21/10/2019 as 16:10

O FALSO MILAGRE

Procon alerta população sobre medicamentos "naturais"

Vendidos como “naturais”, medicamentos possuem substâncias que causam dependência e até mesmo morte

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Em abril deste ano, uma mulher de 27 anos foi encontrada morta em casa, em Lages, Serra Catarinense. O médico legista identificou que se tratava de uma intoxicação causada pela ingestão de substâncias químicas. Segundo os familiares, a moça utilizava medicamento com substâncias supostamente naturais para o emagrecimento. Eles contam ainda que ela havia, de fato, emagrecido, contudo, se queixava de sintomas como secura na boca, tremulações, tontura e aumento da frequência cardíaca.

Após esse caso, os olhares voltaram-se preocupados para a comercialização de medicamentos naturais para o emagrecimento em todo o Brasil. O Ministério Público de Santa Catarina ingressou com sete ações civis públicas contra sites de comércio eletrônico, plataformas de busca e redes sociais com pedido liminar para coibir, em todo o Brasil, a venda de falsos fitoterápicos para emagrecer que, na verdade, contêm substâncias químicas que causam dependência e até mesmo a morte.

A venda é feita geralmente pela rede social e grupos de Whatsapp. Em Aracaju é muito fácil encontrar esse tipo de produto, que contém diversas marcas. Em uma delas o valor cobrado é de R$ 100 reais para uma caixa com 30 cápsulas, que podem durar um mês. Outras marcas consideram o produto um “regulador alimentar”, e a composição, segundo as informações repassadas por vendedores, é de linhaça, alcachofra, abacaxi, chia, maracujá, gengibre, psyllium, maca peruana, aloe e vera, marmelinho, garcínia e colágeno. O próprio vendedor, por sua vez, informa as reações adversas causas por este produto, sendo eles vertigens, tonturas, dores de cabeça, náuseas, dores no estômago, sonolência, insônia.

Segundo as investigações realizadas pelo MP de Santa Catarina, os produtos periciados foram Bio Slim, Original Ervas, Royal Slim, Natual Dieta, Yellow Black e Natuplus, e houve constatação de que não se trata de fitoterápicos, e sim de remédios que necessitam de registro na Anvisa, cujo consumo exige prescrição médica. As análises ainda demonstraram a presença de sibutramina, clobenzorex, diazepam, fluoxetina e bupropiona, medicamentos que só podem ser comercializados mediante receita controlada e prescrição médica, sendo os três primeiros, considerados psicotrópicos.

O Procon Estadual de Sergipe alerta à população para a compra não só desses, mas de qualquer medicamento comprado pela internet. “A facilidade e a praticidade que a internet proporciona têm estimulado a compra de diversos produtos, entre eles, o de medicamentos. Porém, o que poucos sabem é que alguns cuidados devem ser tomados no momento em que pretende se adquirir um remédio pela internet. Os sites que comercializam medicamentos no país devem pertencer às farmácias ou drogarias autorizadas e licenciadas pelos órgãos de vigilância sanitária competentes”, ressalta a diretora do Procon Sergipe, Tereza Raquel Fontes Martins.

Para a própria segurança, antes de realizar uma compra desse tipo pela internet, o consumidor deve verificar alguns requisitos. Por exemplo, os sites devem utilizar domínio “.com.br”; a página principal deve conter o CNPJ da empresa, horário de funcionamento, telefone, o nome fantasia e endereço completo da unidade responsável pela dispensa dos produtos. Além disso, é importante verificar se os produtos são aprovados pela Anvisa. É importante comprar medicamentos em farmácias conhecidas, e não comprar em sites que não exigem receitas médicas. Além disso, é importante verificar se os produtos estão lacrados.

“E atenção redobrada na compra de medicamentos vendidos na internet como “milagrosos”. Muitas vezes eles contêm substâncias proibidas no Brasil. Medicamentos são usados para tratar problemas de saúde e permitir que as pessoas que os utilizam restabeleçam sua saúde. Contudo, se forem falsificados, podem causar ainda mais problemas. Com isso é fundamental ficar atento às recomendações citadas”, reforça Raquel.

Denúncias, reclamações e esclarecimentos podem ser feitos pelo telefone (79) 3211-3383, ou pessoalmente na sede administrativa do Procon Sergipe, situada na Rua Pacatuba, Praça Camerino, 45, no centro de Aracaju.

|Reportagem: Laís de Melo

||Foto 2: André Moreira