18/07/2019 as 19:15

SAÚDE DA MULHER

Métodos contraceptivos que vão além de prevenir a gravidez

Dra. Fernanda Torras fala dos tipos mais comuns e a importância do acompanhamento médico para avaliar qual o melhor para cada mulher

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Muito se fala sobre contraceptivos, mas as dúvidas sobre o tema existem na mesma proporção. São vários tipos, e saber qual é o mais indicado requer exame e muita expertise do especialista, que deve estar sempre atento às pesquisas e lançamentos da indústria farmacêutica. Os mais conhecidos são as pílulas, DIU e preservativos (masculinos e femininos).

Atualmente muito se fala do “Chip da Beleza”, que também tem sido indicado como contraceptivo, porém a Dra. Fernanda Torras, ginecologista, obstetra e mastologista, alerta que ainda não existe reconhecimento da eficácia desse implante para evitar a gravidez: “Os implantes de Gestrinona difundidos atualmente, não tem objetivo concreto para anticoncepção, variando de mulher a mulher a dose necessária e segura para garantir contracepção. Portanto, não há reconhecimento destes como implantes contraceptivos”. O único implante para contracepção reconhecido, comercializado e com alta taxa de eficácia é o implante de Etonogestrel (Implanon), uma progesterona de liberação contínua por 3 anos. Apesar de também ser um implante, ele não deve ser confundido com o "chip da beleza", pois não oferece resultados como ganho de massa muscular e redução de celulite, por exemplo.

Entre as mulheres, as pílulas anticoncepcionais são as mais usadas devido sua facilidade e disponibilidade, porém a grande variedade de classificações causa muita confusão e podem acarretar malefícios caso não seja bem prescritas. De acordo com a Dra Fernanda: “Existem muitos tipos de mulheres e cada uma com seu organismo, por isso é importante ter uma gama de medicamentos que se adequem a cada um. Por exemplo, uma mulher que apresenta risco de trombose, não poderá usar pílulas combinadas pois o estrogênio aumenta seu risco, mas poderá usar um DIU Mirena, um implante só com progesterona ou um injetável e progesterona”, esclarece.

No entanto, ela diz que os mais eficazes são os LArcs (Métodos contraceptivos de Longa duração reversíveis), pois não há risco de falhas por esquecimento, como frequentemente acontece com os anticoncepcionais, e também não sofrem influência de medicações em uso concomitantes.

Nesse método estã inclusos os DIUs não hormonais ( Cobre e Prata) ou Homonal de liberação de Progesterona (Mirena) e o Implante de Progesterona (Implanon), todos com finalidade contraceptiva de longo prazo e reversíveis, mas a forma de ação diferentes: “DIU Mirena, ou hormonal, é um dispositivo intra-uterino de liberação de Levonorgestrel, uma progesterona que, de acordo com efeitos intra e peri-uterinos, altera o muco cervical, impedindo a fecundação nas trompas, e implantação de óvulo fecundado no útero.”. Já o DIU de cobre ou prata causa um processo inflamatório (controlado e esperado) através da liberação de sais desses metais: “Esse processo inflamatório local intra-uterino, modifica a contração das tubas e impede que os espermatozoides sobrevivam, dificultando a gravidez”, diz. Já o Implanon libera Etonorgestrel em baixas doses diárias, com a finalidade de bloquear ovários, alterar muco cervical, alterar motilidade de trompas e impedir gestação com a menor taxa de falha entre todos os métodos.

Os métodos podem ser indicados para fins que vão além da contracepção: “A diferença para a indicação dos métodos depende do perfil da mulher, o que deseja em facilidade de tomadas, dificuldades em lembrar pílulas, uso concomitante de medicamentos que possam interagir com as pilulas e reduzir eficácia, desejo de menstruação ou bloqueio desta e objetivo em tratar doenças em paralelo. Por exemplo, o DIU de Cobre pode aumentar o fluxo menstrual e as cólicas todo mês. Já o Implanon e Mirena tem a tendência em amenorreia , que é a parada da menstruação durante os 3 ou 5 anos de uso. Para aliar ao tratamento de endometriose, por exemplo, usamos o Mirena ou Implante, que além de controlar a endometriose, faz anticoncepção”, explica.

Mas o importante é que, independente da finalidade, o médico seja sempre consultado para que haja uma avaliação completa da paciente. Esse acompanhamento é essencial desde a primeira menstruação. A primeira consulta ginecológica é de extrema importância para que muitas dúvidas sejam esclarecidas, especialmente quando a adolescente esta se preparando para iniciar sua vida sexual. É comum que as jovens conversem somente com amigas sobre esse assunto e comecem a tomar anticoncepcionais por contra própria, sem que a família tenha conhecimento e possa encaminhar para o especialista: “Há riscos na auto-medicação, pois a adolescente pode usar método que traz prejuízos como cefaleias, náuseas, alterações no colesterol, alterações hepáticas, além de métodos que, quando não usados corretamente, tem alto índice de falhas. O método anticoncepcional deve ser individualizado, após avaliação de especialista, exame clínico e histórico pessoal e familiar, além de ser fundamental a explicação por parte do especialista de como utiliza-lo”

E para as mulheres que ainda temem ter dificuldade em engravidar após a utilização prolongada de pílula ou DIU, Dra. Fernanda avisa: “É mito. Nenhum contraceptivo tem o poder de causar infertilidade definitiva. De acordo com o uso de alguns métodos, quando usados por longo período, dependendo da ação (por exemplo pílulas que inibem ovulação ou hormônios que causam atrofia-afinamento da camada do útero que descama e recebe o óvulo fecundado), pode haver maior tempo para recuperação do organismo em retomar a fertilidade, mas nunca dano definitivo”, afirma.