07/11/2019 as 07:45

Surto

Microcefalia por zika: 4 casos em investigação

Após descoberta e surto da doença, em 2015, o Estado vem monitorando 188 crianças diagnosticadas

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

O saldo provocado pelo surto do zika vírus, no ano de 2015, foi devastador para diversas famílias sergipanas que puderam sentir, na pele, a dor de ter em suas casas uma criança acometida pela microcefalia decorrente desse vírus.


Ao todo, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) acompanha, ainda hoje, 188 crianças diagnosticadas com a doença. A microcefalia é um raro distúrbio neurológico que traz a malformação do cérebro, além de comprometer outros órgãos da criança. Este ano, quatro novos casos estão em investigação no Estado.


A microcefalia provocada pelo zika vírus também trouxe uma mudança drástica na vida das mães. Para se ter ideia da situação, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) revelou que, uma em cada três pessoas que cuidam de crianças com microcefalia, desenvolve quadro de depressão. De fato, enfrentar a doença tem sido uma barra.


Para a pediatra do serviço de microcefalia do Hospital Universitário (HU), Ana Jovina Barreto, a doença modifica a rotina dessas mães que necessitam de um acompanhamento psicológico intenso. Atualmente, o HU acompanha 76 dessas 188 crianças diagnosticadas e oferta o serviço de psicologia para um grupo de mães.


“A gente tem acompanhamento psicológico para algumas mães. Não conseguimos ter para todas porque são 76. O surgimento da síndrome mudou muito a dinâmica da família, trazendo algumas separações, as mães tiveram que assumir a casa como um todo, deixaram de trabalhar. Mudou muito a vida dessas mães, elas tiveram que parar as suas vidas para cuidar dessas crianças. Tem, sim, muitas mães com depressão”, explica a médica.


Logo no início do surto da doença, em 2015, eram diagnosticados entre 30 e 40 casos de microcefalia para cada 10 mil crianças nascidas vivas, sendo necessário a decretação, por parte do Ministério da Saúde (MS), de situação de emergência pública. Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também decretou situação de emergência na saúde internacional.

Ainda segundo a especialista, além do comprometimento encefálico, a criança pode apresentar comprometimento muscular e digestivo. Por se tratar de uma doença descoberta recentemente, ela informa que os especialistas estão aprendendo com essas crianças que hoje estão com quatro anos de idade.

“Das 76 crianças que nós temos, 73 são totalmente acamadas, apenas três caminham. Mas, não caminham com a independência de correr dentro de casa. As crianças estão fazendo quatro anos, a síndrome está completando quatro anos. Tudo completamente novo, aprendemos junto com ela. Era algo totalmente desconhecido até então. As crianças possuem completa dependência das mães, pois compromete o sistema neurológico”, aponta Ana Jovina.


Além do serviço oferecido pelo Hospital Universitário, o Estado também mantém o serviço em mais quatro locais, conforme explica a Referência de Gestão da Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência da Secretaria de Estado da Saúde, Alynne da Exaltação.

“Hoje, essas crianças vêm sendo acompanhadas, algumas no ambulatório de reabilitação do Hospital Universitário, tem crianças dentro dos Centros Especializados em Reabilitação, que nós temos três. As crianças estão distribuídas nesses quatro espaços, além do ambulatório da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes”, explica a gestora.

As crianças vítimas da Síndrome Congênita do Zika Vírus, que resultou em casos de microcefalia, são atendidas pela Rede nos seguintes pontos de atenção: Centro Especializado em Reabilitação CER II, que atende pessoas com deficiências física e intelectual; CER II APAE; CER II CIRAS e CER II Siqueira Campos, além do ambulatório Follow Up da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes.

A pediatra do HU chama a atenção para o combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, principalmente após os recentes casos de zika anunciados pela Secretaria Municipal de Saúde.

“A prevenção é contra as outras arboviroses como zika, chikungunya e dengue. Combater o mosquito que transmite essas doenças é fundamental, a ideia é combater o vetor. No caso de gestantes, é imprescindível usar o repelente, porque nós tivemos 50 casos de zika confirmados no estado. Então, o vírus está circulando. Se está circulando, as gestantes correm o risco de serem picadas”, finaliza a pediatra Ana Jovina.

|Texto: Redação do JC

||Foto: Divulgação