com os estudiosos e psicólogos a psicofobia pode prejudicar o tratamento, agravando a saúde mental. Márcia faz ainda um alerta para os riscos de não se dá a devida atenção à saúde mental. “Muitas vezes as pessoas deixam de procurar ajuda por conta do preconceito delas e de outras pessoas até próximas, o que impede que sejam tomadas medidas necessárias”, explica.
O simples fato da pessoa procurar o autoconhecimento para prevenção da doença mental já é motivo de descriminação, afinal, “psicoterapia é só uma conversa, não vou pagar para uma pessoa ficar apenas me ouvindo, sem me dar solução, ainda mandando eu refletir. ‘Procura ajuda psicológica quem é fraco’, são alguns dos comentários mais comuns e lamentáveis que muitos de nós, nem precisa ser profissional, escutamos diariamente”, lamenta a psicóloga.