29/10/2019 as 17:21

AUTISMO

Nutricionista fala sobre a importância da alimentação no tratamento do espectro autista

Dieta com a base em vegetais pode ser essencial para o desenvolvimento de crianças autistas

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Conforme dados de uma organização ligada ao governo dos Estados Unidos, a Center of Deseases Control and Prevetion, existe atualmente um caso de autismo a cada 110 pessoas. Com base nisso, pode-se estimar que o Brasil possui cerca de 2 milhões de habitantes autistas. Um número expressivo. Será que todos conseguem encontrar tratamento adequado? Segundo a nutricionista Jaltaira Montalvão, a alimentação pode ser um fator de influência direta no tratamento do espectro autista.

O Transtorno de Espectro Autista (TEA) é uma síndrome que afeta vários aspectos da comunicação, envolvendo o neurodesenvolvimento dos indivíduos. De acordo com a nutricionista, o diagnóstico acontece geralmente até os três anos de idade, sendo necessária uma intervenção precoce para que o tratamento seja cada vez mais eficiente, tendo a alimentação uma ligação direta.

“Para falar do tratamento é necessário que a gente tenha em mente uma coisa: crianças autistas apresentam distúrbios gastrointestinais que podem gerar um processo de permeabilidade intestinal, que é quando o as células permitem a passagem de algumas moléculas para a corrente sanguínea. Se essa parede intestinal está com algum processo inflamatório, as células vão sofrer e adentrar à corrente sanguínea. Inclusive vírus, bactérias, proteínas. Essas substâncias vão gerar complexo, que vão atingir o sistema nervoso central, agravando cada vez mais os sintomas do autismo, como a agressividade e os distúrbios do comportamento”, pontua Jaltaira.

Com alimentação adequada, esse quadro de comportamento agressivo pode ser amenizado. A nutricionista cita a dieta mediterrânea, que tem como base os vegetais. “Introduzir frutas, legumes, bem como peixes de água salgada que são muito benéficos porque oferecem ômega 3, além de oferecer leites e derivados em pequenas quantidades. Atrelado a isso, a prática de atividades físicas é fundamental, bem como a água na quantidade certa”, disse.

Em contrapartida, os principais alimentos que devem ser evitados são os industrializados. “Todos os alimentos ultraprocessados devem ser evitados, como biscoitos, sucos de caixinha, achocolatados, que são alimentos que geralmente estão incluídos numa rotina diária de uma criança, mas que não deveriam estar, porque são ricos em açúcares simples, gorduras saturadas, e esses nutrientes no organismo aumentam a permeabilidade seletiva, ocasionando um aumento dos sintomas comportamentais também”, explica Jaltaira.

Ainda conforme a nutricionista, outro fator importante no desenvolvimento e introdução alimentar das crianças autistas é o entedimento dos pais sobre o processo. “A criança autista não aceita qualquer tipo de alimento. Ela é seletiva. Vai querer o alimento que possua o sabor que ela goste, o odor que ela se sinta confortável, e também pela consistência. Tem crianças autistas que não aceitam o alimento amassadinho, prefere a banana inteira, por exemplo. Então tem que conhecer as particularidades, porque apesar de existir uma diversidade de sinais e sintomas, mas, é muito variado. Cada criança vai apresentar esses sinais de uma forma diferente. É preciso conhecer a criança e a partir disso elaborar, de forma integrada, com os pais, como esse alimento vai ser ofertado. Tem que fazer também várias tentativas, de formas diversas, porque não é porque hoje a criança não aceitou determinado alimento, que amanhã ela também não vai aceitar”, conclui.

Veja o vídeo da live:

 

 

|Reportagem: Laís de Melo

||Fotos: Joyce Oliveira