26/09/2019 as 12:07

Harmonização orofacial

Tratamentos ofertados por não médicos oferecem riscos à saúde

A popularidade dos preenchedores faciais e da toxina botulínica vem aumentando consideravelmente e realizados por profissionais não habilitados

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O preço da vaidade pode sair muito caro. A popularidade dos preenchedores faciais e da toxina botulínica (o famoso BOTOX®) vem aumentando consideravelmente. Isso porque esses tratamentos são mais simples, rápidos e quase sem períodos para recuperação quando comparados com as cirurgias convencionais.

Mas esses tipos de tratamento veem sendo executados por profissionais não médicos causando, em alguns casos, risco a saúde do paciente. Foi o caso da advogada Juliana Cavalcanti, de 40 anos. Segundo ela, seu rosto ficou com algumas manchas roxas após um procedimento chamado harmonização orofacial, realizado por uma profissional não médica. “Uma amiga fez e me indicou o tratamento, gostei do preço e fui fazer. Serviu para ela, mas em mim não. Encantada com o resultado da minha amiga nem procurei saber informações sobre a profissional. Fiquei nos primeiros dias com o rosto inchado, disseram que era normal, então fiquei mais tranquila. Mas depois vieram as dores no local das aplicações, hematomas e manchas. Fiquei desesperada e procurei um dermatologista”, comentou ela.

Esta semana a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgou um importante alerta à população sobre a oferta de tratamentos e procedimentos dermatológicos e invasivos por profissionais não médicos. O motivo do comunicado é a preocupação com a proliferação alarmante da oferta desses tratamentos. De acordo com a SBD, esses processos têm gerando insegurança, com a percepção oriundas de atos de relatos de dermatologistas sobre os atendimentos a pacientes com complicações oriundas de atos realizados por não médicos. Para a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Sergipe, a médica dermatologista Martha Débora Lira Tenório, que atua no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS) a escolha de um profissional devidamente habilitado é fundamental para o sucesso e realização dos procedimentos e técnicas adequadas. “Nesse sentido, para que sejam reduzidas as chances de efeitos adversos, é de extrema importância que os procedimentos sejam realizados por dermatologistas e cirurgiões plásticos, que têm conhecimento sobre anatomia, fisiologia e pele, e estão preparados para agir em situações de urgências e emergência. Os procedimentos da cosmiatria não são isentos de riscos e podem causar complicações”, explicou a médica.

Dentre os efeitos adversos possível estão: intoxicações anestésicas, anafilaxia, alergias, manchas, infecções, cicatrizes permanentes, hematomas, cegueira irreversível e acidente vascular cerebral, com risco de morte. É o que tem ocorrido com inúmeros pacientes que têm denunciado os riscos dos atendimentos feitos por profissionais não médicos. Para evitar exposição a estes problemas, a SBD recomenda à população que a indicação e a realização de procedimentos dermatológicos ou cosmiátricos invasivos sejam conduzidas apenas por médicos, de preferência dermatologistas ou cirurgiões plásticos com título de especialista reconhecido e registrado junto ao Conselho Regional de Medicina.