12/11/2019 as 17:06

TRATAMENTO INTERROMPIDO

Pacientes oncológicos sofrem com a falta de medicamentos com BCG

Único laboratório que produzia a medicação, foi interditado pela Anvisa

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O drama dos pacientes oncológicos com a falta de medicamentos é pauta constante. Há quase um mês, milhares de pacientes estão em risco, após ter seu tratamento de câncer da bexiga interrompido pela falta do remédio à base de bacillus Calmette-Guerin (BCG).

O câncer de bexiga atinge as células que cobrem o órgão e sofreram alguma alteração. O Instituto Nacional de Câncer estima que são 9.480 novos casos por ano no Brasil, sendo 6.690 em homens e 2.790 em mulheres.

Segundo o departamento médico do Instituto Oncoguia, os principais sintomas da doença são: urinar com frequência maior que a habitual; sensação de dor ou queimação ao urinar; urgência em urinar, mesmo quando a bexiga não esteja cheia; ou sangue na urina.

A maioria dos cânceres de bexiga atinge as células que compõem o revestimento interno.  Uma das formas de tratamento, é aplicação de medicamentos diretamente no órgão, através de um cateter, a chamada terapia intravesical. Como é um tratamento local, a terapia é usada apenas para tratar tumores não invasivos (estágio 0) ou minimamente invasivos (estágio I).

O BCG, bastante conhecido pela utilização na vacina contra tuberculose, é considerado a imunoterapia intravesical mais eficaz. A substância é aplicada na bexiga e provoca a descamação e reação das paredes da bexiga, afetando as células cancerígenas. Contudo, o Brasil está sem produção do BCG. A Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), laboratório que produz exclusivamente o medicamento no país, foi interditado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por questões sanitárias.

Sem nenhuma alternativa, os pacientes sofrem pela interrupção do tratamento. Norma Abdallah Jardim, 62 anos, foi diagnosticada em março de 2018. Em junho do mesmo ano, iniciou o tratamento com BCG. As aplicações deveriam ocorrer de no intervalo de 3 meses, mas foram interrompidas após a última aplicação em agosto de 2019. “Você fica angustiada pela falta do medicamento, pensando, vou voltar à estaca zero? A sensação de impotência é enorme” desabafa Norma.

Pacientes, clínicas e ONGs cobram um posicionamento do Ministério da Saúde, para que seja apresentada alguma forma de acesso à substância, seja pela liberação de produção para outro laboratório ou pela importação.

 

 


|||Fotos: Vencer o Câncer e Arquivo Pessoal