14/01/2020 as 08:29

Casos

Cresce o número de gestantes com HIV

Em 2019, o número de casos chegou a 744 em Sergipe, quase o dobro registrado no começo da década

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De acordo com o último Boletim Epidemiológico de HIV/Aids divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de mulheres grávidas com HIV no Brasil vem crescendo de 2008 para cá.

Para se ter ideia da situação, 6,7 mil gestantes foram registradas com HIV em 2008, representando 2,1 casos para cada mil nascidos vivos. Em 2018, dez anos depois, esse número passou para 8,6 mil, o equivalente a 2,9 casos a cada mil pessoas.
Analisando esse universo em Sergipe, em 2010 o Estado contabilizava 58 gestantes soropositivas. Atualmente, os números de 2019 apontam para 112 casos registrados, ou seja, de lá para cá quase que dobrou o número de grávidas com HIV.

Sergipe tem uma média anual de 75 casos de gestantes com HIV. O número de casos por ano é o seguinte: em 2010, foram 58 gestantes soropositivas; em 2011, 53; 2012, 53; 2013, 70; 2014, 63; 2015, 78; 2016, 89; 2017, 85; 2018, 83; e, em 2019, 112 mulheres grávidas foram diagnosticadas com a doença, totalizando 744 gestantes com HIV no intervalo de tempo de dez anos.
Para o gerente do Programa Estadual de IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o médico infectologista Almir Santana, é importante salientar que o fato de a mãe estar doente não implica que o bebê nascerá com HIV. Aliás, o pré-natal resguarda a saúde do bebê durante a gestação e também no momento do parto.

“É importante lembrar que nem sempre a gestante com HIV terá o filho com o vírus. Depende muito dos cuidados no pré-natal. A gestante não pode amamentar, o recém-nascido vai usar a medicação antirretroviral, geralmente o parto indicado é cesariana e a própria gestante faz também o uso dos medicamentos antirretrovirais”, explica o médico.


Em relação aos dados em Sergipe, Almir Santana acredita que houve um avanço muito grande no sentido de conter os números da doença no Estado. Por conseguinte, a identificação de pessoas, independentemente de estarem grávidas ou não, teve um aumento considerável. “O aumento também ficou por conta da maior realização dos exames, uma maior busca pelas gestantes”, aponta o gerente.

Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS) mostram que há ainda grupos mais vulneráveis que outros à síndrome. Em 2018, cerca de 56% dos casos de Aids foram registrados entre pessoas negras e cerca de 60% entre aqueles com até o ensino médio completo. O MS estima que o Brasil vive uma epidemia concentrada de HIV, o que quer dizer que 0,4% da população tem o vírus.


Para o Ministério da Saúde, as populações mais vulneráveis à infecção são homens que fazem sexo com homens, mulheres trabalhadoras sexuais, pessoas transexuais e usuários de drogas. A estimativa é de que 86% das pessoas infectadas estejam diagnosticadas e 78% estejam em tratamento, com meta de elevar ambas proporções para 90%.


O ministério trabalha também com distribuição gratuita e com campanhas para incentivar o uso de preservativos nas relações sexuais, que são a principal via de transmissão do vírus HIV. O MS pretende ainda zerar os casos de transmissão vertical e, para isso, em parceria com estados e municípios, incentiva a formação de pessoal para a realização adequada do pré-natal.

|Foto: Jadilson Simões.