23/10/2019 as 08:41

Hemose

Cerca de 80% do sangue é para o Huse

O sangue e as plaquetas possuem um prazo de validade e, caso não sejam utilizados durante esse período, devem ser descartados

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Todas as vezes que alguém se vê com um familiar internado e necessitando de sangue, uma grande comoção em torno dos amigos e familiares é realizada com o intuito de salvar a vida desse ente querido. Mas, o que as pessoas não sabem é que a dinâmica dentro do Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose) preenche critérios e normas que transcendem, muitas vezes, a vontade de ajudar.


Isso mesmo. O sangue e as plaquetas possuem um prazo de validade e, caso não sejam utilizados durante esse período, devem ser descartados. A doação ela é sempre bem-vinda, mas o ideal é que seja realizada de forma escalonada.


Por exemplo, o sangue, dependendo do anticoagulante e a forma como for guardado, dura em torno de 25 dias. Já as plaquetas, possuem um período de apenas cinco dias, o que se torna mais urgente e necessária uma coleta diária.


Para a assessora técnica do Hemose, a hematologista Lourdes Alice Marinho, é de suma importância que as campanhas em torno da doação de sangue sejam realizadas de forma constante, mas que as pessoas conheçam essa dinâmica.

“O importante é que essas campanhas sejam orientadas. Não adianta vir todo mundo de vez, porque se todo mundo vem junto, aquele sangue vai vencer todo de uma vez. Ele tem prazo de validade. O importante é vir, mas paulatinamente. Se mais pessoas chegarem distribuídas em dias diferentes, esse sangue vencerá em dias diferentes. É importante também que aquelas pessoas que possuem sangue negativo se conscientizem que o sangue delas é raro mesmo e que ela pode ajudar mais pessoas. Sempre tem a necessidade e nem sempre temos um estoque suficiente”, explica Lourdes Marinho.

Diariamente, o Hemose recebe entre 90 e 150 pessoas para doação de sangue, o que dá uma média mensal de algo em torno de 2 mil e 2,5 mil doadores. Mas, esse não é o único procedimento realizado dentro do Hemose, pois existe uma amplitude maior da assistência que vai desde a coleta e o processamento no banco de sangue, até o serviço ambulatorial e a agência transfusional. Esta recebe cerca de 400 pacientes por mês para receber sangue nas dependências do Hemose.


“A gente atende toda a demanda SUS do estado, inclusive o Huse, que é uma demanda muito grande. Em torno de uns 80% da nossa demanda vai para o Huse. Às vezes, as pessoas não entendem o motivo que nós ficamos orientando. Graças a Deus o povo sergipano é muito solidário. Não tem uma única vez que a gente peça e eles não venham. A gente sempre tenta orientar para essa vinda paulatina. A gente precisa de muita gente, mas de muita gente de forma orientada”, ressalta a hematologista.


Outra preocupação grande é com a doação de plaquetas, principalmente em tempos de surtos de dengue. A especialista explica como se dá o processo.


“Existe um processo chamado plaquetoferese que a gente consegue apenas retirar as plaquetas. A doação é feita por uma máquina onde se tira o sangue, colhe as plaquetas e coloca o sangue de volta. É um processo um pouco mais demorado, em torno de 1 ou 2 horas, e precisa de que elas não façam falta para aquela pessoa. Se eu tiro plaquetas hoje, dentro de três, quatro dias eu já estou apta a doar novamente. Não é como o sangue total. A hemácia demora cerca de 120 dias, mas ela demora muito mais para ser produzida”, esclarece Lourdes.


Existem normas nacionais e internacionais para a triagem de pessoas aptas a doar sangue, sendo que órgãos como o Ministério da Saúde e a Associação Americana de Bancos de Sangue são responsáveis por esse controle.


Seguindo esses critérios, estão aptos a doar: pessoas em boas condições de saúde com idade entre 16 e 69 anos e pesando no mínimo 50 kg. Além disso, o doador deve estar descansado e alimentado. Também fica proibido doar aqueles que tenham ingerido bebida alcoólica nas 12 horas anteriores. O Hemose está aberto de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h.