30/05/2019 as 08:46

AIDS

Tratamento dobra sobrevida de pessoas

De acordo com o gerente do Programa IST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o médico Almir Santana, "existe pessoas com aids há mais de 20 anos".

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Tratamento dobra sobrevida de pessoasFoto: Jadilson Simões/Arquivo JC

O tempo de sobrevida de pacientes com HIV mais que dobrou no Brasil, conforme estudo divulgado pelo Ministério da Saúde. Cerca de 70% dos adultos e 87% das crianças diagnosticadas entre 2003 e 2007 tiveram sobrevida superior a 12 anos. Quando o ministério não ofertava o tratamento universal aos pacientes com Aids, a sobrevida era em cerca de cinco anos. Em Sergipe, 7.500 pessoas vivem com a doença. Em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são em torno de cinco mil.


De acordo com o gerente do Programa IST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o médico Almir Santana, em Sergipe também houve uma melhoria significativa na qualidade de vida das pessoas com Aids. Segundo ele, no início da epidemia o paciente morria com um ano após o diagnóstico.


“Eu acompanhei o início da epidemia e a média de vida era de um ano depois que a pessoa tinha o diagnóstico. Hoje tem pessoas vivendo com a doença há mais de 20 anos. Sem dúvida alguma o sucesso do tratamento é o responsável pela melhoria da qualidade de vida”, disse o médico.


O tratamento é fornecido aos pacientes via SUS. Uma parte é adquirida pelo Governo Federal, como os antirretrovirais, e Estado e Prefeituras disponibilizam os medicamentos para infecções oportunistas. “Quando a pessoa faz o teste e diagnostica a doença, faz mais exames complementares para ver a variação da carga viral, que é a quantidade de vírus no corpo, e também faz exames para verificar a variação da imunidade. Depois disso, é oferecido o tratamento, que é contínuo e não pode ser suspenso. Tem que ser usado corretamente, e são justamente os pacientes que não abandonam o tratamento que têm boa qualidade de vida”, explica Almir.


Pacientes que vão a óbito geralmente não estavam tomando a medicação corretamente, conforme afirma o médico. Ainda segundo Almir, cada medicamento tem um histórico e o paciente passa por restrições, a exemplo do consumo de bebida alcoólica, que não deve ser ingerida em alguns tratamentos.


“O álcool no fígado pode diminuir o nível sanguíneo do medicamento. E, além disso, quem bebe favorece esquecer de tomar a medicação. A interação do álcool com alguns medicamentos pode diminuir o efeito dos medicamentos. É necessário ter cuidado com o uso de anticoncepcionais. Cada medicamento tem sua história. O mais importante para o sucesso do tratamento é tomar as doses certas, nos horários certinhos. Esse é o ponto principal”, ressalta.


Sergipe tem o registro de 1.400 mortes pela doença no acumulado desde 1987. O doutor chama atenção de todas as pessoas sexualmente ativas para fazerem o teste de HIV ao menos uma vez por ano, visto que os sintomas da Aids, por exemplo, aparecem em outras doenças.


“Quando os sintomas aparecem já é um diagnóstico tardio. Toda pessoa sexualmente ativa precisa fazer o teste pelo menos uma vez no ano, independente de sintomas. Mas aqueles que têm sintomas, quando eles aparecem, são febre por dois meses, diarreia por dois meses e tosse. O quadro é mais ou menos esse”.