29/09/2020 as 09:33

SAÚDE

Leitos de UTI: ocupação segue acima de 50%

Em relação aos leitos de enfermaria, estes também estão em escalada, ainda que de forma mais lenta

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Após mais de 30 dias de retração no número de casos e mortes relacionados com a Covid-19, as autoridades em Saúde de Sergipe retomam o alerta para o aumento do número de pessoas que ocupam os leitos públicos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência da doença. Para se ter ideia, a última vez que o Boletim Epidemiológico fornecido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) apontou uma ocupação de leitos de UTI de 37,2% foi no dia 23 de setembro.

Já no dia 24 de setembro, esse montante sofreu uma variação de mais de 13%, chegando a uma taxa de ocupação de 51,1% em apenas 24 horas. De lá para cá, o percentual permanece acima de 50%. Em relação aos leitos de enfermaria, estes também estão em escalada, ainda que de forma mais lenta. No dia 23 de setembro, a ocupação era de 31,5%. Atualmente, segundo o Boletim Epidemiológico do último domingo, 27, a ocupação já ultrapassa os 40% (40,8%).

De acordo com o representante do Comitê Científico da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o doutor Lysandro Borges, a permanência de anticorpo na pessoa infectada pelo vírus é uma questão que preocupa. “O maior desafio é verificar quanto tempo o anticorpo, o IGG, permanece naquela pessoa que já teve a Covid.

A Europa está mostrando exatamente isso, que a média de permanência seja de quatro a cinco meses, o que é uma grande preocupação. Essa segunda onda na Europa, para muitos, era inesperada. Para outros que estudam as pandemias, como a gripe espanhola que teve duas ondas, é natural”, explica o especialista.

Além disso, ele alerta para a possibilidade de uma nova onda de infecção, principalmente após a flexibilização e reabertura de diversos segmentos empresariais. “O mês de outubro será crucial, porque com a flexibilização em julho, agosto e setembro, e o tempo médio de duração do anticorpo de memória em torno de quatro meses, final de outubro é o tempo chave. Não sei se estão observando, mas em Minas Gerais, Pernambuco, Mato Grosso, Manaus, outros estados que estavam com nível em queda ou estável, está voltando a aumentar.

As pessoas têm vacilado muito, principalmente nos interiores. A gente tem visto o menosprezo pela máscara e pelas medidas de não aglomerar. As pessoas menosprezam o vírus, infelizmente”, pontua Lysandro. Ainda segundo ele, a recomendação recente do Ministério da Saúde (MS) pela restrição dos exames de anticorpos pode ser um problema ainda maior no combate à doença. “O Ministério da Saúde, a partir do início deste mês, solicita somente que seja feito o PCR ou antígeno nas pessoas e nos comunicantes. Isso é um grande problema, porque se eu não realizo os anticorpos, eu não consigo rastrear totalmente os indivíduos. Parece que o Brasil tem aquela ‘murrinha’ de fazer teste. É só o teste que vai conseguir dar o panorama da pandemia no nosso estado e no Brasil”, explica o professor.

A Universidade Federal de Sergipe, em parceria com o Governo do Estado e entidades privadas, tem realizado ampla testagem em diferentes públicos, a exemplo de 21 comunidades quilombolas e profissionais de diversas áreas. “Graças a Deus, o Estado fez uma parceria com a universidade e nós recebemos os testes rápidos, temos o recurso do Ministério Público do Trabalho para a realização do antígeno e conseguimos doação de grandes empresas como a Maratá, Atacadão, para a doação de cestas básicas em parceria com o Governo do Estado. As pessoas realizam o teste e ganha uma cesta básica. Na quinta-feira, 1º de outubro, será feito um drive-thru na BR-101 para testagem de motoristas. Professores e escolares serão testados em outubro e os idosos que estão em asilos”, finaliza Lysandro Borges.

Da Redação do JC
Foto: Divulgação