24/10/2019 as 09:00

Doença

20% dos casos de tuberculose afetam detentos

Em Sergipe, dos 636 registros da doença neste ano, 120 estão dentro de unidades prisionais

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Quando o assunto é a incidência de casos de tuberculose em Sergipe, os dados chamam a atenção para o elevado número dentro das unidades prisionais do Estado. Dos 636 registros da doença até o momento, 120 acometem detentos, ou seja, quase 20% dos infectados.
O montante parece pequeno quando se leva em conta a população carcerária sergipana, que atualmente ultrapassa os cinco mil presos. Mas, no universo total da doença, é um número que deve ser levado em conta.

“Gostaria de lembrar que a população prisional tem um risco 28 vezes maior de adoecimento do que a população geral. Quando a gente calcula a incidência da população em geral, por exemplo, no Brasil nós temos algo em torno de 34 por 100 mil de incidência. Quando você fala de população carcerária, isso passa para 900 por 100 mil”, explica a referência técnica para tuberculose em Sergipe, Heide Mesquita.

E alguns fatores contribuem para que a população carcerária se torne o principal grupo de risco dentre os demais. “Dentro dos presídios, as condições do espaço físico são ruins, são locais fechados, sem luminosidade, sem ventilação, o que propicia a transmissão de tuberculose, além do aglomerado de pessoas. Ambiente confinado e com muita aglomeração”, esclarece Heide.

Apesar desses números, um trabalho tem sido realizado dentro das unidades prisionais e trazendo resultados positivos na descoberta de novos casos da doença. Por exemplo, no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), o maior presídio do Estado, em 2018 e 2019, a incidência de contaminados pela tuberculose aumentou.

“Lá dentro, a coordenadora de tuberculose começou a realizar ações de busca e contato. Se você faz buscas, a tendência é aumentar. Isso não é ruim, isso é bom. Se você busca, você trata e quebra a cadeia de transmissão. Dentro do presídio, toda pessoa que contrair a doença os companheiros de cela têm que ser examinados”, alerta Heide.

Quando se detecta um preso com a tuberculose automaticamente ele fica isolado por 15 dias para que o protocolo de tratamento seja acionado.
“A partir do momento em que se inicia o tratamento medicamentoso os demais internos não correm riscos de serem contaminados, além disso a equipe do sistema prisional está trabalhando recentemente com educação em saúde para os internos e o protocolo institucional de tuberculose”, explica Genaldo Freitas, coordenador de reinserção da Secretaria de Justiça e da Defesa do Consumidor (Sejuc).

Para o tratamento de tuberculose, os medicamentos são fornecidos pelo Ministério da Saúde, que distribui para os Estados e estes realizam a destinação para os municípios de acordo com o número de casos catalogados.

O tratamento é feito de acordo com o Manual de Recomendações Para Controle de Tuberculose/2019, onde é realizada uma baciloscopia, Teste Molecular Rápido (TRM), raio-X e cultura em laboratórios municipais e no Lacen.

Caso o resultado seja positivo, faz-se a notificação compulsória e encaminha à vigilância epidemiológica municipal para o fornecimento de medicamentos e início do tratamento.


“A tuberculose possui um tratamento de seis meses que, se realizado de forma adequada, possui um índice de cura de quase 100%. Existem óbitos por tuberculose sim, mas o nosso índice de mortalidade ainda é dentro do estabelecido, neste caso menos de 5%. O nosso óbito fica em torno de 2,3 por 100 mil habitantes”, finaliza Heide Mesquita.

 

| Fotos: André Moreira