Uso indiscriminado da pílula do dia seguinte causa danos

Foto: Jadilson Simões/Arquivo JC

Muitas mulheres fazem uso frequente do anticonceptivo de emergência, ou pílula do dia seguinte, como é mais conhecido. O medicamento serve para evitar gravidez indesejada, no entanto o abuso das mulheres na utilização com frequência tem tornado o método um substituto oficial dos tradicionais, como o preservativo e os anticoncepcionais. O que muitas não sabem é que a pílula do dia seguinte só deve ser utilizada em casos de emergência, e não é indicado tomar mais de uma vez no mês.

Segundo explicações do gerente do Programa de IST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Dr. Almir Santana, a pílula do dia seguinte tem uma dosagem hormonal bastante elevada, muito maior do que outros anticoncepcionais. “O uso dela tem que ser plenamente indicado. O nome é pílula do dia seguinte, mas se trata de uma anticoncepção de emergência. Ela não é para uso de rotina”, salienta o doutor.

Ainda conforme Dr. Almir, o maior erro das mulheres é utilizar a pílula do dia seguinte constantemente, porque além de ter uma eficácia limitada quanto à interrupção de gravidez indesejada pode provocar irregularidade no ciclo menstrual, causando sangramentos, e também coloca a mulher sob risco de adquirir trombose.

“Trombose é a obstrução dos vasos sanguíneos, atingindo as pernas das mulheres, e podendo levar a outras complicações. Esse é um risco para quem toma anticoncepcionais hormonais como a pílula do dia seguinte”, explica Dr. Almir.

A utilização do remédio também é contraindicada para mulheres que fumam. “Cigarro e pílula não combinam. Assim como com álcool também não, pois ele diminui a absorção”, acrescenta.

Segundo Dr. Almir, jovens de até 18 anos de idade são as que mais preocupam atualmente. Geralmente, mulheres dessa faixa etária utilizam o medicamento escondido dos pais, sem qualquer orientação médica, além de estarem deixando de utilizar métodos comprovadamente eficazes para evitar não somente gravidez, mas também as doenças sexualmente transmissíveis.

“São as jovens que estão usando muito a pílula do dia seguinte, e principalmente por um motivo: muitas vezes elas estão tendo relações sexuais e os pais não sabem. Então elas tomam sem a orientação médica. Como é um medicamento não controlado e de fácil acesso, com preço acessível, muitas compram pela ideia, de prevenir a gravidez, mas esquecem que ela não previne as doenças sexualmente transmissíveis”, destaca.

Dr. Almir ressalta que o método mais indicado, com dupla eficácia, prevenindo gravidez e riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis, é a camisinha. “Não podem deixar de usar o preservativo. Esse é um dano muito sério, porque elas só se preocupam com a gravidez e não se preocupam com a prevenção. E eles revelam aqui que não usaram a camisinha, e ficamos preocupados com isso. Hoje temos cerca de 70 mulheres jovens com HIV, por isso que o método mais indicado é o uso da camisinha”, reforça.

Por Laís de Melo/Equipe JC